segunda-feira, 10 de maio de 2010

Constancinha

Eu devia ter uns 5 anos quando fui para escola pela primeira vez.
Naquela época não tinha esse negócio de maternal, não tinha nem jardim de infância. Isso seria inventado uns dois anos depois de minha iniciação. Começava com o primário, onde você era alfabetizado daquele jeito de b a , e por aí em diante. Ia com papai levar o meu irmão, Tontônio, que era 3 anos e meio mais velho e ficava chorando que também queria ir.
Um dia acreditaram e fizeram essa judieira comigo. Com 5 anos me colocaram na escola Domingos Savio, ou colégio de D. Natercia. Lá conheci a Constancinha e me apaixonei. Foi o primeiro amor da minha vida. Só não deu certo porque eu tinha 5 anos e ela uns 18. Acho que só Mamãe sabia daquele amor, pois colocava sempre uma maçã a mais na minha lancheira e nunca perguntava pra quem.

Encontrei D. Constancinha muitas vezes depois que me tornei adulto, moramos na mesma cidade e sempre tive uma admiração muito grande por ela.

Uns meses atrás, eu com quase 60 anos e ela, sem parecer, passada dos 70, encontro-a em uma loja minha pagando as contas no caixa. Me dirigi a minha funcionaria e falei:

- Sandra, trate bem essa cliente pois foi a professora mais bonita que tive na vida, no que ela respondeu:

- Você hein Tadeu, que comerciante bom. Para agradar um cliente fala qualquer mentira.

E caímos na risada. Não tive a coragem de dizer, que não só era verdade como todo o resto. Continua sendo só meu esse segredo.

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