Eu já falei que o primeiro amor da minha vida foi minha professora do primário. Vou falar agora da primeira namorada. Acho que não vou apanhar de Beá pois isso foi há não menos de 50 anos atrás.
Eu tinha uns 7 anos e ela também. Pela idade já deu pra ver que era coisa séria. Ela se chamava Alice e era a coisa mais linda do mundo. Quando sorria tinha umas covinhas que enlouqueciam qualquer homem de 7 anos. Todos os dias, após as aulas, eu a acompanhava até a porta de sua casa carregando os seus cadernos. Ela só tinha um problema: não sabia de meu amor por ela e eu não tinha coragem, nem sabia como falar. Isso se prolongou por dois anos, quando um dia, cheio de coragem, me declarei:
- Gosto de você. Quer me namorar?
Era emoção pura e a resposta veio prontamente
- Claro que não. Não tenho idade, mamãe não deixa e não gosto de você.
Mas nunca fui homem de desistir fácil, nem quando tinha nove anos. Continuei na paquera, até que um dia no cinema, sentei ao seu lado e ficamos de mãos dadas. Para falar a verdade, de dedos dados. Meu dedo mindinho enlaçou o seu dedo mindinho e ficamos assim o filme todo. Namoramos por 6 longos meses, e o máximo que consegui foi ficar de mãos dadas com ela, mas ficou registrada como a minha primeira namorada, aquela que a gente nunca esquece. Muitos anos depois, talvez uns 40, vejo um de meus filhos se engraçando com uma menina muito bonitinha, que me lembrava alguém, mas não conseguia saber a quem. Me informei e para minha surpresa era uma sobrinha dela e, como estávamos em pleno carnaval, contei tudo a ela. Lembrei muito de meu pai que vivia dizendo que tudo se repete. As coisas que acontecem comigo, já aconteceram com ele e vão acontecer com meus filhos. Hoje completo, com meus netos também.
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