Beto fez o terceiro científico no Indac, junto com o cursinho. O Indac é, ou era, não sei se existe ainda, um colégio que não exige muito de seus alunos. Havia alunos que faziam o terceiro ano lá para ter mais tempo para se dedicar ao cursinho e tinha aqueles que faziam os três anos lá, para terem mais tempo para se dedicar a porra nenhuma. Numa de nossas viagens para Santa Anatalia, o Beto levou dois amigos de lá para conhecerem o pantanal. Não lembro os nomes mas um usava brincos e o outro tinha um cabelo que já o apelidamos de poodle. Ambos eram alunos do segundo grupo. Assim que fiquei com mais liberdade com eles, eram muito simpáticos, recomendei ao de brinquinhos que os tirasse, pois os costumes do pessoal que vivia no pantanal eram meio diferentes. Ele deu risadas e achou que eu estava de gozação com ele. Não insisti. Na fazenda foram o centro das atenções um tirava sarro da cara do outro o tempo todo. Temos uns coqueiros no pátio da fazenda que produzem uns frutos deliciosos. Quando ofereceram para o poodle se ele não queria que o praieiro abrisse um para ele, para surpresa de todos, ele respondeu que nunca tinha comido. Questionado que existia todos os subprodutos como leite de coco e coco ralado, ele veio com a pérola que o coco que ele conhecia era diferente. Era redondo e tinha uma casca muito dura. Demos risadas e pedi ao praieiro que descascasse um para ele, o que o deixou muito surpreso ao ver que era "só cabelo". O de brinquinhos, para tirar sarro dele, o pegou pela mão e o levou até o galinheiro e mostrou as galinhas dizendo "isso que faz có có é o frango e é também igual aqueles do supermercado. Isso aí por fora é só cabelos também, que neste caso chamam de penas, pois para ficar daquele jeito que você conhece e vê lá nas gôndolas dos supermercados, tem que arrancar os cabelos e como dói muito o pessoal fica com pena, daí o nome, entendeu?". Eu ia corrigir que frango não é galinha mas ia confundir por demais a cabeça do poodle. Aquela explicação já tinha ampliado enormemente os seus conhecimentos. Mas a noite teríamos o baile e foi ali o grande momento. Lá pelas tantas, com o arrasta pé comendo no centro, duro de gente numa proporção meio desleal, algo assim 100 homens para 20 mulheres, nessas 20 já incluindo a minha que eu não deixava dançar com puto nenhum, aparece o Brinquinho sem os brincos. Quando vi perguntei a ele se os tinha perdido. Ele colocou a mão no bolso e os mostrou para mim dizendo que só os colocaria no final do baile, pois já tinha sido tirado para dançar umas dez vezes e já não agüentava mais dar tábua nos peões. Então expliquei a ele que eles não tinham preconceitos em fazer sexo com gay e isso não depreciava o ativo. A falta de mulher por lá facilitava o aparecimento dos passivos e eram muito bem recebidos. Acharam nos brincos uma forma de você demonstrar suas opções. Isso o deixou todo arrepiado, acho e espero que tenha sido de medo, pois ele tinha tirado os brincos.
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