Tem pessoas que são inesquecíveis e pelos mais diferentes motivos. Os muito engraçados, os muito legais, os muito amigos e os muito chatos. Dessa última categoria teve um que superou a todos e, principalmente, as minhas próprias expectativas. Foi o cara mais chato que já conheci na vida. Trabalhávamos na mesma empresa e ele era o assistente do diretor. Sua função era de olheiro. Vivia sondando todo mundo para contar ao chefe quem fazia o que. Era temido pelos enroladores, que viravam bajuladores, e ignorado por quem trabalhava sério e achava aquela função ridícula. Minha equipe toda fazia parte do último grupo. Para ter a possibilidade de entrar em todas as salas oficialmente, ele era o responsável pelo cumprimento das normas da empresa. Logo na contratação, o empregado recebia o manual das rotinas internas da empresa, onde constavam todos os procedimentos. Ele tinha que fiscalizar quem não estava cumprindo os mesmos, descobrir o porquê, e então, ou denunciar o caboclo ou corrigir as rotinas. Numa dessas correrias, normais em um departamento de engenharia, onde os prazos estavam estourando, pulei uma série de etapas dos procedimentos de compra: Ao invés de fazer um pedido ao setor responsável para marcar uma reunião com o setor técnico do fornecedor, comecei a fazer isso direto e por telefone. Era algo assim, e estava completamente fora das regras. Recebi a sua visita e a conversa foi sobre as rotinas de compra, que tinham que ser alteradas, para permitir, em casos de urgência, que a engenharia fizesse os contatos com os fornecedores e resolvesse as pendências técnicas. Ele não concordou e argumentou que aquilo poderia facilitar possíveis fraudes. Contra argumentei que não via a coisa dessa maneira uma vez que a autorização seria dada para o contato ser feito por uma pessoa de nível hierárquico maior que o do comprador, e conseqüentemente, mais confiável. A discussão parou ali e a coisa ficou mal resolvida.
Tem um detalhe que estava me esquecendo, o assessor tinha um trejeito que, se não era gay, servia numa emergência, na falta de um.
Passado uns dias, estava em uma reunião com todos os meus responsáveis pelos projetos em andamento, quando esse cara me entra na sala interrompendo tudo e me atira seu capacete. O mesmo quica sobre a mesa e quase me atinge e aos berros, me fala:
- Quem o senhor esta pensando que é?
Na hora eu fiquei completamente sem ação, pois não podia imaginar o que despertou tal ira na bichinha. Ele se aproximou de mim e continuou:
- Que parte você não entendeu? Você não esta autorizado a entrar em contato com fornecedor nenhum.
Aí caiu a minha ficha do motivo da raiva dela. Não ia me justificar na frente de meus subordinados. Gentilmente pedi que ele se retirasse da minha sala e que quando eu terminasse a reunião o chamaria para conversarmos. Ele se aproximou mais de mim ainda e falou que não tinha mais conversa nenhuma comigo. A raiva contida começou a me dominar e me levantei. Queria falar, mas o queixo já estava travado e não conseguia emitir nenhum som. O meu pessoal me contou depois, que fiquei pálido como uma cera e acharam que ia enfartar. Lembro que a última frase dele foi perguntando se eu ia ficar ali quieto. A emoção dominou a razão. Coloquei a mão direita no cós de sua calça e fui levando-o de arrasto até a porta. Ele era muito magrinho e cada vez que ele procurava parar eu dava um tranco nele. Abri a porta e o empurrei para fora. Voltei ao meu lugar e quando me sentei vi o seu capacete em cima da mesa. Na hora que o peguei ele abriu a porta novamente e, ainda no puro instinto, o atirei nele. Por incrível que possa parecer, ele o pegou no ar, agradeceu e fechou a porta. O silêncio na sala era tal que poderia escutar o peido de uma mosca. Passado uns 10 segundos alguém começou a rir, discretamente no inicio e depois as gargalhadas. Um deles comentou que ele gostou da coisa, pois saiu com a calça enfiada no rabo.
Não me lembro de, na minha vida, ter saído do sério tanto quanto esse dia. Tem um automático animal no ser humano que assume o controle de suas emoções e isso devia ser estudado pelos psicólogos e servir para diminuir a pena em caso de assassinatos. Se tivesse uma janela antes da porta, eu acho que poderia tê-lo retirado por ela, tal era meu estado de nervo.
Mas passado a raiva, não vou negar que veio uma certa preocupação com o acontecido. Tinha a meu favor que ele me desrespeitou e me agrediu fisicamente atirando o seu capacete. A enfiada de calça no rabo foi uma defesa natural. E o capacete, pelo fato de ele tê-lo pego no ar, foi só uma maneira indelicada de devolvê-lo. Antes de ser chamado na diretoria, fui ao meu gerente e contei o ocorrido.
Para minha surpresa, a bichinha voltou a minha sala, bateu na porta, pediu licença para entrar, pediu desculpas e me convidou para jantar em sua casa. Só me tranqüilizei quando ele falou que podia levar a esposa. Não se tornou meu amigo, pois não era meu tipo de jeito nenhum, mas nunca mais levantou a voz comigo e consertou a norma permitindo que a engenharia pudesse ter contatos preliminares para definir questões técnicas. Precisava mesmo de uma enfiada de calça no rabo.
Tem um detalhe que estava me esquecendo, o assessor tinha um trejeito que, se não era gay, servia numa emergência, na falta de um.
Passado uns dias, estava em uma reunião com todos os meus responsáveis pelos projetos em andamento, quando esse cara me entra na sala interrompendo tudo e me atira seu capacete. O mesmo quica sobre a mesa e quase me atinge e aos berros, me fala:
- Quem o senhor esta pensando que é?
Na hora eu fiquei completamente sem ação, pois não podia imaginar o que despertou tal ira na bichinha. Ele se aproximou de mim e continuou:
- Que parte você não entendeu? Você não esta autorizado a entrar em contato com fornecedor nenhum.
Aí caiu a minha ficha do motivo da raiva dela. Não ia me justificar na frente de meus subordinados. Gentilmente pedi que ele se retirasse da minha sala e que quando eu terminasse a reunião o chamaria para conversarmos. Ele se aproximou mais de mim ainda e falou que não tinha mais conversa nenhuma comigo. A raiva contida começou a me dominar e me levantei. Queria falar, mas o queixo já estava travado e não conseguia emitir nenhum som. O meu pessoal me contou depois, que fiquei pálido como uma cera e acharam que ia enfartar. Lembro que a última frase dele foi perguntando se eu ia ficar ali quieto. A emoção dominou a razão. Coloquei a mão direita no cós de sua calça e fui levando-o de arrasto até a porta. Ele era muito magrinho e cada vez que ele procurava parar eu dava um tranco nele. Abri a porta e o empurrei para fora. Voltei ao meu lugar e quando me sentei vi o seu capacete em cima da mesa. Na hora que o peguei ele abriu a porta novamente e, ainda no puro instinto, o atirei nele. Por incrível que possa parecer, ele o pegou no ar, agradeceu e fechou a porta. O silêncio na sala era tal que poderia escutar o peido de uma mosca. Passado uns 10 segundos alguém começou a rir, discretamente no inicio e depois as gargalhadas. Um deles comentou que ele gostou da coisa, pois saiu com a calça enfiada no rabo.
Não me lembro de, na minha vida, ter saído do sério tanto quanto esse dia. Tem um automático animal no ser humano que assume o controle de suas emoções e isso devia ser estudado pelos psicólogos e servir para diminuir a pena em caso de assassinatos. Se tivesse uma janela antes da porta, eu acho que poderia tê-lo retirado por ela, tal era meu estado de nervo.
Mas passado a raiva, não vou negar que veio uma certa preocupação com o acontecido. Tinha a meu favor que ele me desrespeitou e me agrediu fisicamente atirando o seu capacete. A enfiada de calça no rabo foi uma defesa natural. E o capacete, pelo fato de ele tê-lo pego no ar, foi só uma maneira indelicada de devolvê-lo. Antes de ser chamado na diretoria, fui ao meu gerente e contei o ocorrido.
Para minha surpresa, a bichinha voltou a minha sala, bateu na porta, pediu licença para entrar, pediu desculpas e me convidou para jantar em sua casa. Só me tranqüilizei quando ele falou que podia levar a esposa. Não se tornou meu amigo, pois não era meu tipo de jeito nenhum, mas nunca mais levantou a voz comigo e consertou a norma permitindo que a engenharia pudesse ter contatos preliminares para definir questões técnicas. Precisava mesmo de uma enfiada de calça no rabo.
Me lembro perfeitamente desse jantar, a sua esposa era bastante simpática, já ele.....
ResponderExcluirMe senti na obrigação de fazer um jantar para o casal em retribuição e servi vinho tinto para acompanhar, ele pegou a taça e provou, quando sentiu que eu tinha resfriado o vinho, comentou:
- Gelado qualquer porcaria serve.
Imaginem a minha cara....