Eu não queria deixar ela ir de jeito nenhum, mas ela já tinha convencido a mãe. Maria Mercedes, filha do meu irmão e ainda por cima mais nova, ia e ainda prometeram que ficariam brincando perto da mesa onde nós pudéssemos acompanhar. Laurinha tinha uns 13 anos e ia no primeiro baile de carnaval. Estava começando novas fases, boa para ela, não tanto para mim. Eu era um pai muito, zeloso para os amigos, ciumento para os críticos. Carnaval era festa de adulto e ela estava ficando, mas não era. Enfim, em assuntos de Laura, Beá sempre teve a última palavra. No baile ela se comportou muito bem, os outros que nem tanto.
Estava na mesa, tomando meu wiskinho e vendo o baile, Tontônio, meu irmão, do meu lado, Beá mais um bando inteiro pulando em volta da mesa e Laura no salão. Essa era a situação, quando chegou o Marcão, pelo nome já deu pra ver o tamanho da criança, dizendo:
- Tio, tem um cara lá no salão passando a mão na bunda de todas as meninas.
O todas incluía minha filha e do Tontônio!
Nessa hora, Beá percebeu que tinha alguma coisa errada e encostou na hora que eu perguntei a ele:
- E aí tio, o que você fez?
- Falei pra ele que ia chamar o senhor se ele não parasse.
- Como você ta aqui, devo concluir que...
- Pior tio, ele falou pra chamar que ele ia passar a mão na sua bunda também.
Olhei pra Beá com aquela cara de “ta vendo” do Zé Alberto, meu primo, que um dia vou contar a história aqui, e fui levar a minha bunda pra ver o que acontecia. O porre passou na hora pois a adrenalina foi a mil, e no caminho fui imaginando o tamanho do monstro que eu ia enfrentar, pois o garoto que foi me chamar era bem maior do que eu. Quando fui chegando no salão, com o Marcão Lacerda na frente, já vi Laura e as coleguinhas discutindo com um rapazinho frinfrim de tudo, e já ia perguntar pra ele quem era o atrevido, quando o frinfrim empurrou todo mundo que estava do lado dele e ficou em posição de briga.
Olhei pro Marcão e com a cabeça perguntei se era aquilo a ameaça. Tudo isso muito rápido. O Marcão apontou pro filé de borboleta que já veio chegando brabo pro meu lado. Devia ser um rapazinho de 20 anos e 20 quilos também, num puaço só. Mas não ia dar chance pro azar. Pulei em cima dele e no abraço, coloquei o meu queixo em seu peito e dobrei a minha coluna para frente e a dele para trás. Ele caiu e eu por cima. Os braços dele estavam presos, minha mão esquerda segurava um, a direita outro e uma terceira mão, que me assustou mais que ao guri, com o dedo em riste batia no seu rosto e eu escutava um voz dizendo:
- Vou te matar guri, bunda de nossa filha ninguém passa a mão. Olhei pro lado, e meu irmão que estava com o joelho no peito do menino enquanto esfregava o dedo na cara dele babando de raiva.
Levantei, juntei o moleque em baixo do braço, dando uma chave de pescoço nele e fui arrastando a figura até a diretoria. No caminho é que ele apanhou, pois todos por quem passávamos davam-lhe um chute. O presidente do clube nos recolheu na diretoria e já o colocou para fora.
Voltei pro baile, vi Beá preocupada e contei a história exatamente como ela foi:
- Um cara de 2 m de altura mexeu com Laurinha e eu dei cabo dele.
Foi assim o primeiro baile de carnaval de Laurinha, mas os problemas estavam apenas começando. Vai ter “O carnaval II”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário