Eu já falei de meu primo Zé Alberto, quando escrevi Vermelha ou Preta. Essa ele me contou em uma das nossas muitas viagens. Andávamos sempre juntos pros leilões ou comprando gado de particular que ele arrumava. Ele estava recém formado e chegando em Corumbá. O pai dele, novo ainda, cuidava de tudo e ele abriu o consultório. Era veterinário. Seu primeiro cliente foi uma figura folclórica aqui na cidade, seu Hugo, e como vivia com um cachimbo na boca e para diferenciar de outros Hugos, não sei porque - eu não conhecia nem um outro, ficou Hugo Cachimbo. No primeiro dia, aparece o homem com um leitãozinho debaixo do braço, ele era meio gordo e o leitão se confundia com ele. O Zé quando o viu, perguntou o que ele tinha ido fazer lá? O cara já emputeceu e disse:
- Me consultar que não é. Meu leitão esta com uma hérnia e quero que você opere.
O Zé ficou super contente e preocupado também. Primeiro cliente e já uma cirurgia. Inauguração completa da clínica. Mandou preparar imediatamente a sala de cirurgia, resolveu chamar o Dr. José Carlos, outro veterinário só que de grandes animais, para ser seu instrumentador e o Dr. Moises, esse médico de gente, para anestesiar o porco. Quando o Hugo viu toda essa arrumação, perguntou:
- Doutor José Macaca (e carregou no doutor), quanto vai me custar essa brincadeira?
O Zé fez as contas em voz alta e se fosse em dinheiro de hoje seria algo assim:
- Cirurgião 130, anestesista 100, esse Moisés é careiro e não quer saber se é bicho ou gente diz que é tudo o mesmo preço, ele cobra por hora, assistente 70. Vai dar tudo uns 300.
Nisso o Hugo se levanta, cata o porquinho que estava no colo do Zé, põe em baixo do braço e fala:
- Ô meu, mais caro que o porco!
E foi-se embora.
Hoje na cidade a expressão "Mais caro que o porco" e mais usada que "pia de água benta".
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