Devia ter onze anos completados recentemente. Estava fazendo uma prova no colégio dos padres quando comecei a sentir alguma coisa estranha nas minhas bolinhas. Sai da prova e fui para casa. No caminho comecei a sentir muita dor e quando levei a mão "lá" quase morri de susto. Uma das bolitas tinha virado uma bola de boliche. Não conseguia mais andar. Tive que rasgar o bolso, era a do lado esquerdo, e com a mão por dentro do bolso fui segurando as pelotas. Cheguei em casa urrando de dor e Mamãe chamou papai que já chegou com o Dr. Lecio. Na hora que ele viu meu saco já diagnosticou:
- Urquite.
- Que diabo é isso? quis saber.
- Cachumba. Você não cuida e a coisa desce.
- E agora? Vou ficar com o saco desse tamanho?
Me tranqüilizaram, tomei injeção pra dar com o pau, quase literalmente, e fiquei bom. Assim pensava. Passados 8 anos, vou com meu irmão ao urologista. Ele ia casar e estava fazendo os exames pré nupciais. Antigamente era assim. Você ia
com certificado de garantia. O espermograma dele deu baixo e o acompanhei ao médico, meio preocupado, mas tentando brincar com ele, dizendo que ia levar pau no exame do dito. Mal sabia o que me esperava. O médico para acalmá-lo falou:
- Fique tranqüilo. Isso deve ser alguma infecçãozinha besta. Você nunca teve urquite, não é, porque aí sim a coisa é seria.
Quase cai duro. Eu tinha tido urquite. O quanto sério seria? Tentei filar a consulta e falei ao médico:
- Eu já tive urquite.
Ninguém falou nada, quando insisti:
- Ei, doutor Zuppo, eu já tive urquite. Sujou pro meu lado?
Ele pegou seu bloco de receitas e já pediu um espermograma para mim também. Na hora eu pensei que era o castigo por gozar, termo impróprio esse, com o Tontonio. Agora eu estava na linha de fogo e o Zuppo já tinha adiantado que com urquite a coisa era séria. Não deu outra. Saiu o resultado: infértil pelos padrões de não sei quem.
Fiquei doido. Tinha namorada. Meu filho já tinha até nome e de repente não vou ter mais filho. Aconteceu o primeiro fato do além. Mamãe, sem que ninguém contasse qualquer coisa para ela, me liga em São Paulo querendo saber com o que eu estava preocupado. Eu, sem entender o porque da pergunta, questionei a mesma, quando ela me respondeu que tinha sonhado comigo e me via preocupado e chorando, quando Jesus apareceu a ela e disse que eu estava chorando à toa, pois achava que não teria filhos e estava enganado, pois teria e vários. Queria bater no Tontonio que me jurava que não tinha dito nada a ela.
Amadureci com a dúvida se teria filhos. Ainda não sabia desse acordo que ela tem com o homem lá em cima, que se manifestou várias vezes ao longo de nossas vidas. Fiz tratamento de tudo quanto é tipo. Com 18 anos tomava doses cavalares de testosterona, hormônio que serve para melhorar desempenho sexual de velho de 70 anos e eu tomando aquilo com 18. Não era mole, nem ficava.
Depois mudei de médico e procurei um especialista na área. Dr Lineo Cordeiro, indicado por um primo e muito amigo que é médico, o Arnaldo. Com as respostas ao tratamento ele me tranqüilizou e falou:
-Tadeu, pode ficar tranqüilo que você respondeu bem a um tratamento. Quando você quiser engravidar alguém é só me procurar e fazemos esse protocolo. Você tem sorte porque sua mulher nem vai precisar tomar anticoncepcional.
Casei com outra, mudei o nome do primeiro filho sem ter certeza se o Dr. Lineo ia dar conta de colocar a bala na minha arma. Fomos para a lua de mel. Quando falei a Beá que não precisava tomar pílulas anticoncepcionais, ela não deu muita bola e tomou assim mesmo. Como a cartela ia acabar numa hora ruim, Dr. João Novis, tio dela, mandou ela emendar galopeira. Continua tomando que a menstruação não vem. Mas veio. Aí paramos tudo, mas tudo mesmo. As pílulas e .... também.
Quando voltou o céu de brigadeiro, no primeiro vôo, ela engravidou. Na lua de mel. Sem protocolo de Dr. Lineo. Mamãe não é fácil.
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