Bea sempre foi a tranqüila do casal. Enquanto eu fico nervoso por pouca coisa ela não sai do sério por quase nada. Assim que terminei meu curso de engenharia civil nós começamos a construir casas em Taubaté. Fazíamos o projeto juntos, eu calculava e acompanhava a parte técnica da obra e ela fazia todo o controle de compra de material e pagamento de mão de obra. Éramos uma DUPLA. Como trabalhava na Mecânica, a única hora disponível era antes de entrar no serviço, quando eu visitava as obras, nos fins de semana e a noite, após a janta, e não eram todos os dias pois tinha que estudar para meu mestrado no ITA. Era bastante corrido, mas íamos muito bem.
Nosso escritório ficava nos fundos da nossa casa. Devia ser o ano de 1980 e enquanto trabalhávamos em um projeto, as crianças brincavam na sala, que ficava a uns 10 metros do escritório, separado por uma área aberta. Escutamos uma batida seca e o choro de uma das crianças. Já fiquei nervoso e ela, me acalmando, saiu para acudir o chorão. Alguns segundos depois ela me aparece na porta do escritório, pálida como uma cera, pulando nos pés e sacudindo as mãos sem conseguir falar. Na hora vi que o que deixou ela naquele estado tinha que ser muito grave. Saí por cima da mesa e corri para sala. Quando vi a cena achei que ia enfartar. O Beto, que estava com 5 para 6 anos, estava de pé, curvado para frente e de sua cabeça, escorrendo pelo pescoço, saia uma quantidade absurda de sangue. Nessas horas eu tenho procedimentos e começo a ditar ordens e não pensar em nada. Fui para o carro gritando para ela carregar ele pro carro que íamos para o médico. Com isso ela saiu do estado de choque e saímos voando para a clínica do médico de Taubaté. No caminho eu tirei a minha camisa e falei pra ela pressionar o corte e tentar estancar o sangue. Eu nem conseguia olhar para ele nem para ela e me esquecia de trocar as marchas do carro. Andei por cima de calçada e desci de guia de mais de 30 cm de altura, quase destruindo minha caravan.
Nosso escritório ficava nos fundos da nossa casa. Devia ser o ano de 1980 e enquanto trabalhávamos em um projeto, as crianças brincavam na sala, que ficava a uns 10 metros do escritório, separado por uma área aberta. Escutamos uma batida seca e o choro de uma das crianças. Já fiquei nervoso e ela, me acalmando, saiu para acudir o chorão. Alguns segundos depois ela me aparece na porta do escritório, pálida como uma cera, pulando nos pés e sacudindo as mãos sem conseguir falar. Na hora vi que o que deixou ela naquele estado tinha que ser muito grave. Saí por cima da mesa e corri para sala. Quando vi a cena achei que ia enfartar. O Beto, que estava com 5 para 6 anos, estava de pé, curvado para frente e de sua cabeça, escorrendo pelo pescoço, saia uma quantidade absurda de sangue. Nessas horas eu tenho procedimentos e começo a ditar ordens e não pensar em nada. Fui para o carro gritando para ela carregar ele pro carro que íamos para o médico. Com isso ela saiu do estado de choque e saímos voando para a clínica do médico de Taubaté. No caminho eu tirei a minha camisa e falei pra ela pressionar o corte e tentar estancar o sangue. Eu nem conseguia olhar para ele nem para ela e me esquecia de trocar as marchas do carro. Andei por cima de calçada e desci de guia de mais de 30 cm de altura, quase destruindo minha caravan.
Quando chegamos à clinica com o gurizinho todo ensangüentado, a enfermeira falou que ia chamar o médico que morava a uma quadra dali. Antes de ela pegar o telefone eu já saí correndo para a casa dele com um menino de bicicleta que foi me mostrar onde era. Eu corria mais que o guri com a bicicleta. Trouxe o medico pela mão correndo pela rua dizendo que meu filho tinha quebrado a cabeça e estava morrendo. Quando ele entrou para a enfermaria para fazer o atendimento não consegui ir junto e me sentei na sala de espera e foi então que percebi meu estado. Como estava sem camisa, percebia claramente o pulsar do coração e parecia que ele ia sair do peito. Não só eu, mas todo o pessoal que estava na sala de espera para se consultar com outros médicos da clinica. Então caiu minha ficha, que estava sem camisa em um lugar público e devia estar parecendo um louco, e estava mesmo. Medi o meu batimento cardíaco e estava acima de 200. Na hora eu pensei que íamos nós dois pro saco. Acho que a recepcionista percebeu meu estado e entrou para chamar o médico. Em 5 minutos ele já apareceu dizendo que tinha sido só um corte e que aquela região sangrava muito mesmo, que estava tudo muito bem e que eu precisava me acalmar. Percebi que ele estava preocupado comigo e portanto poderia estar mentindo quando já apareceu o Betão com a cabeça toda enfaixada e explicando para Bea o que tinha acontecido. Ele estava pulando de uma poltrona para outra quando errou o pulo e caiu de costa batendo a nuca no braço da poltrona que era de madeira.
Hoje não sei dizer o sentimento que tomou conta de mim, mas foi uma mistura de medo do que poderia ter acontecido, com um pouco de alegria de não ter sido nada grave e uma pitada de desconfiança do médico ter se enganado e depois vir um traumatismo craniano seguido por um coma. Isso tudo, mas os peitos de fora devem ter me feito ficar com aquela cara de bundão e só consegui falar:
- Obrigado doutor, vamos ligar para o Jamal?
A vontade de dar um beijo nele só veio com a resposta:
- Pode ficar tranqüilo que não precisa. Você já me conhece e sabe que eu ligo mesmo. Vai embora tranqüilo. Agora vou te dizer uma coisa, não reclame dos pontos terem ficado uma porcaria, pois você me arrastou de casa e não deixou nem eu pegar meus óculos, portanto a culpa será sua.
Hoje uma das coisas que me deixam triste, e esse é o principal motivo deste blog, é que não me lembro mais do nome desse médico mesmo ele tendo sido um cara tão importante na minha vida.
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