segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Yasu

Foi no meu primeiro emprego como Engenheiro. Trabalhava no setor de orçamentos e como a maior parte dos componentes dos equipamentos que orçávamos era mecânico, não tínhamos nenhum engenheiro elétrico trabalhando com a gente. Aprendíamos o básico e quando precisávamos de algo mais complicado íamos até a engenharia de projetos e consultávamos os eletricistas de lá.
Tinha um japonês que era o chefe da área e muito bom, de engenharia elétrica, porque de português não falava quase nada. Tinha sido importado do Japão a menos de um ano e tínhamos a maior dificuldade de entendê-lo. Acho que ele não sabia falar nem japonês, porque os que iam conversar com ele ficavam alternando em várias línguas. Comigo ele não falava nada e escutava em português.
Teve uma vez que o pessoal dele projetou uma alavanca, que é uma peça mecânica, e não estava legal o tamanho e o esforço necessário para acioná-la e fui falar com ele. Após mostrar os desenhos e fazer todos os sinais que o cara tinha que ser muito forte para poder acioná-la, ele entendeu e chamou o projetista responsável, um paraguaio legítimo, chamado Juan. Quando mostrou o desenho o paraguaio falou:
- Si, senhor Yasu, o que tiene mi ayavanca?
O japonês revira os olhos e fala com seu melhor sotaque nipônico:
- ruan (não rruan), não fala ayavanca. Repita (não rrepita) comigo: aravanca (carregando no ara).
O Juan olha pra mim sabendo que o japonês não entende nada de português e fala:
- Ingeniero, num tiene un hogar para mi em su departamiento. Mi pelotas van explodir con este tipo.
Quase me matou de rir. Esse cara, junto com Massaru e o Thomas, foram os poucos amigos que deixei na Bardella.

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