sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lobo, o Viajante

Na época em que fax e Internet eram ficção cientifica, todas as compras eram feitas através de vendedores, que viajavam visitando os clientes e tirando os pedidos de compra. Telefone já existia mas era tão demorado e caro que inviabilizava qualquer compra por esse meio.

Papai sempre contava histórias interessantes. Eu gostava de ouvi-lo. Algumas eram incríveis. O Lobo do título era um desses viajantes que vivia aprontando. Contava papai que em uma das viagens a Corumbá, o Lobo foi um dos primeiros a embarcar no avião e foi direto para o banheiro. Chegando lá, tirou um chocolate meio derretido do bolso e espalhou pelo banheiro todo. Quando todos os passageiros estavam embarcados, ele abre a porta do banheiro e faz um escândalo: Que sujeira era aquela? Chama o comandante! Ele não viaja naquele avião de jeito nenhum!

Chegando o comandante, ele entra primeiro no banheiro e fica observando a cara abestalhada do piloto que balbucia:

- Mas o que é isso?

O Lobo passa o dedo no chocolate, leva a boca e fala:

- Merda uai! Pode experimentar.

Papai contava isso como verdade e quando duvidávamos se realmente o lobo tinha feito isso, ele abria a gaveta e mostrava um cartão de comunicado de falecimento:

A esposa saudosa e os filhos comunicam a passagem do Não Sei Quem Lobo, que deixa muitas saudades e blábláblá...

E contava que quando recebeu esse cartão, mandou um telegrama de pêsames e estava ainda chateado quando entra o Lobo pela porta dando risada e perguntando se papai ia aumentar o pedido para demonstrar sua alegria do Lobinho estar vivo.

O bicho era louco mesmo.

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