terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pura

Estava com 11 para 12 anos e muito chateado. Mamãe tinha mandado a Elizabeth embora só porque estávamos "namorando" atrás do guarda roupa. Mamãe sempre foi uma estraga prazeres. Estava numa tristeza só quando entrou a substituta. Era uma boliviana e chamava Pura. Uma máquina que dava de 10 a zero na Betinha. Papai quando viu a Pura, do jeito que ele a olhou, achei que não ia dar certo e ele ia dar com os burros n'agua e falar pra Mamãe tirar os guarda-roupas do canto das paredes. Mas a parada ali era indigesta e na primeira brincadeira de querer ensinar ela a passar pano no chão, já contou pra Mamae e me ferrei. Castigo e quase levei uns tapas. Não ia ser fácil mas eu queria, mais do que inaugurar o monumento, vê-la pelada. Foi quando tive a ideia.
Papai construiu nossa casa em 1949 e, como todas da época, tem as dependências de empregada nos fundos, a edícula. O banheiro não tinha laje e era coberto com telhas de barro. Para facilitar, a edícula era construída germinada com o muro de uns 2,5 m de altura que era um degrau para o telhado. Tinha só um problema. Tirando uma telha, a claridade entraria pelo vão e denunciaria a presença do espião tarado lá em cima, problema resolvido com uma lona preta onde eu cobriria a cabeça e o buraco e poderia ficar desfrutando da Pura peladinha. Quando foi chegando a hora já fiquei prestando atenção na lona e quando vi que ela ia para o banho, corri na frente. Subi no telhado, tirei a telha, deitei e me cobri com a lona que pegava toda a cabeça e um pedaço do ombro. Quieto que nem guri cagado, nem respirava, qualquer barulho iria denunciar a minha presença. Mesmo que ela olhasse para cima não veria nada pois tinha só uma fresta na telha e escurecida pela lona. Agora já barulho ia ferrar tudo. A primeira vez foi ótimo e foi coisa de cinema e foi a primeira mulher que vi totalmente pelada e ao vivo. Gostei muito. Passou a ser programa diário o banho da Pura. Mas o ser humano não se satisfaz de desfrutar sozinho o prazer proporcionado pelas grandes ideias e na primeira vez que o Tontonio me falou "como é boa essa Pura", já respondi que ele nem imaginava o quanto e contei do telhado. Só faltou o bicho sujar a menina para adianntar a hora do banho.
Arrumei um companheiro para sondar junto e aí foi o desastre. Na primeira vez dele, ao invés de arrumar uma outra lona e ir em um buraco novo, ficamos os dois na mesma telha e sob a mesma lona. Na hora H ele não saia do buraco e eu fui ficando desesperado e começamos, cabeça a cabeça, a disputar o mesmo buraco. Nisso me quebra uma telha e quase pega a cabeça da Pura. Rolo formado, a mulher saiu enrolada na toalha e foi direto até Mamãe dizendo que tinha gente sondando ela tomar banho. Não tinha como negar pois a camisa branca estava com aquele limo do tenhado e ela, por nos conhecer e também por absoluta falta de opção, viu que só podia ter sido nós. Perguntou e não conseguimos negar pois, pra piorar, fomos educados a, doa o quanto for, não mentir. Entramos na porrada mas não desisti. Continuei sondando a Pura mas era muito mais difícil.
A garagem tinha uma porta que dava na sala da edícula e eu buraqueva por ali. Era mais difícil pois o campo de visão era só o da fechadura, mas não falei mais para o Tontonio até que, não sei como, ele descobriu e contou para Mamãe. Entrei no cacete de novo e sem entender porque ele tinha me entregado até que comecei a perceber as trocas de sorriso entre ele e a Pura. Até hoje eu não sei o que aconteceu entre os dois e ele ainda fala que não se lembra muito bem dela, como se fosse possível esquecer da Pura. Deve ter promessa aí, daquelas de "Só dou se você jurar que não conta pra ninguém" e tenho que reconhecer que o meu irmão não é de quebrar juramento.
E eu... continuei virgem.

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