quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meus Mestres

Me considero uma pessoa bem sucedida e tenho que reconhecer que os meus méritos para isso foram poucos. Tive um pai espetacular que foi bom em tudo, marido, trabalhador e que sempre me serviu de exemplo. Nunca foi de dar muitos conselhos, era mais do tipo "faça como eu" sem nunca ter dito isso. Mamãe foi professora e deve ter sido muito boa. Sei disso porque no meu primário passávamos três meses por ano em São Paulo, eu sem aulas, e nunca perdi um ano. Nesse período ela era a única a me ensinar todas as matérias.
Aí vieram os "estranhos". No primário, Constancinha, já escrevi aqui sobre ela, me iniciou no be a ba. Dona Natercia, braba que só ela me colocou na linha e aprendi a prestar atenção ou entrar na palmatória. No ginásio Salesiano de Santa Tereza, Professor Rachide Bardaiul, Matemática, daqueles de letras redondas e bonitas. Comecei a desvendar a álgebra com ele e foi um dos melhores da minha vida na área. Mestre Luiz, Português, fala mansa, nunca o vi putear ninguém e todos o respeitavam. Professor Djalma Sampaio Brasil, línguas, tinha uma técnica de memorização e um procedimento em aula que tomava toda a sua atenção.
No científico, no colégio Arquidiocesano de São Paulo, peguei algumas pérolas na minha vida, e alguns casca grossa também. Irmão Constantino de matemática e que me ensinou a importância de ser exato. Sua prova era de uma única questão e tinha que ter a resposta final correta. Não tinha isso de acertar o raciocínio e ele falava: "quem sabe sabe, quem no sabe é zero", isso batendo as costas de uma mão na palma da outra. Era espanhol. Uma vez fiz tudo certo e errei nas contas. Tomei zero e fui reclamar que o raciocínio estava certo e isso contava, tinha que valer alguma coisa. Ele me falou que se eu estivesse certo, então ele que errou nas contas me dando zero, sendo assim estávamos empatados. Continuei com o zero. Pereti foi outro cobra de matemática. Teve o Irmão Nilo de química, com esse não consegui aprender nada. Ele era muito bravo e seu prazer estava em mostrar que ninguém sabia nada. Certa vez estava sentado na última fila da classe quando ele me perguntou o nome de uma fruta que tivesse muito amido. Respondi banana umas três vezes e ele fazia que não escutava. Eu já ficando nervoso resolvi mostrar uma banana para ele cruzando um braço sobre o outro. Quase fui expulso da escola e tive que levar papai lá para explicar as minhas intenções. Não gostava dele e não tenho saudades.
No Anglo peguei só nego bom, tanto de conhecimento como de didática. Gabriades, Cid Gueli, Feltri, Carlos Marmo e outras feras. Sabiam prender a atenção de um aluno como nenhum outro. Na MAUA teve o Gaspar Ricardo, Trajano, Brevis, Cavalari, Roberto de Barros Lima, Samuel Karlik, Israel M. Rosemberg, Justino Castilho e os dois, inesquecíveis, que fizeram eu me apaixonar pela área, Kalil Arbix de máquinas de transporte e levantamento e Dimer Benati de maquinas hidráulicas. Com o último teve um lance muito engraçado. Ele já estava com mais de 70 anos e tinha só a primeira falange do indicador. Estava levando todo o pessoal do quinto ano para conhecer a usina de Cubatão onde iria nos apresentar as turbinas Pelton que operavam na usina. Como íamos almoçar lá o Edgar perguntou a que horas sairia a bóia. Ele na frente do ônibus levantou os dois dedos, o polegar pela metade e o pai de todos, quando o gajo lá de trás quis confirmar se seria 1:30 ou 2:00 horas. Na hora ele recolheu o indicador deixando só o pai de todos a mostra, mandando o tipo tomar no rabo. Foi uma risada só, até que todos ficaram quietos e o Edgar voltou a carga:
- ok, anteciparam para uma da tarde.
Aí foi o Dimer quem deu risadas.
Na Unitau teve o Manara de Resistência dos Materiais, o Israel de Concreto Protendido e o professor de Pontes, que como demorei para começar escrever esse blog, imperdoavelmente já me esqueci de seu nome. Mas ele era bom e engraçado. Tinha a língua presa, não conseguia falar o R, e o mais importante, não sabia disso. Vivia dizendo que "engenheiio tem que faiar ceito". Era o próprio Hortelino, e falava isso com cara mais séria do mundo. Outra frase famosa é que "caneta é coss, e calculadoia é HP, o ésto não pesta" e eu concordo com isso até hoje.
A última fase de estudos foi o ITA e lá tive 3 professores, Paulo Rizzi, de análise matricial e otimização de estruturas, meu orientador e mestre, Wolf Altman de elasticidade e estabilidade elástica e Razim Al Quiresh de plasticidade.
Todos foram muito importantes para mim e devo muito a eles. E a partir de agora que já estão no blog, posso dizer que não vou esquecê-los mais.

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