quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Vingança

Tem um restaurante de rodízio em São Paulo que chama os "Prazeres da Carne". Me falaram dele e como Beá e Mena estavam num sufoco bravo acompanhando Odilza no hospital, resolvi levá-las para conhecerem. O rodízio era muito caro mas realmente o melhor de São Paulo. Para meu desgosto, elas praticamente não comeram nada. O garçom oferecia de tudo e elas não aceitavam de nada. Ele já começou olhar pra mim querendo entender porque eu levei as duas num rodízio. Ia gastar 3 vezes mais do que se fosse no melhor La Carte da cidade. Parei de insistir quando Beá falou que não ia engordar de graça. Ela gastava para emagrecer e não ao contrário. Estava sem fome e não tinha sido ela quem escolhera o restaurante. Paguei a conta e vi o sorrisinho de sacana do garçom.
Cheguei em casa e contei revoltado o acontecido para Guto. Ele é o irmão mais novo de Beá. Pesa uns 120 kg mas come como se tivesse 240. Nunca vi nada igual nesses meus 60 anos. No decorrer do relato, tinha sido após o jantar, vendo-o babar ao descrever as iguarias que elas rejeitaram, tive a idéia e falei:
- Guto, não almoce nem jante amanhã, que vamos almoçar no prazeres da carne juntos, depois de amanhã.
Ia soltar a fera e ver a cara do garçom.
Chegamos às 12h em ponto e fui para a primeira mesa, perto da janela. Ele já chiou, estava operado do joelho e não podia ficar tão longe da mesa do Buffet. Estávamos a 6 m da mesa. Mudamos de lugar e ficamos ao lado. Mais perto tinha que colocar a cadeira dele direto na mesa do buffet. O restaurante tinha aqueles cilindros escrito, de um lado "me sirva", e do outro lado, "não obrigado". O cilindrinho dele ficou só no "não obrigado". Ele começou com as ostras. Era o que ele mais gostava. Veio 30, que em 5 minutos ele devorou. Mais 30, e tinha um garçom que trazia e outro que tirava as cascas. Acho que por técnica do restaurante, o que tirava as conchas parou de fazê-lo. O que trazia parou em seguida, então Guto ia direto a mesa e carregava o prato, até que resolveram não abastecer mais a mesa central. Aí ele passou para os camarões. Tinha um arroz com frutos do mar e o prato era todo cercado por camarões gigantes. Ele servia uma colher, das de sobremesa, de arroz e levou todos os camarões gigantes. Depois desse aperitivo ele virou o cilindrinho e começou com a carne. Até voltarem as ostras para a mesa. Nesse momento, ele virou o cilindrinho novamente e voltou as ostras. Depois de umas duas horas, eu já estava começando a ficar com fome novamente, já tinha comido sobremesa e tomado café, ele virou o cilindrinho para arrematar com uma picanha. Acho que comeu uma sozinho. Já com medo dele ter uma congestão e me sentindo mais do que vingado, pedi a conta ao garçom. O mesmo da vez anterior. Quando ele voltou com o cartão, ele me disse:
- Você mandou buscar de algum lugar ou é parente daquelas que não comeram nada.
Dei um sorrisinho e disse:
- Irmão caçula e tem outro maior que esse. Nos aguarde que vamos voltar.

3 comentários:

  1. Essa eu adorei,rsrsrsr, melhor vingança que essa seria impossível, muito legal essa história

    Ana Cristina

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  2. Oi Tadeu, fazia tempo que eu não ria tanto, eu ia lendo o relato e imaginando vocês no restaurante, principalmente o Guto! Muita boa, parabéns!

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