domingo, 21 de março de 2010

Acordo de irmãos


O é de 47 e eu de 50. São três anos e três meses de diferença mas ela já foi maior. Quando criança eu gostava de sair com ele, mas até eu completar 14 anos não era correspondido. Era o pirralho que ia contar para a mamãe que ele já estava fumando, ia encher o saco das namoradas, enfim não era bem vindo nas suas saídas. Até ir estudar fora e vir as saudades. Aí, nas ferias ficávamos grudados. Ele estudava em São Paulo, eu em Corumbá. Depois fui para São Paulo e ele, por causa da asma, para São Carlos e de lá para Lins.

Foi em uma de nossas viagens para São Paulo, embarcávamos no trem aqui em Corumbá, junto com o carro e íamos até Três Lagoas. Lá descíamos do trem, desembarcava o carro e seguia até São Paulo. Em uma dessas viagens, já com a saudade de casa apertando, fizemos o acordo: quem tivesse o primeiro filho homem ia chama-lo de Alberto Affonso Marinho Neto. O assunto da viagem foi em torno disso. Que não poderia existir homenagem mais merecida a um pai como aquele;
- E se a mulher não concordar?
- Num case. Avise antes e tome o compromisso.
- Certo, e se ela concordar e depois não concordar mais?
- Obrigue. Combinado é combinado e isso é coisa séria. É de promessa e com testemunha.
- Tá certo!
O acordo foi selado e a corrida começou.

No dia do pedido de casamento, veio junto a condição, que foi aceita por ambas as noivas. Ele casou primeiro, em fevereiro, e eu logo atrás, em abril do mesmo ano. A minha emprenhou na lua de mel. Mas Beá me deu uma linda menina, Laura. Lenir engravidou em seguida e pariu homem, mas o destino não deixou que ele vivesse mais que 24 horas e quando foi para registro, já estava desenganado. Foi batizado como Gabriel, igual ao anjo da Anunciação e a primeira rodada estava terminada sem que ninguém marcasse o gol de ouro. Corremos para a segunda rodada e ele saiu na frente dessa vez. Mas veio uma menina, linda, mas menina. Beá engravidou quando Laura tinha 9 meses e dessa vez, acertei na mosca. Veio o Alberto Affonso Marinho Neto e por toda a vida de papai ele só o chamaria de xará.

O Zé teve mais dois filhos. A primeira tinha sido uma menina, como já dito, que por promessa de mamãe recebeu o nome de Mercedes. O segundo foi homem, que também cumprindo promessa da velha, chamou João Bosco. Quando Lenir engravidou pela quarta vez, ele correu pra mamãe e disse: esse vai se chamar Tadeu. Não mude que já prometi primeiro. E ele se sentiu vingado por eu ser pai e filho de Alberto. Foi a maior homenagem que recebi na minha vida.

5 comentários:

  1. EXCELENTE, esse contador de histórias realmente tem futuro!!
    Essa história eu já conhecia, mas não tem como não se emocionar em varias partes!!
    DELICIOSAS HISTÓRIAS DE VIDA!! Fomos realmente presenteados com este blog!!
    beijo grande e vamos em frente ;0)

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  2. Enfim no ar!! Vamos nos divertir muito!!

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  3. Eu gosto muito de ler historias como essa. Sempre que vou a casa de mamãe e meus tios estão juntos peço para contar e vou anotando em um arquivo do word que dei o nome de "Contando historias".

    Feliz todos os que tem a oportunidade de ler suas histórias Seu Tadeu. Meu Parabéns!
    Conte mais.

    Abraços.

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  4. Alberto Affonso Marinho Neto24 de março de 2010 às 12:41

    Essa é a melhor historia paizão! Hehehe

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