Tudo no mundo tem lógica e explicação, mas não para todos. Já falei varias vezes aqui sobre o Zé Mauro, nosso piloto, uma pessoa que considero coerente e observadora. Você coloca essas duas qualidades, mais sessenta e poucos anos de experiência em uma pessoa e você terá como resultado, conforme Alaer Garcia, um sábio. Gosto de conversar com ele e escutar seus "causos". O que nunca entendi, e não por falta de perguntar, é seu medo por cachorros. A coisa beira a sandice. Teve uma vez que estávamos procurando umas recolutas, pois uma cerca de divisa tinha se queimado e fomos até a fazenda vizinha. Pouco antes do pouso, ele me avisou que a pista dali não estava sendo usada ultimamente e que teríamos que tomar cuidado, pois a torre da biruta devia estar sem a mesma e se descuidássemos poderíamos trombar com ela. Pousamos com o olho no cano, bem na cabeceira da pista e só conseguimos vê-lo, pois sabíamos de sua existência. Um perigo filho da p... O chessna 206 tem uma característica. Ele só tem duas portas, a da frente fica do lado do piloto e a de trás do lado contrário. O passageiro da frente não consegue descer antes do piloto. Depois que ele taxiou o avião em frente da casa da sede, a mesma ficava na beira da pista, fiquei aguardando ele descer o que não acontecia. Pela janela ele gritava chamando um gurizinho que não o atendia e isso se prolongou por uns dois minutos com eu, sem entender o porquê daquilo tudo, querendo descer. Lá pelas tantas o guri encostou e aí ele abriu a porta perguntando se tinha cachorro brabo ali. Mesmo com a resposta negativa, fez o bugrinho escoltá-lo até a casa do capataz. Perguntado de onde vinha esse medo todo ele sempre respondia que "precaução não era sinônimo de medo", uma de suas pérolas.
De outra feita, estávamos passando uns dias das férias de julho em Piratininga, e além da turma normal, eu e Beá com os filhos, estavam o Choulian, D. Virginia e o Chu. No dia 22 de julho como era aniversário de Santa Anatalia, com 20 minutos de vôo fomos todos para lá. Eu pilotando o Sky Lane e o Zé Mauro no 206. Chegando lá como tinha gente para dar com o pau, só conseguimos acomodar as visitas e a turma da casa foi para a varanda dormir na rede. Como estava frio o Zé Mauro resolveu dormir no avião. O detalhe era a Nina, um cadela fila brasileira de meu cunhado, o Guto, que devia pesar uns 40 quilos. Era um monstro de grande, mas muito mansa. Como tinha as orelhas cortadas, tinha uma aparência de brava, mas estava solta ali na festa transitando entre os convidados e com um monte de crianças. O Zé passou o dia de olho nela. Teve o baile a noite e fomos todos dormir muito tarde. No dia seguinte cedo, levantei com a dor natural de noite dormida em rede e fui até o balancim da sede. Toda a fazenda tem um cercado, ou de madeira ou em arame de 6 ou 8 fios, em volta de toda sede para não deixar entrar animais, gado ou cavalo na horta ou pomar e fazer estragos. Normalmente essa cerca é parte de outra que fecha toda a pista de pouso. Fiquei uns dois minutos ali olhando se estava tudo certo com os aviões que estavam a uns 50 metros de distância, quando me avisaram que o chá estava na mesa e era para ir tomando a medida que fosse levantando pois não dava para atender a todos de uma vez. Fui tomar meu café e uns 15 minutos depois me levantei para dar lugar aos que estavam chegando e coincidentemente voltei à pista, no mesmo lugar que estava antes do chá. Estranhei ao ver uns reflexos no vidro do avião, e quando firmei a vista que percebi que era o Zé Mauro me chamando. Fui ate lá para entender o que estava acontecendo e ele me pediu para acompanhá-lo até a casa grande pois estava acordado desde às 6 da manhã, já tinha chamado um monte de gente que chegava na beirada da pista, inclusive eu, e cada vez que tentava descer do avião aparecia a Nina e o recolhia de novo. Não acreditei muito na história, mas não o desmenti também.
A coisa toda só foi se esclarecer alguns meses depois desse último ocorrido. Fomos à fazenda do Romero de Barros apartar e ferrar um gado que tínhamos comprado. Descemos do avião, pegamos as marcas e fomos para o mangueiro. O gado já estava preso, o fogo, para esquentar as marcas, aceso e toda a peonada nos aguardando. Quando escalamos a parede do mangueiro, o Zé Mauro lá de cima, já deu o bom dia perguntando se tem cachorro brabo. Eu já no meio do caminho, e sabendo que ele não desceria se não respondessem, reforcei a pergunta. O não veio em coro acompanhado de algumas risadas. Só depois ele desceu e se encaminhou para onde estava todo mundo. Sem que ninguém entendesse, de debaixo da bancada me sai um boxer, passa correndo por mim sem nem me notar e vai latindo brabo para cima do Zé Mauro. Ele ficou se defendendo com as marcas na mão, uma ele usava para não deixar o cachorro se aproximar e a outra já levantada na altura da cabeça pronta para bordoar o bicho. Isso foi até que o dono do cachorro foi até ele e o segurou. Além de pedir desculpas, agradecia o Ze Mauro por não ter matado o bicho e falava que ele nunca tinha feito isso na vida, que era manso de se deixar coçar por qualquer um. Zé Mauro olhou para mim e falou:
- Tá vendo porque não gosto desses bichos? A antipatia é recíproca. Agora vou dizer a verdade, não bordoei porque estava esperando ele se enquadrar melhor e ia ser uma só.
Fiquei quieto mas tinha certeza que se ele tivesse bosta pronta teria se cagado todo.
De outra feita, estávamos passando uns dias das férias de julho em Piratininga, e além da turma normal, eu e Beá com os filhos, estavam o Choulian, D. Virginia e o Chu. No dia 22 de julho como era aniversário de Santa Anatalia, com 20 minutos de vôo fomos todos para lá. Eu pilotando o Sky Lane e o Zé Mauro no 206. Chegando lá como tinha gente para dar com o pau, só conseguimos acomodar as visitas e a turma da casa foi para a varanda dormir na rede. Como estava frio o Zé Mauro resolveu dormir no avião. O detalhe era a Nina, um cadela fila brasileira de meu cunhado, o Guto, que devia pesar uns 40 quilos. Era um monstro de grande, mas muito mansa. Como tinha as orelhas cortadas, tinha uma aparência de brava, mas estava solta ali na festa transitando entre os convidados e com um monte de crianças. O Zé passou o dia de olho nela. Teve o baile a noite e fomos todos dormir muito tarde. No dia seguinte cedo, levantei com a dor natural de noite dormida em rede e fui até o balancim da sede. Toda a fazenda tem um cercado, ou de madeira ou em arame de 6 ou 8 fios, em volta de toda sede para não deixar entrar animais, gado ou cavalo na horta ou pomar e fazer estragos. Normalmente essa cerca é parte de outra que fecha toda a pista de pouso. Fiquei uns dois minutos ali olhando se estava tudo certo com os aviões que estavam a uns 50 metros de distância, quando me avisaram que o chá estava na mesa e era para ir tomando a medida que fosse levantando pois não dava para atender a todos de uma vez. Fui tomar meu café e uns 15 minutos depois me levantei para dar lugar aos que estavam chegando e coincidentemente voltei à pista, no mesmo lugar que estava antes do chá. Estranhei ao ver uns reflexos no vidro do avião, e quando firmei a vista que percebi que era o Zé Mauro me chamando. Fui ate lá para entender o que estava acontecendo e ele me pediu para acompanhá-lo até a casa grande pois estava acordado desde às 6 da manhã, já tinha chamado um monte de gente que chegava na beirada da pista, inclusive eu, e cada vez que tentava descer do avião aparecia a Nina e o recolhia de novo. Não acreditei muito na história, mas não o desmenti também.
A coisa toda só foi se esclarecer alguns meses depois desse último ocorrido. Fomos à fazenda do Romero de Barros apartar e ferrar um gado que tínhamos comprado. Descemos do avião, pegamos as marcas e fomos para o mangueiro. O gado já estava preso, o fogo, para esquentar as marcas, aceso e toda a peonada nos aguardando. Quando escalamos a parede do mangueiro, o Zé Mauro lá de cima, já deu o bom dia perguntando se tem cachorro brabo. Eu já no meio do caminho, e sabendo que ele não desceria se não respondessem, reforcei a pergunta. O não veio em coro acompanhado de algumas risadas. Só depois ele desceu e se encaminhou para onde estava todo mundo. Sem que ninguém entendesse, de debaixo da bancada me sai um boxer, passa correndo por mim sem nem me notar e vai latindo brabo para cima do Zé Mauro. Ele ficou se defendendo com as marcas na mão, uma ele usava para não deixar o cachorro se aproximar e a outra já levantada na altura da cabeça pronta para bordoar o bicho. Isso foi até que o dono do cachorro foi até ele e o segurou. Além de pedir desculpas, agradecia o Ze Mauro por não ter matado o bicho e falava que ele nunca tinha feito isso na vida, que era manso de se deixar coçar por qualquer um. Zé Mauro olhou para mim e falou:
- Tá vendo porque não gosto desses bichos? A antipatia é recíproca. Agora vou dizer a verdade, não bordoei porque estava esperando ele se enquadrar melhor e ia ser uma só.
Fiquei quieto mas tinha certeza que se ele tivesse bosta pronta teria se cagado todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário