Foi na década de 90 do século passado. Éramos Tontonio com Lenir, eu e Bea, e mais um lote de pessoas de nossas relações comerciais. Nosso destino era Vancouver, no Canadá. Íamos assistir ao grande prêmio de formula Indy, onde tínhamos o Gugelmim correndo pelo Brasil. A viagem era prêmio recebido pelas vendas efetuadas no ano para uma das empresas que representávamos. Tudo estava indo muito bem, viajamos de primeira classe, a única bagagem extraviada foi a de um companheiro, as nossas chegaram todas em ordem, e tínhamos uma guia portuguesa a nos acompanhar o tempo todo. Só não dormia com a gente e foi nessa hora que tudo aconteceu.
No meio da noite, começou a tocar uma sirene no corredor do hotel. No começo achei que fazia parte de meu sonho mas ela não se encaixava em lugar nenhum dele. Quando vi que era exógeno pois continuava após eu estar completamente acordado, tentei ver se Bea esclarecia o que estava acontecendo mas não consegui acordá-la. Fui até a porta e saí no corredor. Existia um tropel de gente descendo as escadas e comecei a desconfiar que poderia ser alarme de incêndio, mas não tinha o menor cheiro de fumaça e se tem uma coisa que eu tinha de bom era o olfato, chegava a ser um faro. Nisso, uma gringa abriu a porta de seu quarto, olhou para mim e deu aquela levantada de ombros como dizendo "que porra é essa?" e vendo a minha resposta de duas levantadas de ombro de "nem imagino!", voltou para seu quarto e eu voltei para a cama.
Tentei acordar Bea novamente que me mandou, meio dormindo, ligar para a portaria. Esqueci de como era meu inglês e a resposta ao meu "what is happening?" foi incompreensível. Eu repetia a mesma pergunta e recebia a mesma resposta e não entendia porra nenhuma, ela era muito comprida. Na terceira vez resolvi mudar e falei: "I am to run or sleep?" e aí veio a resposta tranqüilizadora: “Sleep”, seguido de uma desligada na cara, que me deixou mais tranqüilo ainda. A canadense podia ser mal educada mas não tinha nada de grave acontecendo e depois meu nariz não falhava.
Voltei para cama sem que Bea perguntasse qual foi a resposta da telefonista e olha que o nariz dela é uma merda. Vai ser tranqüila assim lá longe. No dia seguinte é que ficamos sabendo do pizé todo. Da nossa turma, fomos os únicos que não descemos, e do resto do hotel só a minha vizinha da frente que eu, levianamente, tranqüilizei. O resto do povo, depois do susto, passou a noite em claro. Tinha sido um alarme falso, que algum engraçadinho acionou de sacanagem. É..., lá também tem disso.
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