terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Confusões com Burrices

Durante a sua vida, você vê, ouve e faz muitas besteiras – e resolvi registrar as mais marcantes da minha.

Uma das mais inesquecíveis foi com meu irmão Tontônio, que com 38 anos fez uma ponte mamária. Em 1985, abrir o peito para mexer em seu coração era coisa ou de ficção científica, ou aquilo que acontece com os outros e não com alguém muito próximo. 
Como não tem nada que é ruim por inteiro, foi com isso que acabamos por conhecer e ficar muito amigos do Dr. Antônio Carlos Lopes. Quando ele estava para voltar da anestesia geral, o Antônio Carlos achou que seria conveniente ele ver um rosto conhecido, e me convidou para ir a UTI com ele. Estávamos no hospital Israelita Albert Einstein. Todo paramentado, avental e máscara, fiquei do lado escutando o primeiro diálogo dos dois, e foi mais ou menos assim:
– E aí, Zé Grandão (era assim que ele o tratava), tudo bem? Já terminou tudo. Você está novo e foi tudo muito bem.
O Zé olhou para ele e não falou nada. Olhou para mim da mesma maneira indiferente. Era ainda o efeito da anestesia.
O Antonio Carlos, não sei se preocupado ou se era o procedimento de rotina, perguntou a ele:
– Você sabe onde está?
Uns trinta segundos de suspense e veio a pérola:
– Sei... Hospital Adolf Hitler.
Saímos rindo da UTI e torcendo para que nenhuma enfermeira judia o escutasse.

De outra feita, estava no primeiro ou segundo ano de engenharia, era final da década de 60, e estávamos nos preparando para as provas do quarto trimestre. O companheiro de estudo era um japonês, Roberto, daqueles caras bem tranquilos e que topam tudo. Final do fim de semana, saco chegando na meia, por uma das raras vezes, ele falou:
– Puta, cara, amanhã é segunda e nem parece que tivemos um fim de semana. Estou exausto. Vamos pegar um cineminha light.
Quando perguntei que filme estava passando – e, para bom entendedor, isso deveria significar: o que você esta a fim de assistir? –, o japonês injuriou e respondeu:
– Caralho, você está estudando demais mesmo. Tem 200 cinemas em São Paulo e você me pergunta a sério que filme está passando?
– Porra, Roberto, quero saber que filme você quer assistir.
– Vamos para a Cinelândia (assim era chamada a região da São João, Ipiranga e Paisandú, que devia ter uns 100 dos 200 cinemas do japonês) e escolhemos um água com açúcar para relaxar.
Topei na hora, tropeçando no saco; pegamos um buzão para encerrar o fim de semana com um programinha light. No Exelsior estava passando um bang-bang, acho que "O dólar furado" e ele recusou, pois era muita violência.
No Marabá era o "Dr. Jivago", não quisemos ir pois de drama bastava a prova do dia seguinte. Fomos para o Paisandú e, de refugo em refugo, ora ele, ora eu, já ia ficando tarde, chegamos no último cinema do bairro e vimos o cartaz: "O bebê de Rosemary". Quando perguntei do que se tratava, ele respondeu prontamente;
– Deve ser esses águas com açúcar que nós queremos, que a mocinha engravida do namorado e no fim acaba tudo bem. Vamos nessa?
Era o perfil que queríamos e entramos n'"O bebê de Rosemary" para ver um água com açúcar.
Foi quando conheci o Roman Polanski, que quase me matou de susto e me fez tentar matar o japonês por três vezes.
Era o maior terror – suspense da época, estava comentado em todos os jornais, e só eu e a porra do japonês que não sabíamos disso. Era a história de uma mulher que se engravida na marra do – nada mais, nada menos – capeta. Saímos dez vezes mais estressados do que tínhamos entrado e por pura ignorância. Mas teve uma ainda pior.

Márcio Flávio é meu primo, filho da tia Elza, irmã caçula de Mamãe. Era um cara muito engraçado e companheiro de cinema dos finais de semana também. Num sábado, ele chegou me convidando para irmos assistir a "Romeu e Julieta".
Estava num daqueles dias de alto stress, e me refuguei falando:
– Puta, Márcio, larga disso. Baita dramalhão, os dois morrem no fim. Não tô a fim disso não.
Quase caí duro quando respondeu:
– Nem eu mais. Você acabou com a graça me contando o fim do filme. Puta sacanagem.
Quando perguntei se ele conhecia o Shakespeare, a resposta foi pior:
– Me estraga o cinema que eu estava louco para ver e me convida para comer uma merda que nunca ouvi falar.
Encerramos ali a conversa.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CORINTHIANS

Quando ele falou que ia ver a final da Libertadores, eu já fiquei meio injuriado. Sair de Corumbá e ir a São Paulo para ver uma partida de futebol era demais. A justificativa era que ele já tinha os ingressos e a Paty, esposa piracicabana, aproveitaria para ver os pais. O cunhado Zé Carlos, na época, achou que o Corinthians não chegaria à final, e por isso marcou uma viagem para a Grécia, e minha filha Laura não quis perder a viagem para o CORINTHIANS. Depois confirmei que foi confusão de datas, pois a outra alternativa não existia. Beto ia na cadeira cativa dele. Foi, viu e venceu. Já voltou de lá combinado com um bando de loucos que iriam para o Japão vencer o Chelsea. Vi que a coisa era séria pelos companheiros de viagem: só corinthiano fanático, desses de frouxar intestino em dia de decisão. O Levon, sogro da Laura, não vê jogo, fica dando volta na quadra e prestando atenção nos fogos. Para os nossos netos comuns, o primeiro presente dele sempre foi uma camisa do timão. Os netos, de 10 e 12 anos, irresponsáveis pela idade, não tinham como ver o tamanho da coisa. O irmão do Levon, o Bada, fanático igual. Zé Carlos, já injuriado porque uma merda de viagem para a Grecia o impediu de ver o timão campeão da Libertadores. Ninguém me tira da cabeça que ele foi o mentor dessa ideia. Quando vi quem era o Chelsea, time do Ramirez, David Luiz e agora o Oscar, os maiores craques da seleção brasileira, não pude deixar de pensar que iriam lá pra PQP, para tomarem no rabo. Era muita coisa para ver o seu timão ser surrado. Fiquei com muita dó deles todos. Ainda não tinha entendido a alma corinthiana – o que só aconteceu depois que fomos campeões. É, fomos, pois virei corinthiano também, agora definitivamente e da turma dos fanáticos. É impossível para quem gosta de futebol não se apaixonar por esse time. Era meio santista, sou da epoca de Pelé, meio vascaíno, neto de portugueses, e torcia para o CORINTHIANS para não ver o Beto sofrer com as suas derrotas. Quando havia confronto entre eles, torcia para o que estava melhor.
Com a ida para o Japão, o Beto comprou um chip telefônico japonês, e foi de repórter passando todas as notícias para a família toda.
Nós temos um chat, e tudo o que envolve a Big Famely é registrado ali.
Para os que acham que eu não tenho personalidade definida, pois onde já se viu um cara com 62 anos mudar de time, vou transcrever aqui o motivo dessa minha decisão, e deixar a pergunta: se alguém que ama seu filho como eu amo os meus, não faria a mesma coisa.
A coisa começou com uma piada que contei no chat assim que terminou o jogo, com o Corinthias campeão, pois a mesma representava muito bem tudo que tinha acontecido e era assim:
"Um cara estava dando carona para um padre na sua Ferrari quando a mesma pifou. Desceu e tentou arrumar.
A cada tentativa, ele falava um palavrão, do tipo: 'Puta que pariu', enquanto o padre rebatia: 'tenha fé, meu filho'.
Isso foi até que ele já tinha desmontado o motor da Ferrari inteiro, e no último 'filho da Puta', ele nao aguentou o 'tenha fé, meu filho', e falou: 'vá se foder, seu padre, e arruma essa merda você então'.
O padre entrou no carro, sem motor, colocou a chave na ignição, deu partida e quando o mesmo funcionou, virou pro rapaz e falou: 'Isso é fé, meu filho'.
O cara olhou pro padre e falou: 'vai ter fé assim na puta que pariu'."
E continuei com os comprimentos aos fanáticos.
"Corinthianos, sair do Brasil, viajar até o outro lado do mundo para ver o Corinthians enfrentar o campeão europeu, plageio o dono da Ferrari e digo: 'vão ter fé assim na puta que os pariu'.
Parabéns, torcedores do timão."
Aí, a Laura perguntou:
– O que foi mais emocionante, Betão? Libertadores ou hoje?
Aí o Beto deu a resposta que me tornou um corinthiano legítimo, e a transcrevo integralmente:
"Hoje a tensão foi acumulada de todos esses dias de viagem. Mas quanto à nossa fé foi o que papai falou... É difícil explicar pra quem não é Corinthiano, mas mesmo assim eu vou tentar. Falar que viemos aqui pra ver o Corinthians ser campeão não é verdade. Ver o Corinthians ser campeão eu vejo pelo TV super contente! É muito legal ver ao vivo mas não é motivo pra tamanho sacrifício. Nós viemos pra cá pra fazer o Corinthians ser campeão. E fizemos!!"
Isso não é ser fanático. Isso é, simplesmente, acreditar. Isso é pura fé.
VIVA O CORINTHIANS.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Primo e primos

Dirceu é meu primo preferido, quase irmão. Filho de minha madrinha, tia Dirce, irmã de papai. Fomos criados juntos e ele é quase um ano mais velho do que eu. Todas as sacanagens do início da puberdade, aprendi com ele. Dançar, a primeira vez, foi com ele, ao som de Maysa, a gata mansa, cantando "de cigarro em cigarro", aquele bolerão de dois pra lá, dois pra cá. Dividíamos até namorada. Amigo do peito até hoje. Seu telefone ficou inesquecível, da maneira com que ele me passou os números da primeira vez:
 Escolhi pensando em você.
– Por quê, pneu?  Esse era o apelido de nós dois por causa da rima dos nomes (Dirceu, Tadeu, pneu).
 É composto pelos quatro primeiros números PRIMOS, e como sou seu primo preferido você nunca vai esquecer. XXXX-1357. Gostou?
– Vou até guardar, pneu, mas tenho que esquecer a regra ou vou telefonar para XXXX-1235.
Demorei uns cinco minutos para convencê-lo de que esses eram os quatro primeiros primos, pois o 2, apesar de ser par, só é dividido por ele mesmo e pela unidade, o que é a definição de número primo.
Temos muitas coisas em comum, até a falta da primeira falange do indicador. A diferença que a minha é da mão esquerda e a dele é da direita, mas isso porque sou destro e ele canhoto. Empatamos novamente. Ele me contando como foi que aconteceu o acidente  apesar do terror do fato, foi muito engraçado e eu não consegui parar de rir durante o relato todo. Numa das casas de tia Dirce, que hoje é o escritório da distribuidora; a porta de entrada tinha 3,40 metros de altura e, antes da reforma, vivia emperrada. Pediram para que ele desse jeito, e ele resolveu fazer um diagnóstico para saber se o problema era de fechadura ou dobradiça. Para abrir foi um parto, e na hora de fechar ele pegou a fechadura com a esquerda e enfiou o dedo indicador no vão entre o batente e a porta. Puxou com toda força e, quando sentiu aquele choque, achou que tinha pego só a carne e cortado aquela ponta gordinha do dedo. Como esguichava muito sangue, enrolou um pano na mão e foi dirigindo para o hospital. Contava isso como um ato de maior coragem. No hospital que ele viu que a coisa tinha sido mais séria. Após a cirurgia, a primeira coisa que fez foi voltar ao local fatídico. Abriu a porta e caiu uma coisa no chão. Quando olhou, teve que se sentar na calçada e chamar alguém para ajudá-lo a levantar da rua. Levou um puta susto com a sua ponta de dedo caída no chão, apontando para ele. Afrouxou as tripas na hora.
Outra história engraçada dele, foi quando falou que não viajaria mais de carro com seu filho, o Marcão. O bicho era louco e só andava voando. Antes de criticar, resolvi questionar de qual velocidade ele falava, e quase cai duro com a resposta:
– Não anda a menos de 100 por hora. 
– Porra, pneu, na cidade ou na estrada?
– Na estrada, lógico. As vezes vai a 130.
– Cacete, e a quanto você anda quando vai para Campo Grande?  ele tem uma Hilux que usa para entregar seus mármores.
– 70.
– Você que é louco, andar a 70 nessa estrada. Caminhões vão tudo a mais de 100. 
– Você nem parece engenheiro. A velocidade MÁXIMA é 80. Nunca se deve andar no limite. Tem que ter uma margem de segurança. Depois, tenho um puta de um retrovisor e vou o tempo todo de olho nele. Pintou caminhão, eu vou para o acostamento. 
Não tinha mais argumentos. O bicho era barbeiro no último grau.
Encerrei a conversa pedindo a proteção do São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, para meu primo Dirceu. Trabalho árduo, o dele.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Istanbul


Posso dar qualquer outra desculpa, menos dizer que foi por falta de aviso. Quando me falaram que íamos para Viena, e que o melhor jeito era com escala em Istambul, falei às companheiras de viagem que estava mais animado com a escala do que com o destino. Apesar de isso ter acontecido há quarenta e um anos, a Áustria já era uma velha conhecida minha. Já tinha passado um dia em Insbruki e um em Viena. Depois de escapar do linchamento por causa do "velha conhecida", resolvemos passar três dias na Áustria e quatro na antiga Constantinopla. Saímos pela Turkish Airlines e, 24 horas depois – tivemos que pernoitar em Istambul – chegamos à terra de Freud. O objetivo principal da visita, proposto pela minha filha Laura, era uma exposição comemorativa de 150 anos do artista Gustav Klimt. O único Gustavo que eu conhecia era meu cunhado, e a arte dele é na cozinha. Mas valeu, o austríaco era um pintor de primeira e muito conhecido pelos cultos e eruditos na área, o que não era meu caso (mas agora de Gustav já sou especialista). Aproveitamos para visitar a casa onde Freud morava, muito legal também, e originou uma discussão ferrenha com Laura; pois eu achava que uma foto exposta no escritório dele era do Hitler, e ela garantia que não podia ser. Eu argumentava que seria a coisa mais natural do mundo, uma foto de um louco no escritório de um psiquiatra, e ela dizia que a lógica era pouco para a diferença "ideo-lógica" dos dois, um alemão e outro judeu. Fiquei sem argumentos – mas que era o Hitler, era.
De lá desembarcamos na Turquia. Super recomendados sobre como os homens negociantes eram terríveis, que vendiam até laxante para nego com desinteria, e por aí afora. No primeiro dia, fomos ao Grande Bazar. Foi como um segundo aviso. Nunca tinha comprado uma pashimina na vida, e saí de lá com uma de 120 dólares. No hotel, quatro horas depois, ainda não conseguia entender o porquê de ter comprado aquela porcaria. O que ia fazer com um cachecol metido a besta numa terra de 40 graus de temperatura, quase todos os dias do ano? E o pior, o cara usando aquilo fica com uma pinta de veado do cacete. Vai ficar de recordação, pois nunca terei oportunidade ou coragem pra usar essa merda. Quando menos assustei, ofereci a metade do que estavam pedindo, que devia ser umas cinco vezes maior que o valor real, e dois minutos depois eu era dono de uma pashimina turca legítima. Foi a preliminar. O pior estava por vir. Fomos visitar a Mesquita Santa Sofia, a maior do mundo, e na descida do táxi conhecemos o Sani, um guia turístico profissional, que já veio com uma proposta:
– Eu mostrar o Santa Sofia e o resto tudo para vocês. Soy guia oficial e falar português, um poco. 
Realmente ele se fazia entender, mas para guia oficial... Lembrando da pashimina, perguntei quanto ia nos custar essa ciceroneada. Enrolou, tossiu, balançou a cabeça e falou que não era nada. Bati o pé, ou dava o preço antes ou íamos sozinhos, não queria acabar com outra pashimina na mala.
Contrariado, ele falou:
– 250 liras, mas se for à lojinha do meu irmão que vende tapetes, não cobro nada. 
Estava armada a arapuca, e a isca era de R$300,00.
Posteriormente verificamos que o número era perfeito. Nada exorbitante para fazer você correr, mas também nada insignificante para você não tentar recuperar. Visitamos tudo e ele furando aquelas puta filas, comprando ingressos com sua carteira de guia e fazendo questão de mostrar os preços. Era o início para ganhar a nossa confiança. Visitamos a grande Mesquita, o hipódromo, o maior algibe do mundo, com um poço artesiano que o alimentava, e por aí afora. O guia era uma simpatia e em menos de uma hora já me chamava de Papá e a Bea de Mamá. Quando perguntei se era casado, tirou o celular do bolso e começou a me mostrar as fotos de uma mulher muito bonita e, em uma delas, estava de biquini deitada de bruços ao sol. Uma máquina. Com lágrimas nos olhos, me falou:
– Terminamos há pouco tempo, Papá.
– Sani, como você deixou escapar uma máquina dessas, cara?
– Minha psicóloga – ele falou.
– Hein? – Achei que tinha entendido errado ou ele trocado alguma palavra, coisa que fazia constantemente (ele não podia comer muito por causa do seu sistema "sugestivo"). No esclarecimento, vi que tinha entendido certo. A mulher estava enlouquecendo-o e sua analista falou que ele tinha que se afastar dela. Comecei a ficar curioso e a incentivá-lo a falar mais. Pela fotografia, percebia-se que, realmente, a mulher era de enlouquecer qualquer um. Meio relutante, mas depois vi que foi de propósito, ele foi se abrindo:
– Ela fuma muito. – Ele disse.
– E daí, Sani, e isso é motivo de se largar uma mulher? 
– Maria huana, maconha, conhece?
Aí complicou um pouco, mas como ainda não achei suficiente, ele completou:
– Artista. Canta em um cabaré. 
Com aquele corpo, já pensei que a coisa ia além de cantar, e realmente o cara estava enlouquecendo. 
– Meu psicólogo falou, ou se afasta dela ou seu caso vai complicar.
Nessa altura, alguém perguntou por que ele continuava com suas fotos no celular e veio a pérola:
– Apago primeiro do coração, e depois do celular.
Depois dessa confissão toda, e ele querendo pagar nosso almoço, ficamos íntimos.
Estava armada a arapuca: íntimo e de confiança. Depois que acabamos a visitação, ele nos convidou para tomar um chá de maçã na "lojinha" do irmão. Impossível recusar, além do quê, comprando qualquer coisinha, tinha as 250 liras de desconto do serviço dele. Fomos para o abate.
(Continua na parte 2)