quinta-feira, 1 de julho de 2010

O preço de uma carteira

Esta história será revista por mim antes de sua publicação. Como envolve atos não muito lícitos de minha editora, terei que verificar se a verdade não foi alterada. Estávamos em fevereiro 1992 e minha filha tinha acabado de completar
18 anos. Tinha entrado na faculdade em São Paulo e queria levar seu carro para lá. Já dirigia sozinha desde os 12, 13 anos e agora iria tirar carteira. Já tinha passado na parte teórica e estava tranqüila no exame prático, pois dirigia bem, assim ela achava. Não contava com, segundo ela, aquele examinador.
Na hora de estacionar, ele deixou ela nervosa e derrubou a baliza, 1 ponto negativo. Saiu sem dar sinal, outro ponto. Passou no sinal amarelo, mas não passou na prova. Chegou em casa aos prantos. Não tinha como esperar o outro exame, que seria só dentro de um mês. Quando eu falei que o máximo que eu podia fazer era chorar junto, ela teve a idéia. Tinha um exame em Campo Grande e lá ela passava, pois o problema tinha sido o examinador que tirou ela do sério. Me convenceu de levá-la a Campo Grande. Tinha que ser no dia seguinte pois o exame era no outro. Eu, cheio de coisas para fazer, tive que largar tudo e saímos as 5 da tarde. Foi a primeira besteira. Eram quase 5 horas de viagem. Chegamos e fomos para o Hotel. Aí fiz a segunda besteira e peguei um quarto com duas camas e ficamos juntos. Jantamos e fomos dormir. Eu morto de cansado e ela super ansiosa. Quando por volta da meia noite, eu que estava dormindo profundamente, sou acordado com ela me sacolejando e dizendo que não conseguia dormir pois eu roncava muito alto. Fiquei muito puto nas calças. Que falta de consideração comigo naquela situação. Como era muito tarde, não falei nada, mas demorei para dormir. Cada vez que pensava no que estava fazendo por ela e no que ela tinha feito comigo, perdia mais o sono e quando quis brigar para passar a raiva e acendi a luz, vi que ela dormia profundamente. Deixei para o dia seguinte. A prova era às dez. Ela me acordou às oito. Antes do bom dia já falei:
- Porra meu, que sacanagem você fez com seu pai, que largou tudo e veio te trazer para essa merda de exame!
Ela fez a maior cara de assustada e disse:
- Você realmente estava cansado e não viu a missa metade. Você ronca muito alto. No começo pensei que não podia ser direto, senão Mamãe já tinha te largado. Como não passava, liguei para ela e fiz tudo que ela mandou. Meche no braço, faz ele virar de lado e foi de tentativa em tentativa e nada. Coloquei a cabeça sob o travesseiro, tentei até pegar outro quarto, quando não teve jeito e te acordei.
- Mas não podia ser de outro jeito? Tinha que me sacolejar como se o prédio estivesse em chamas?
- E não tentei? Comecei com paizinho, e a coisa foi aumentando. Não foi de repente assim não.
Com essas explicações eu me acalmei. Tomamos o café da manhã e fomos para o DETRAN. Quando chegamos lá e entregamos todos os documentos no guichê, mandaram a gente aguardar pelo examinador. Quando apareceu o artista ela branqueou:
- Arg! Não acredito. É o mesmo FdaP. Pede para trocarem.
Falou isso com o cara já respondendo:
- Você de novo!! Tinha que esperar os 30 dias para o novo exame.
Aí eu interferi e expliquei a situação, que ela já dirigia há muito tempo, que era boa de volante, tinha entrado na faculdade e que ele fizesse o favor de fazer o exame novamente. Ele concordou, ela assumiu o volante, eu no banco de trás e o examinador ao lado.
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Ela fez tudo errado de novo. O carinha só ia marcando. Virava a esquerda numa rua de mão dupla e fazia aquelas curvas de raio grande entrando na contra mão. Vi que não ia ter jeito e íamos perder a viagem toda e não só uma noite de sono. No final da prova o examinador virou pra mim e disse:
- Como o senhor quer que eu aprove uma motorista como essa?
Olhei pra ele e disse:
- Duzentinhos?
Ele respondeu que eu era irresponsável. Argumentei que ela estava nervosa mas que confiava nela plenamente, que ele podia ficar tranqüilo que não estava aprovando alguém que não sabia dirigir e sim não sabia fazer provas. Ele pareceu não se convencer e contra argumentou:
- Trezentos?
- Fechado.
Depois de tanta barbeiragem estava barato, eu estava disposto a ir até quinhentos!

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