quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Zé Pichibeque

Antigamente toda loja comercial tinha um mural onde o proprietário fixava os cheques sem fundos que ele recebia. Ficava ali exposto para quem quisesse ver a vergonha, e assinada, do sujeito. Era o SPC, pois outros clientes e os funcionários consultavam o quadro.
Eu não sei qual o significado exato da palavra pichibeque, deve ser uma gíria e é pejorativo, pois acho que significa algo sem valor. Ele era o Zé Pichibeque, vivia dando cheques sem fundo por onde passava. Era conhecido de todos do comércio. Eu estava com papai na casa Marinho quando o balconista veio até nós para consultar o cheque. Papai pegou, olhou o valor e foi fazer a rubrica para aprovar o mesmo. Pulei da cadeira na hora e não podia falar alto porque o Zé Pichibeque estava a uns três metros da gente e aguardando. Papai não me deu atenção e quando quis falar mais alto ele foi incisivo num "cala boca menino". Quando o Zé saiu eu falei pra ele:
- Pô pai, você não quis me escutar e pegou um sem fundos aí. Só o senhor que não conhece o Zé Pichibeque.
Ele só me respondeu um "eu sei" e chamou a Diolinda, que pela cara devia chamar Diofeia, e disse:
- Vai ao banco, carimba esse borrachudo aqui e põe no quadro.
Virou pra mim e falou:
-Ficou barato pois agora ele não entra mais aqui e isso por 1Kg de pregos.

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