A Bernadete era a nossa bibliotecária na Mecânica. Todos os livros ficavam sob sua responsabilidade. Quem o retirasse tinha que preencher uma ficha e deixar seu nome para que se outro precisasse pudesse encontrá-lo. Fui a biblioteca e não achei o livro que queria e tampouco a ficha do mesmo. Depois de horas procurando e sem conseguir motivar a Bernadete a sair atrás vasculhando as gavetas de todo mundo, resolvi reclamar para o Choulian. Quando estávamos sozinho eu o tratava como amigo, sem nenhuma formalidade. Na frente de qualquer outro era Eng. Choulian. Como estávamos sozinhos eu disse a ele:
- Choulian, não acho a porra do Timoshenko e estou atrasado com os cálculos de Itaipu. Se não encontrar essa merda logo estou fudido e a Bernadete não está me ajudando.
Tinha me esquecido que ele não falava palavrão e não entendia muito de gíria. Falava e escrevia português corretamente e mais 4 ou 5 línguas: inglês, francês, búlgaro, russo, mas gíria em nenhuma língua. Chamou a Bernadete imediatamente, pediu que ela se sentasse e disse:
- Bernadete, preste muito atenção no que vou te falar. Se você não achar a porra do livro do Timoshenko que o Eng. Tadeu esta procurando você esta fudida, entendeu?
Eu quase cai da cadeira. A Bernadete estava uma cera. Não conseguia nem rir. Como ela não respondia, ele reforçou:
- Você entendeu Bernadete ou preciso soletrar. F u d i d a. Vá achar a porra do livro!
Quando ela saiu da sala, criei coragem e falei:
- Choulian, você não podia falar desse jeito com ela. Você sabe o que é fudida? Ele olhou pra mim e disse:
- Encrencada?
- Pior, Choulian, muito mais forte. Mais ou menos como estuprada. E porra é o sêmen do homem. São gírias e só se pode falar entre homens!
Ele, agora corretamente, falou:
Corri e fui falar com a Bernadete. Quis aplicar o golpe de que ela não tinha entendido direito, quando ela retrucou:
- Que parte? Da porra ou do tá fudida?
A Tereza, secretária do Choulian desde que ele chegou no Brasil, que consertou tudo, com explicações de intenção versus palavras, e achamos a porra do livro.
Olá Tadeu!
ResponderExcluirAqui é a Diana, filha da Maria Tereza. Parabéns pelo blog, me diverti muito, minha mãe encaminhou o seu e-mail com o endereço do blog. Adorei a história do vô Luís. Já a conhecia porém ela ficou muito melhor agora, com todos os detalhes.
E confesso: a melhor história é essa do Choulian, assim como disse para minha mãe, parece aquelas piadas de estrangeiros que tem na internet!
Um beijo para você e Bea.
Diana
Olá Tadeu
ResponderExcluirFoi com um misto de emoção, saudade, alegria e muuuuuiiiito riso que visitei seu blog. Perdoe-me pelo atraso!
Não sabia que v. continuava a escrever sistematicamente no blog (e tão bem ..... tenho que admitir vc. melhorou muito ...)
Tentei entrar uma vez no trabalho e não consegui, creio que devido a um bloqueio da rede interna da empresa.
Em casa, não tenho o costume de usar o computador, já que trabalho com ele o dia inteiro.
Através do último link que a Laura me enviou (muitíssimo obrigada a Laura) consegui entrar e fiquei simplesmente encantada com suas deliciosas histórias.
V., Beá e toda sua família são especiais e sempre que a turma de Taubaté se reúne, os impagáveis momentos que passamos juntos são lembrados.
Um forte e carinhoso abraço para vc,, Beá e todos os Marinhos.
Maria Tereza