Tudo na vida tem suas compensações. Acontece uma coisa ruim que te deprime e logo em seguida, às vezes não tão logo, acontece outra da mesma natureza que te alegra. Há uns 10 anos atrás, estava no aeroporto de Foz do Iguaçu, aguardava o Luis Mario fazer nosso plano de vôo para Corumbá, quando escuto uma conversa de um pessoal atrás de mim. Na hora reconheço a voz do Oswaldo Panzarini. Tínhamos trabalhados juntos há 20 anos na mesma empresa, eu na engenharia e ele no departamento comercial da Mecânica Pesada. Tínhamos participado de muitas concorrências juntos durante 10 anos e nos tornado bons amigos, assim eu achava. Levantei-me e me dirigi a ele todo sorridente, feliz com aquela coincidência, e apontando pra ele naquela roda de vários executivos, falei:
- Oswaldo Panzarini, você não mudou nada, nem a voz.
Como ele me olhou com uma total indiferença, eu completei:
- Não está se lembrando de mim? Reconheço a sua voz e você, me olhando, não se lembra? E a pressão? Continua alta? Não é possível que eu esteja enganado. Você não é o Oswaldo?
- Sou, mas não tenho a menor idéia de quem você seja.
- Tadeu Marinho, da Engenharia da Mecânica Pesada! 1974 a 1984 - Falei isso e fiquei aguardando a sua reação, esperando que ele me abraçasse, fizesse algum comentário do tipo que engordei, ou como os cabelos branquearam, e me apresentasse aos outros executivos que estavam com ele. Entretanto ele continuou me olhando impassível e não mostrou a menor reação, nem mesmo de que se lembrava de mim. Fui ficando sem jeito, com todos me olhando como se eu tivesse interrompido uma conversa importante sem motivos. Ele ainda falou:
- Não estou me recordando de você.
Minha salvação foi que, nesse momento, o Luiz Mario chegou e falou:
- Tadeu, nosso plano de vôo esta autorizado. Podemos decolar quando você quiser.
Virei para o pessoal que estava com ele e disse:
- Perdoem-me por ter interrompido a conversa dos senhores, mas fui parceiro desse sujeito ai há uns 15 anos atrás e por 10 anos, e ele não de lembra mais de mim. Vai acontecer igual com vocês. Passem bem.
Fui para meu Baron que estava a uns 20 metros e aparecia em todo seu esplendor pelo blindex da sala de espera. De cima da asa dei uma última olhada e vi aquele bando de homem me olhando com o Oswaldo Panzarini no meio deles. Fiquei muito puto e cheguei a me questionar quantas outras pessoas tinham passado pela minha vida e deixado marcas, sem que eu deixasse a mais leve pegada em suas vidas. Tínhamos o mesmo nível, estávamos em início de carreira, tudo igual. Eu recordava as feições, voz, nome, sobrenome e tudo mais dele, até que o filho da puta tinha pressão alta e o cara absolutamente nada de mim.
Fiquei muito tempo com isso na cabeça até que na semana passada aconteceu diferente. Estava na distribuidora de carne trabalhando quando me avisaram que tinha um Miguel no telefone. Quando perguntei "Que Miguel?" a secretária se enrolou toda e disse que era um sobrenome incompreensível e “irrepetível”. Na hora eu falei:
- Vourakis?
Ela abriu uns olhões e respondeu:
- Acho que é isso mesmo.
Atendi e era o Miguel Vourakis, companheiro de Mecânica pesada, igual ao Oswaldo, do departamento comercial também, igual ao Oswaldo, e que tínhamos feito amizade participando de concorrências pela empresa, igual ao Oswaldo, e isso tudo há 30 anos, 10 anos mais do que o encontro com o Oswaldo. Larguei o que estava fazendo e fui até o hotel me encontrar com ele. Tinha vindo com um grupo de amigos para pescar no pantanal e desde a chegada estava tentando me encontrar, pois queria saber como e o que eu estava fazendo. Ficamos duas horas conversando. Lembramos do Milton Cabral, Adilson Wanderlei, que infelizmente parece que faleceu, Jose Rui, Marcos Samecima, Osny Orseli e toda a turma do comercial. A medida que íamos conversando íamos lembrando de todo pessoal. No final, contei a ele sobre o acontecido há 10 anos e como tinha ficado contente em saber que ele estava bem e que se lembrava de mim, exatamente ao contrário do veado do Oswaldo.
Ele estava se aposentando, tínhamos a mesma idade e ia começar a passear com a esposa. Fiz ele prometer que a primeira viagem ia ser com a família para o pantanal. Ele me fez acreditar novamente que as coisas imprimem igual nas memórias das pessoas e o Oswaldo que era a exceção. Ainda bem.
- Oswaldo Panzarini, você não mudou nada, nem a voz.
Como ele me olhou com uma total indiferença, eu completei:
- Não está se lembrando de mim? Reconheço a sua voz e você, me olhando, não se lembra? E a pressão? Continua alta? Não é possível que eu esteja enganado. Você não é o Oswaldo?
- Sou, mas não tenho a menor idéia de quem você seja.
- Tadeu Marinho, da Engenharia da Mecânica Pesada! 1974 a 1984 - Falei isso e fiquei aguardando a sua reação, esperando que ele me abraçasse, fizesse algum comentário do tipo que engordei, ou como os cabelos branquearam, e me apresentasse aos outros executivos que estavam com ele. Entretanto ele continuou me olhando impassível e não mostrou a menor reação, nem mesmo de que se lembrava de mim. Fui ficando sem jeito, com todos me olhando como se eu tivesse interrompido uma conversa importante sem motivos. Ele ainda falou:
- Não estou me recordando de você.
Minha salvação foi que, nesse momento, o Luiz Mario chegou e falou:
- Tadeu, nosso plano de vôo esta autorizado. Podemos decolar quando você quiser.
Virei para o pessoal que estava com ele e disse:
- Perdoem-me por ter interrompido a conversa dos senhores, mas fui parceiro desse sujeito ai há uns 15 anos atrás e por 10 anos, e ele não de lembra mais de mim. Vai acontecer igual com vocês. Passem bem.
Fui para meu Baron que estava a uns 20 metros e aparecia em todo seu esplendor pelo blindex da sala de espera. De cima da asa dei uma última olhada e vi aquele bando de homem me olhando com o Oswaldo Panzarini no meio deles. Fiquei muito puto e cheguei a me questionar quantas outras pessoas tinham passado pela minha vida e deixado marcas, sem que eu deixasse a mais leve pegada em suas vidas. Tínhamos o mesmo nível, estávamos em início de carreira, tudo igual. Eu recordava as feições, voz, nome, sobrenome e tudo mais dele, até que o filho da puta tinha pressão alta e o cara absolutamente nada de mim.
Fiquei muito tempo com isso na cabeça até que na semana passada aconteceu diferente. Estava na distribuidora de carne trabalhando quando me avisaram que tinha um Miguel no telefone. Quando perguntei "Que Miguel?" a secretária se enrolou toda e disse que era um sobrenome incompreensível e “irrepetível”. Na hora eu falei:
- Vourakis?
Ela abriu uns olhões e respondeu:
- Acho que é isso mesmo.
Atendi e era o Miguel Vourakis, companheiro de Mecânica pesada, igual ao Oswaldo, do departamento comercial também, igual ao Oswaldo, e que tínhamos feito amizade participando de concorrências pela empresa, igual ao Oswaldo, e isso tudo há 30 anos, 10 anos mais do que o encontro com o Oswaldo. Larguei o que estava fazendo e fui até o hotel me encontrar com ele. Tinha vindo com um grupo de amigos para pescar no pantanal e desde a chegada estava tentando me encontrar, pois queria saber como e o que eu estava fazendo. Ficamos duas horas conversando. Lembramos do Milton Cabral, Adilson Wanderlei, que infelizmente parece que faleceu, Jose Rui, Marcos Samecima, Osny Orseli e toda a turma do comercial. A medida que íamos conversando íamos lembrando de todo pessoal. No final, contei a ele sobre o acontecido há 10 anos e como tinha ficado contente em saber que ele estava bem e que se lembrava de mim, exatamente ao contrário do veado do Oswaldo.
Ele estava se aposentando, tínhamos a mesma idade e ia começar a passear com a esposa. Fiz ele prometer que a primeira viagem ia ser com a família para o pantanal. Ele me fez acreditar novamente que as coisas imprimem igual nas memórias das pessoas e o Oswaldo que era a exceção. Ainda bem.
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