quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Marcinho

Morávamos em Taubaté e em uma das viagens nossas a São Paulo fomos visitar a Rosa com o Arnaldo. Ela, minha prima, e ele meu amigo desde quando éramos solteiros. Casei um ano ou dois depois deles e tivemos muitas coisas em comum. 4 filhos, 3 homens e uma mulher, éramos dois profissionais começando a vida, ele médico e eu engenheiro. Quando nos mudamos para Taubaté continuamos a nos ver e sempre que íamos a São Paulo, ou íamos visitá-los em casa ou saíamos para jantar juntos. Meu controle emocional foi testado e reprovado em uma dessas visitas.
O filho mais novo deles, o Marcio, com uns 5 anos, tinha pego o aparelho de barba do Arnaldo e feito a barba. Como o único lugar da face em que ele tinha pelos eram as sobrancelhas, resolveu tentar raspá-las. Acho que alguém chegou a tempo e conseguiu parar o ato pela metade evitando que ele se cortasse, mas não tão a tempo de impedi-lo que ficasse com quatro sobrancelhas, duas sobre cada olho. Quando cheguei ele correu para cima e se escondeu pois estava por demais envergonhado. Quando perguntei por ele fiquei sabendo de sua façanha e a Rosa fez a besteira de me falar que só o chamaria se prometêssemos que não daríamos risadas dele pois estava com medo dele ficar traumatizado e que já tinha sido um parto convencê-lo que nem estava tão chamando a atenção assim como ele pensava e que os amiguinhos da escola, se ninguém falasse nada, nem iam perceber.
Falei que não mostraria a menor reação e que ela poderia ficar tranqüila e que até ajudaria a convencê-lo que ninguém ia perceber nada. Acho que ela falou isso a ele, dizendo que ele poderia testar com a gente que estávamos querendo vê-lo. Ele veio até mim e ficou parado na minha frente com as quatro sobrancelhas. Percebi, naquele momento, que como elas ficam acima dos olhos, você não consegue olhar para uma pessoa e não vê-las. Eu estava preparado para agüentar firme. Todos os olhares estavam em mim e eu numa concentração filha da puta para não esboçar o mais leve sorriso. Eu precisava fazer aquilo pelos meus amigos e pelo Marcinho. Mas ele estava muito engraçado. Ficou me olhando e prestando muito atenção na minha reação. Estava quase conseguindo, com um esforço tremendo pois ele estava muito engraçado com aquelas 4 sobrancelhas de um cm de cada lado e bem simétricas. Agüentei até quando ele dar uma levantada de sobrancelhas e vi as laterais subirem e as do meio ficarem paradinhas. Impossível ficar impassível. Não agüentei e o pior, me deu um ataque de nervos e não parava de dar risadas. Olhava para Rosa com uma cara de decepcionada para mim, queria segurar o riso e ele escapava pelo nariz, trazendo uma quantidade incrível de ranho junto. O Marcinho parece que gostou do fato de levantando as sobrancelhas provocar tanta graça em alguém e toda vez que eu achava que conseguiria encará-lo ele repetia o ato e era nova descarga de risada.
Acho que provoquei o efeito contrário nele que deve ter pensado que ninguém acharia mais graça dele do que eu e uma meia hora de risadas depois tivemos a idéia. Ele colocaria dois esparadrapos nas sobrancelhas e diria que se machucou lutando boxe ou qualquer outra coisa de homem grande. Idéia aceita e apesar de reprovado no teste de controle emocional, ajudei o sobrancelhas raspadas a não perder aulas. Mas não foi fácil.

Um comentário:

  1. ROSA MARIA MARINHO CORREA DE BARROS18 de outubro de 2010 às 21:44

    ADOREI!!!! MTO BOM, DEI MTA RISADA LEMBRANDO DAQUELE DIA. ÉPOCA MTO BOA AQUELA....

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