Tem coisas que achamos que são do além, mas no fim são apenas a ocorrência do pouco provável. Tudo pode acontecer e se você coloca o número de tentativas tendendo ao infinito, a probabilidade de acontecer aquela previsão tende a 100%. O que impressiona a gente é um fato raro acontecendo em um momento oportuno e muito cedo.
Eu devia ter uns 11 anos e fui ao cinema assistir ao "Homem sem cabeça", daqueles filmes de terror feitos em 1961. Da para imaginar os "efeitos especiais" da época. Mas resumindo a história, era um cara que foi condenado à morte por decapitação e para não entrar no Paraíso, essa era a lenda, a cabeça foi enterrada separada do corpo. Como ele era inocente a cabeça comandou o corpo, depois de enterrado, para sair de onde estava e ir buscá-la para ficarem juntos, mas antes o corpo resolveu se vingar dos que tinham feito aquilo com ele.
A sessão era das 20h às 22h no cine Tupi. De lá até a minha casa eram duas longas quadras na rua 7 de setembro, que era super arborizada e, por isso, mal iluminada. Fui com amigos que moravam em lados postos. Estava sozinho, eu e o homem sem cabeça. Mas eu já era um homem e fui. Cagando nas calças, mas fui. Cada vento que movimentava um galho e fazia uma sombra se mexer, eu acelerava o passo. Cheguei em casa correndo.
Entrei na sala, onde tinha a escada que levava ao andar superior e estava o meu quarto. Todos dormiam. Ai continuou as coincidências. Fui no interruptor de baixo que acendia a luz da escada e quando o acionei a luz não acendeu. Ele era daqueles de dois botões e ligado em paralelo com outro igual que ficava no topo da escada. Se um dos dois estivessem parado numa posição intermediária o outro vão funcionava. Estava muito escuro e isso fez o medo virar pavor. Já estava achando que era coisa do homem sem cabeça. Fui subindo as escadas e tateando a parede querendo chegar no interruptor de cima e acender a porra daquela luz.
A hora que eu peguei no interruptor, uma outra mão pousou sobre a minha. O que senti na hora é indescritível e até hoje, passados 50 anos, eu me lembro da descarga elétrica que atravessou meu corpo. O cabelo se eriçou todo e o grito foi seguido de um salto para trás, onde tinha uma escada de mármore de 20 degraus, 15, um patamar, uma quebra de 90 graus e mais 5. A sorte é que nessa confusão a luz se acendeu e o vôo até o patamar foi visual e não por instrumentos. No trajeto aéreo deu para escutar a voz da Pura, a boliviana que dormia em casa, gritando “minha Nossa Senhora de Guadalupe”.
Ela tinha escutado o barulho da minha chave e foi se borrando toda ver o que era, achando que era um ladrão. O trajeto dela levou exatamente o mesmo tempo que o meu. Primeira coincidência. Exatamente nesse dia o interruptor de cima ficou numa posição neutra. Segunda coincidência. E eu que era corajoso estava voltando de um filme de terror. Terceira coincidência. Soma isso tudo e o resultado foi um guri todo cagado. Ainda bem que ninguém viu, a Pura deve ter sentido o cheiro mas deve ter achado que era dela.
Eu devia ter uns 11 anos e fui ao cinema assistir ao "Homem sem cabeça", daqueles filmes de terror feitos em 1961. Da para imaginar os "efeitos especiais" da época. Mas resumindo a história, era um cara que foi condenado à morte por decapitação e para não entrar no Paraíso, essa era a lenda, a cabeça foi enterrada separada do corpo. Como ele era inocente a cabeça comandou o corpo, depois de enterrado, para sair de onde estava e ir buscá-la para ficarem juntos, mas antes o corpo resolveu se vingar dos que tinham feito aquilo com ele.
A sessão era das 20h às 22h no cine Tupi. De lá até a minha casa eram duas longas quadras na rua 7 de setembro, que era super arborizada e, por isso, mal iluminada. Fui com amigos que moravam em lados postos. Estava sozinho, eu e o homem sem cabeça. Mas eu já era um homem e fui. Cagando nas calças, mas fui. Cada vento que movimentava um galho e fazia uma sombra se mexer, eu acelerava o passo. Cheguei em casa correndo.
Entrei na sala, onde tinha a escada que levava ao andar superior e estava o meu quarto. Todos dormiam. Ai continuou as coincidências. Fui no interruptor de baixo que acendia a luz da escada e quando o acionei a luz não acendeu. Ele era daqueles de dois botões e ligado em paralelo com outro igual que ficava no topo da escada. Se um dos dois estivessem parado numa posição intermediária o outro vão funcionava. Estava muito escuro e isso fez o medo virar pavor. Já estava achando que era coisa do homem sem cabeça. Fui subindo as escadas e tateando a parede querendo chegar no interruptor de cima e acender a porra daquela luz.
A hora que eu peguei no interruptor, uma outra mão pousou sobre a minha. O que senti na hora é indescritível e até hoje, passados 50 anos, eu me lembro da descarga elétrica que atravessou meu corpo. O cabelo se eriçou todo e o grito foi seguido de um salto para trás, onde tinha uma escada de mármore de 20 degraus, 15, um patamar, uma quebra de 90 graus e mais 5. A sorte é que nessa confusão a luz se acendeu e o vôo até o patamar foi visual e não por instrumentos. No trajeto aéreo deu para escutar a voz da Pura, a boliviana que dormia em casa, gritando “minha Nossa Senhora de Guadalupe”.
Ela tinha escutado o barulho da minha chave e foi se borrando toda ver o que era, achando que era um ladrão. O trajeto dela levou exatamente o mesmo tempo que o meu. Primeira coincidência. Exatamente nesse dia o interruptor de cima ficou numa posição neutra. Segunda coincidência. E eu que era corajoso estava voltando de um filme de terror. Terceira coincidência. Soma isso tudo e o resultado foi um guri todo cagado. Ainda bem que ninguém viu, a Pura deve ter sentido o cheiro mas deve ter achado que era dela.
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