Os gêmeos puxaram a genética de vovô Marinho quanto ao prognatismo mandibular, ou seja, eram queixudos. Quando atingiram os 18 anos o dentista que os acompanhava, o Dr. Vogel, encaminhou-os para um médico de São José dos Campos, que era o bam bam bam da época nesse tipo de cirurgia de redução mandibular, Dr. Antenor Araujo.
Quando chegamos lá, o médico os examinou e marcou a cirurgia dos dois para o mesmo dia, e seria feita em um pequeno hospital onde só se fazia isso, de modo a diminuir as chances de infecção hospitalar e outros problemas decorrentes de você misturar nego sadio com doentes. Na data fomos os quatro para São José, Bea, os queixudos e eu. Ficariam dois ou três dias internados e receberiam alta. Terminada a cirurgia que vimos a complicação do negócio. Estavam tremendamente inchados e com os maxilares amarrados, o superior no inferior. Pareciam dois sapos. Não conseguiam falar e só abriam a boca não mais que um centímetro por onde entrava o canudo da alimentação.
As enfermeiras, entravam em um quarto para levar a comida, e quando entravam no outro pediam desculpas achando que estavam no mesmo quarto. Já no segundo dia ficavam na mesma cama e fazendo a maior bagunça. O médico proibia de ficarem juntos e eles concordavam na hora. O bicho virava as costas e o Guilherme já ia pro quarto do Daniel ou vice versa. Numa das refeições, quando veio a mesma sopa pela terceira vez o Guilherme falou:
A enfermeira ficou olhando com aquela cara de "não entendi nada" quando o Daniel esclareceu:
- “eie ta fergunsando se um hem otra cosa pa humer”?
O Guilherme virou pro Daniel e falou:
- “Se eia um mintende, purque ia intender oce?
Quando não era isso era um olhando a cara do outro e dizendo:
-Ara, cumo oce ta eio!
Aqueles ferros teriam que ficar por 30 dias e fiquei tão traumatizado com eles que deixei Laura com um alicate de cortar aço e que ela deveria usar, caso tivessem ânsia de vomito. Mas tudo correu muito bem. Eles que já eram tremendos boa pinta, ficaram ainda mais. Nada de pai coruja. As meninas que o digam. Guilherme com 1 ano de formado a Ana o fisgou. Também uma piracicabana de fechar qualquer comércio. Hoje tem dois filhos, Benjamim e Felipe, danados, que estão fazendo com que ele pague uma parte do que aprontou conosco. O Daniel resistiu mais tempo e como dizia papai, aproveitou mais. Mas caiu na rede e esse foi o único que casou com nativa nossa mesmo. Tão nativa que chega a ser quase parente. Seus bisavós maternos eram primos irmãos. Na época do namoro consultei o Dr. Marcio que é veterinário e especialista em genética e me garantiu que as chances de qualquer problema por consangüinidade era desprezível. Após a aprovação do especialista, relaxamos, e hoje eles tem um casal de filhos, o Antonio Pedro e a Lara, perfeitos e lindos.
Tem hora que penso que realmente sou um cara abençoado, como uma vez me falou um vizinho, ou que esse negócio de nascer empelicado e de rabo pra lua dá muita sorte mesmo, como dizia meu velho. Pois corria o risco de não poder ter filhos, tive quatro e já estou com 9 netos, e com todas as fábricas funcionando ainda. E outra coisa importante é os que faturam são sete e as que gastam são duas, e tudo equilibrado, pois as duas são de filhos diferentes. Tá tudo perfeito. Tenho que fazer como Mamãe fala e agradecer a Deus todos os dias mas vivo esquecendo.
Tadeu, dei muita risada do diálogo do Daniel com o Guilherme. Muito boas as suas histórias.
ResponderExcluirContinue publicando!
A GL embryo é nome fantasia do meu empreendimento de vet. autônomo. E eu sou o Praguinha de Viçosa.
ResponderExcluirEu tenho a honra de falar que você foi o primeiro empresário que me contratou.
Abraço,