Depois de uns 10 anos que estava em Corumbá, Choulian veio com a D.Virgínia e a Karina, filha deles, nos visitar. Programamos uma ida a fazenda na época do trabalho de gado para eles conhecerem como era feito o mesmo. Para evitar qualquer problema explicamos como era feito o trabalho e os riscos que podia haver. Tinham que ficar em cima da bancada e não colocar a mão dentro do brete, nem mesmo para apoio.
Tudo certo, fomos para o mangueiro. Não sei o motivo, mas acabamos eu e o Choulian ficando para trás. Para chegar ao brete você tem que passar pelas gavetas, que são compartimentos onde fica o gado, uns antes do brete onde fica o gado que você vai trabalhar e outros após, onde ficam os já trabalhados. Numa dessas gavetas tinha uma única vaca. Quando isso acontece é porque a bicha, muito brava, passou sem tomar os medicamentos e ao invés de ir para o lote já trabalhado vai para uma gaveta onde será retornada ao lote não trabalhado. Tínhamos que atravessar por essa gaveta. Normalmente você vai circulando a parede de tábuas até chegar ao brete e se a vaca partir para cima você tem que subir nessa parede. Não existe dificuldade para isso pois as tabuas são colocadas na horizontal e com um espaçamento entre elas, formando uma escada natural. Eu na frente, Choulian atrás, e eu cuidando da vaca e vendo que ela estava muito brava falei:
- Choulian, olha a vaca!
Ele deu uma olhadinha e virou para frente. Nesse momento eu vi a vaca começar a cavucar e falei novamente:
- Choulian, olha a vaca!
Ele repetiu a operação do mesmo jeito. Quando fui insistir ele replicou:
- Já vi a vaca e é igual as outras. O que é para eu ver nela?
Não deu tempo de explicar, só gritar:
- Sobe que ela vai bater em nós; e subi na cerca com ele atrás.
E aprendi que "O que é o óbvio para alguns, pode não ser tão óbvio para outros".
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