sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Alo pantanal

Nós temos um programa de rádio aqui em Corumbá que é muito conhecido por todos que vivem ou tem fazenda no pantanal. É o "Alô Pantanal". É muito útil e para muitos a única forma de se comunicar, unilateralmente, com a fazenda. É por onde os patrões avisam os empregados que estão chegando e que eles tem que preparar um determinado gado para trabalhar, ou que faleceu um parente próximo, é também quando os parentes mandam cumprimentos pelo aniversário ou aviso que nasceu filho. É tanta coisa que diariamente tem uma hora de programa e todinha tomada com mensagens do pessoal da cidade para o da fazenda. É na hora do almoço e todos da fazenda escutam. Nós que falamos por rádio SSB, também usamos o "Alô Pantanal", quando queremos falar fora da hora marcada, pedindo que eles entrem em radio com a gente, pois eles podem nos chamar a qualquer hora, já daqui para lá não, pois a energia é no grupo gerador motor-diesel que não fica ligado o dia todo. Mas esse programa tem proporcionado alguns lances muito engraçados.
Teve um que a mulher, na cidade, mandou para o marido, na fazenda e foi exatamente assim, só com alguns nomes omitidos, apesar que o mesmo foi dito através de um meio muito mais público do que este modesto blog, e o padrão era sempre o mesmo e assim: 
"Alo seu Sebastião da fazenda TAL, sua mulher, Modestina manda avisar que é pra você vir pra cidade. Ela já saiu do hospital e seu patrão, o Dr FULANO, não quis dar dinheiro para ela que já esta até passando fome. Se continuar assim ela vai ter que voltar para o hospital, pois lá pelo menos ela toma soro."
A turma racha de rir principalmente porque conhece todos os personagens. Outro lance muito engraçado aconteceu com meu concunhado Cauto, casado com a Mena, irmã de Beá. Tem uma fazenda que se chama Berenice e fica no caminho para Santa Anatalia. O caminhão da fazenda, dirigido pelo Vicente deu uma atolada lá e acabou por queimar a embreagem. Pelo rádio da fazenda o motorista contatou o Cauto para mandar um Mecânico com um disco do Mercedes para resolver o problema e avisar pelo Alo Pantanal quando que o mesmo chegaria. Tudo resolvido o Cauto recebe um telefonema muito esquisito e, segundo ele, foi assim:

- Seu Cauto, aqui é o Clemente e o senhor não podia ter feito isso comigo.

- Clemente, Clemente? Rapaz, não estou lembrado de nenhum Clemente. Mas o que houve?

O cara estava realmente injuriado e falou:
- Por isso mesmo que tô te ligando. O senhor não podia colocar aquele Alo Pantanal pro Seu Vicente daquele jeito "Alo seu Vicente, que está aí atolado na Berenice, o Mecânico para te tirar daí já saiu daqui de Corumbá."

- Mas e daí companheiro, não estou entendendo porque o senhor ta tão chateado.

- É que minha mulher chama Berenice e tá todo mundo gozando da minha cara. Isso num é certo não.

É que o "Alo" é pago por palavra e o Cauto quis economizar o Fazenda antes do nome, afinal de contas ele não conhecia nenhuma Berenice. 
Igual a essas um sem numero. Fica para a próxima.

4 comentários:

  1. Que legal esse registro!!! Histórico!!!

    Ana Maio - Embrapa Pantanal

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  2. Hahahaha. Que leitura legal! Valeu meu conterrâneo! Eu tenho um grupo no facebook chamado Corumbaense de Raiz. Chega lá! Você será muito bem vindo. Abraços.

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  3. Foi emocionante ler este artigo, lembrei-me quando morava na Fazrnda Brasilia e sempre que possível ouvia o alô Pantanal, parabéns pela publicação.

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  4. Foi emocionante ler este artigo, lembrei-me quando morava na Fazrnda Brasilia e sempre que possível ouvia o alô Pantanal, parabéns pela publicação.

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