quinta-feira, 28 de julho de 2011

Benjamim

Era comemoração antecipada do São João da escola Santa Inês. Como tenho um lote de netos lá, fui para vê-los dançar quadrilha. O Benjamim estava com a menina mais bonita da escola. Realmente uma graça e seu jeito todo encabulado me fez lembrar de Alice Campos. Já escrevi sobre ela aqui, minha primeira namorada. Quando fui brincar com ele, que a companheira de quadrilha dele era a menina mais bonita da festa, ele se avermelhou todo e ficou bravo comigo. Percebi na hora que o bichinho estava apaixonado. Para deixá-lo meu amigo de novo, comecei a contar sobre a Alice. Fui fantasiando e descrevendo como ela era bonita, contando detalhes, da sua covinha quando sorria, da mão muito pequena e lisinha, do duro que eu dei para ficar de mãos dadas com ela no cinema. E ele prestando a maior atenção, com os olhinhos brilhando e isso no meio da festa. Quando vi que estava ganhando a sua confiança, perguntei:

- Como é o nome de sua namorada?

- Giovanna. Não é namorada.

- Ainda - completei - mas percebi ela te olhando e, como sou experiente, já vi que ela também gosta de você.

E ele ficou todo contente e perguntou quantos anos eu tinha, na época da Alice.

- Eu tinha 8 anos e hoje, com 61, ainda me lembro das vezes que saíamos da escola e eu ia carregando seus livros até a porta da casa dela.

- Livros! Que livros vovô? Ela não tinha mochila? 

Não consegui ficar sem rir e pensar com meus botões de como esta vida é engraçada, como tem coisas que mudam muito e outras não mudam nadinha. O amor platônico dele era igualzinho ao meu, entretanto na minha época não tínhamos mochilas.

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