Na época em que fax e Internet eram ficção cientifica, todas as compras eram feitas através de vendedores, que viajavam visitando os clientes e tirando os pedidos de compra. Telefone já existia mas era tão demorado e caro que inviabilizava qualquer compra por esse meio.
Papai sempre contava histórias interessantes. Eu gostava de ouvi-lo. Algumas eram incríveis. O Lobo do título era um desses viajantes que vivia aprontando. Contava papai que em uma das viagens a Corumbá, o Lobo foi um dos primeiros a embarcar no avião e foi direto para o banheiro. Chegando lá, tirou um chocolate meio derretido do bolso e espalhou pelo banheiro todo. Quando todos os passageiros estavam embarcados, ele abre a porta do banheiro e faz um escândalo: Que sujeira era aquela? Chama o comandante! Ele não viaja naquele avião de jeito nenhum!
Chegando o comandante, ele entra primeiro no banheiro e fica observando a cara abestalhada do piloto que balbucia:
- Mas o que é isso?
O Lobo passa o dedo no chocolate, leva a boca e fala:
- Merda uai! Pode experimentar.
Papai contava isso como verdade e quando duvidávamos se realmente o lobo tinha feito isso, ele abria a gaveta e mostrava um cartão de comunicado de falecimento:
A esposa saudosa e os filhos comunicam a passagem do Não Sei Quem Lobo, que deixa muitas saudades e blábláblá...
E contava que quando recebeu esse cartão, mandou um telegrama de pêsames e estava ainda chateado quando entra o Lobo pela porta dando risada e perguntando se papai ia aumentar o pedido para demonstrar sua alegria do Lobinho estar vivo.
O bicho era louco mesmo.
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