Tio Michel era o nosso preferido, do Tontônio e meu. Ele chegava aqui em Corumbá, nós reinávamos. Íamos pro Bar Pinguim jogar sinuca e beber cerveja, isso nós com 13 e 16 anos. Ele era campeão de sinuca. Quando jovem ganhou muito dinheiro com isso. Era filho de Tia Isabel, irmã de vovó Salma. Era cinematografista profissional. Todas as inaugurações de obras do governo, ele era contratado para filmar e fazer uma reportagem. No inicio de cada sessão de cinema, antes do início do filme, aparecia na primeira tela: "Michel Saddi apresenta", e vinha a reportagem muito bem feita. Era toda editada e sonorizada em São Paulo. Era ele e o Jean Mazon.
Ele gostava muito da gente e nós mais ainda dele. Ele fazia tudo que queríamos. Tínhamos a preferência nas conversas. Quando ele estava falando com outro adulto e nós chegávamos e começávamos a falar, ele fazia um sinal para com quem estava falando, nos escutava e depois continuava o outro papo. Aprendi a lutar boxe com ele. Com 12 para 13 anos, tinha levado uma surra na escola de um tal de Elder e cheguei com o nariz roxo em casa. Roxo de raiva e também do primeiro soco que tomei. Tio Michel estava lá. Quando me viu, parou a conversa com papai e veio falar comigo. Contei que o cara me provocou e me chamou pro pau. Era frio e quando fui tirar o casaco ele mandou um murro no meu nariz. Daí pra frente já não vi mais nada. Aprendi a primeira lição:
- Meu filho, briga de rua é de quem dá a primeira. É a única bem dada. Aí você se enrola com o cara, vem a turma do deixa disso e aparta. Agora, você tem que saber dar a primeira e eu vou te ensinar.
- Mas quando tio?
- Isso vai demorar, mas aguarde notícias minhas.
Falou isso e foi colocar gelo no meu nariz.
Uma duas semanas depois recebi uma encomenda com uma carta dele. Dizia para não mexer em nada que ele estava chegando. O carro de papai foi pro tempo. A garagem foi transformada em um campo de treinamento. Tinha saco de areia, bola de push, aquela em formato de pingo que fica presa numa tábua, onde você tem que bater nela na mesma frequência que ela balança, uma tábua acolchoada para criar resistência no pulso e quando bater ele não virar, luvas de boxe, luvas do sparring. Era uma academia completa. Treinava sozinho todos os dias. Quando tio Michel estava aqui, aí tinha professor e sparring. Treinava para dar no Elder. Mas com o passar do tempo fui ganhando confiança e já não tinha mais dúvidas que ele não podia comigo. Quando isso aconteceu a raiva passou.
Fiquei famoso na escola. Todo mundo queria lutar comigo e eu batia em todos. Bati até no Ascendino que era um bugrão muito forte daqueles que gostava de se mostrar. A manga da camisa era enrolada para mostrar os músculos. No dia da luta o comentário era sobre a força versus a técnica. Eu era a técnica pois era muito magro, mas rápido e como dizia tio Michael, tinha pegada. No primeiro soco que encaixei no nariz dele, numa sequência de três, esquerda em baixo, direita e esquerda em cima, acabou a luta. Ele passava a luva no nariz e olhava pra ela para ver se eu o sangrei. Não, mas me consagrei, (trocadilhozinho besta). Desse dia em diante eu era o bom no boxe. Isso me ajudou algumas vezes na vida. Tive algumas brigas, quase todas por causa de Laura, e vou contá-las um dia. Tio Michel ficou para sempre em meu coração.
Muito massa essa historia!!! Nos filhos tbem acbamos gostando de boxe... eu lutava num ringue de meia no meu quarto qdo tinha uns 12 anos, quase sempre ganhava tbem. Guilherme e Beto entraram no boxe esses tempos atras e deistiram o dia que o Guilherme quebrou uma costela do Beto, mas essa é outra historia.
ResponderExcluirheheheheh
Sou sobrinho-neto de Michel Saddi, neto do Joaquim Saddi, bisneto da Izabel. Procurando eventuais referências sobre o tio Michel no "Dr. Google", encontrei seu blog! Foi uma grande alegria! Cordialmente, Thiago Saddi Tannous.
ResponderExcluirSou sobrinha de tio michel saddi neta de izabel saddi,morava com meu tio ele era durão e eu o amava muito adorava o trabalho dele de cineasta e tenho varias memórias de Campo Grande com carinho adorei o seu blog sou maria cristhina saddi um abraço a todos com carinho .
ResponderExcluirLembro de você e sua irmã tão meninas, sua mãe D. Ivone, suas tias Dr.Rosa e Geni. Abraços.
ExcluirGratidão a palavra que define meu carinho por este senhor.
ResponderExcluirQue foi como um Pai pra mim,quando mais precisei de apoio e carinho, quando perdi meu Pai. Ele deu todo apoio. Para sempre carregarei comigo meu carinho por ele. Ele gostava muito de nós.
Saudades eternas!
Gratidão a palavra que define meu carinho por este senhor.
ResponderExcluirQue foi como um Pai pra mim,quando mais precisei de apoio e carinho, quando perdi meu Pai. Ele deu todo apoio. Para sempre carregarei comigo meu carinho e respeito por ele. Ele gostava muito de nós.
Saudades eternas!
Este Senhor austero, mas como sabia orientar e estender a mao.
ResponderExcluirAcompanhou minha primeira gravidez.
Se prontificou a ser o padrinho.Muito amigo.
Foi otiót o periper que trabalhei com ele.
Michel Saddi, eternamente em meu coração.
Sou Bisneto do Dr Alberto Saddi, irmão do Michel Saddi! Bom saber um pouco de sua história!!
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