Já falei no Vestibular I da saída do Beto do Bandeirantes e sua ida para o Indac e como ele entrou, por castigo, na escola de aviação do Campo de Marte. Ele já estava aprovado em todas as provas teóricas e com o exame de saúde para vencer e como eu estava fazendo meu curso de piloto em Corumbá e gostava demais do meu professor, contratei o mesmo para dar uns duplos nele nas férias, pois senti que ele não estava muito confiante para fazer seu primeiro solo.
Voavam todos os dias pelo menos uma hora e o instrutor, o Pochoreu, o elogiou muito dizendo que ele estava pronto. Pedi que ele fizesse mais dez horas antes do solo e fui para São Paulo. Foi quando recebi um telefonema do Daniel mais ou menos assim:
- Oi pai, tudo bem? É o Dani.
- Tudo filho, como estão indo de férias?
- Tudo bem, o Beto que tá um espetáculo, voando bem pra burro. Está comigo aqui dando risada, mas tá tudo bem.
- Ah é, você já voou com ele? O que é que tá tudo bem? Ele já vez seu primeiro vôo solo?
O instrutor não podia levar mais ninguém no avião. Estava esquisita a conversa.
- Não, mas já levou seu primeiro tombo.
Falou rindo e fiquei sem entender e já meio preocupado.
- Passe ele para mim aí filho.
Beá do meu lado viu a minha preocupação e perguntou o que houve. Fiz sinal que nada com a cabeça e beiço e esperei o Beto atender.
- Fala pai, tudo bem por aqui. Pode ficar tranqüilo.
- Porra meu estou ficando nervoso com isso de todo mundo me mandar ficar tranqüilo. Que merda aconteceu por aí? Você ta aonde?
- To aqui no bar com a turma. Caí com o avião, mas sem nenhum arranhão, ou melhor, um pequeno aqui na perna que já passei mercúrio.
Nessa hora Bea já ensofrega perguntando com a cabeça o que havia. Resolvi responder rápido pois queria os detalhes e falei:
- Não foi nada. O Beto que caiu com o avião, mas tá tudo bem, repeti o Daniel, e está me contando os detalhes.
Beá quase desmaiou e eu já não sabia se atendia a ela ou o Beto. Eles com o maior cuidado para nos dar a notícias e eu com a delicadeza de um rinoceronte desgovernado. Aí falei meio brabo:
- Oh meu, tá tudo bem. Você acha que se tivesse algum problema sério eu estaria assim. Eles estão no bar comemorando que não houve nada. Se acalme aí.
Os detalhes eu fiquei sabendo pelo Pochoreu: Estavam em treinamento de toque e arremetida no aeroporto de Corumbá. O piloto tem que pousar, o que é feito com full flap e o motor em marcha lenta. Com o avião ainda correndo na pista, tira todo flap, da potência máxima no motor, dá novamente 10 graus de flap e decola. Faz novo tour e repete a operação. Eles já tinham feito vários desses toques no modelo padrão, ou seja, o avião vem descendo sem motor, com nariz para baixo e numa rampa que, mesmo se o motor parar ele chega na pista e pousa. O Pochoreu resolveu treiná-lo em pouso de pista curta onde o procedimento é diferente. Você pendura o avião no motor, ou seja, vem para pouso com o nariz para cima e regula a rampa pela potência do motor. Beto vinha fazendo tudo certinho quando o motor parou. Nesse tipo de aterrissagem você não chega à pista, pois está muito baixo. O Pochoreu conta que não deu tempo de nada e quando ele assumiu o comando, esses aviões têm comando duplo, o Beto que foi ditando os procedimentos para ele:
- Não é bom tirar os óculos? - Pochoreu jogando os mesmos para trás:
- É
- Não chegamos na estrada? (A estrada que faz Corumbá - Porto Suarez é quase continuação da pista na cabeceira 09).
- Vamos pro mato que as árvores são fininhas nesse cerradinho. Melhor que um caminhão.
Foram e posaram em cima de uma aromita. No momento do pouso o Beto ainda falou:
- Não é para abrir as portas?
O Pochoreu quase sem velocidade e com a sustentação no limite ainda concordou a abriu a dele segundos antes de colocar o chessna 140 em cima da árvore, que devia ter uns 3 metros de altura. Quando foram sair correndo com medo do avião pegar fogo que Beto se riscou ao cair da árvore. Mas ainda conseguiu lembrar o Pochoreu de desligar o magneto.
Foram andando para a estrada quando cruzaram com o carro do corpo de bombeiro e a ambulância. Por mais que sinalizassem, passaram por eles e foram socorrer não sei quem no avião.
O interessante disso tudo é que assim que me tranqüilizei, falei que ele fosse à casa da sua avó Julieta, minha mãe e desse a notícia pessoalmente. Ele foi na hora para lá e chegou brincando com ela, dizendo:
- Vovó, duvido você acreditar onde que eu estava agora.
Mamãe olhou para ele e falou:
-Você caiu com o avião, não foi?
Beto ficou sem entender e só confirmou. Tinham dado a noticia no rádio, mas como não encontraram ninguém no avião, não sabiam os nomes e muito menos o estado dos tripulantes.
Só Mamãe.
Voavam todos os dias pelo menos uma hora e o instrutor, o Pochoreu, o elogiou muito dizendo que ele estava pronto. Pedi que ele fizesse mais dez horas antes do solo e fui para São Paulo. Foi quando recebi um telefonema do Daniel mais ou menos assim:
- Oi pai, tudo bem? É o Dani.
- Tudo filho, como estão indo de férias?
- Tudo bem, o Beto que tá um espetáculo, voando bem pra burro. Está comigo aqui dando risada, mas tá tudo bem.
- Ah é, você já voou com ele? O que é que tá tudo bem? Ele já vez seu primeiro vôo solo?
O instrutor não podia levar mais ninguém no avião. Estava esquisita a conversa.
- Não, mas já levou seu primeiro tombo.
Falou rindo e fiquei sem entender e já meio preocupado.
- Passe ele para mim aí filho.
Beá do meu lado viu a minha preocupação e perguntou o que houve. Fiz sinal que nada com a cabeça e beiço e esperei o Beto atender.
- Fala pai, tudo bem por aqui. Pode ficar tranqüilo.
- Porra meu estou ficando nervoso com isso de todo mundo me mandar ficar tranqüilo. Que merda aconteceu por aí? Você ta aonde?
- To aqui no bar com a turma. Caí com o avião, mas sem nenhum arranhão, ou melhor, um pequeno aqui na perna que já passei mercúrio.
Nessa hora Bea já ensofrega perguntando com a cabeça o que havia. Resolvi responder rápido pois queria os detalhes e falei:
- Não foi nada. O Beto que caiu com o avião, mas tá tudo bem, repeti o Daniel, e está me contando os detalhes.
Beá quase desmaiou e eu já não sabia se atendia a ela ou o Beto. Eles com o maior cuidado para nos dar a notícias e eu com a delicadeza de um rinoceronte desgovernado. Aí falei meio brabo:
- Oh meu, tá tudo bem. Você acha que se tivesse algum problema sério eu estaria assim. Eles estão no bar comemorando que não houve nada. Se acalme aí.
Os detalhes eu fiquei sabendo pelo Pochoreu: Estavam em treinamento de toque e arremetida no aeroporto de Corumbá. O piloto tem que pousar, o que é feito com full flap e o motor em marcha lenta. Com o avião ainda correndo na pista, tira todo flap, da potência máxima no motor, dá novamente 10 graus de flap e decola. Faz novo tour e repete a operação. Eles já tinham feito vários desses toques no modelo padrão, ou seja, o avião vem descendo sem motor, com nariz para baixo e numa rampa que, mesmo se o motor parar ele chega na pista e pousa. O Pochoreu resolveu treiná-lo em pouso de pista curta onde o procedimento é diferente. Você pendura o avião no motor, ou seja, vem para pouso com o nariz para cima e regula a rampa pela potência do motor. Beto vinha fazendo tudo certinho quando o motor parou. Nesse tipo de aterrissagem você não chega à pista, pois está muito baixo. O Pochoreu conta que não deu tempo de nada e quando ele assumiu o comando, esses aviões têm comando duplo, o Beto que foi ditando os procedimentos para ele:
- Não é bom tirar os óculos? - Pochoreu jogando os mesmos para trás:
- É
- Não chegamos na estrada? (A estrada que faz Corumbá - Porto Suarez é quase continuação da pista na cabeceira 09).
- Vamos pro mato que as árvores são fininhas nesse cerradinho. Melhor que um caminhão.
Foram e posaram em cima de uma aromita. No momento do pouso o Beto ainda falou:
- Não é para abrir as portas?
O Pochoreu quase sem velocidade e com a sustentação no limite ainda concordou a abriu a dele segundos antes de colocar o chessna 140 em cima da árvore, que devia ter uns 3 metros de altura. Quando foram sair correndo com medo do avião pegar fogo que Beto se riscou ao cair da árvore. Mas ainda conseguiu lembrar o Pochoreu de desligar o magneto.
Foram andando para a estrada quando cruzaram com o carro do corpo de bombeiro e a ambulância. Por mais que sinalizassem, passaram por eles e foram socorrer não sei quem no avião.
O interessante disso tudo é que assim que me tranqüilizei, falei que ele fosse à casa da sua avó Julieta, minha mãe e desse a notícia pessoalmente. Ele foi na hora para lá e chegou brincando com ela, dizendo:
- Vovó, duvido você acreditar onde que eu estava agora.
Mamãe olhou para ele e falou:
-Você caiu com o avião, não foi?
Beto ficou sem entender e só confirmou. Tinham dado a noticia no rádio, mas como não encontraram ninguém no avião, não sabiam os nomes e muito menos o estado dos tripulantes.
Só Mamãe.
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