segunda-feira, 4 de julho de 2011

Casa da Vó

Beto com Paty são quase meus vizinhos, pula só uma casa. Daniel com Livia moram a duas quadras e Guilherme e Ana a cinco. Longe mesmo só Laura com o José Carlos que moram em São Paulo, mas quando vamos lá, nosso apartamento é no mesmo prédio, e como todos os corumbaenses, gostamos de viver em bando, como diz Giilherme, igual queixada. Isso é muito bom, principalmente para eles, modéstia a parte, que quando querem sair largam as crias com a gente, o que gostamos muito, tanto nós quanto os gurizinhos. Essas dormidas tem proporcionado lances muito engraçados.
Uma vez a Isabela veio com Tomás. A Belinha insistiu que queria dormir no nosso quarto e Bea colocou um colchão no chão e, sabedora dos problemas, do lado dela. Como ronco um pouco eu a acordei no meio da noite que acordou Bea perguntando o que estava acontecendo e isso com muito medo. Bea a acalmou e disse que era o vovô dormindo e que roncava daquele jeito. Mesmo com a mistura de sono e medo, ela olha pra Bea e pergunta:
- Mas precisa?
Saiu com seu colchão e foi dormir no quarto com Tomas.
Eles gostam de dormir em casa porque aqui o horário é mais flexível. Dormem vendo televisão, acordam vendo televisão, vêem televisão no meio da noite, coisa impensável nas suas casas, que tem horas para essas coisas. O Tomas é o mais fanático. Acorda de madrugada e nos acorda para perguntar de já esta na hora de levantar, só para ver televisão. Numa dessas, depois de ter acordado Bea e voltado para cama, pois eram 4h da matina ainda, volta as 5h para o nosso quarto e com a abertura da porta quem acorda sou eu. Quando ele viu que eu não estava dormindo, foi do meu lado e perguntou se podia dormir comigo. Respondi:
- Dormir pode. Três minutos e meio depois, ele não parava de se mexer e vendo que eu continuava acordado me pediu para ligar a televisão. Estava demorando muito. Ainda fala:
- Baixinho para não acordar a vovó.
Liguei a mesma e ele, baixinho, e de novo ele me pede:
- Põe no 89.
No escuro do quarto teclei o 23. Achei que o controle era máquina de calcular. Ele conhecia o canal e viu que estava errado. Põe a mãozinha em concha, encosta no meu ouvido e sussurra:
- 89 vovô.
Vou de novo e faço nova tentativa achando que errei a fileira e prego o 56. Ele percebendo, fala no meu ouvido, agora um pouco mais alto:
- 89 VÔ.
Já meio aborrecido com aquela história, pego o controle e sem óculos no escuro, faço nova tentativa e novo erro. Aí ele não agüentou e falou alto:
- 89 vô! Você ta surdo?
Com o sono só consegui responder:
- Surdo e cego e agora de saco cheio de você. Finalmente acertei o 89, virei e não consegui mais dormir pois ele me chutou até clarear o dia. Esse é o Tomás.
Já o Filipinho com o Benjamim, são mais independentes e as aprontadas são de outro tipo, uma vez que a TV eles ligam sozinhos e sem pedir. Eles dividem o banheiro comigo e eu estava nele quando o Filipinho chegou esmurrando a porta quando começou um dialogo surreal. Só podia ser filho de Guilherme. Comecei com o tradicional "tem gente"
- Vovô, quero mijar. Sai rápido.
- Num da não. Vou demorar mais um pouquinho que o seu rápido.
- Porque, você tá cagando?
Nunca vi delicadeza maior. A mãe fala toda certinha com ele e fica injuriada com o Guilherme que é brutão e só usa esses termos de peão de fazenda. Benjamim nem sabe o que é cocô, é bosta mesmo. Mas são super educados e, talvez os mais divertidos. Apelidei o Benjamim de Salinzinho. Ele estava tirando notas baixas na escola e fizemos um trato com ele. Um real por ponto da nota. Tirou 10, dez reais, tirou 5, só 5. Nas últimas provas quase quebrei. Em oito provas, o bichinho me tomou 75,00 reais. Nunca pensei que o turcão nosso ia se manifestar ali. Agora vamos abrir uma poupança. Pergunta se ele quer presente, ele pede dim dim. Já está resolvido, será o financeiro da Ema. Só esperar crescer mais um pouco, está com 8 anos, mais 15 levo ele para lá, e para mim esse tempo passa rapidinho. Infelizmente.

Um comentário:

  1. Até hoje a Isa não aceita dormir no nosso quarto, ficou traumatizada....

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