quinta-feira, 3 de março de 2011

Velho brocha

Se tem uma coisa que não tenho é presença de espírito. Sou daqueles que, quando surpreendido fico naquela de "ah é, é" e não saio disso. De um tempo para cá comecei a desenvolver uma técnica de quando não ter o que falar responder com algumas frases padrões do tipo: “De onde você tirou isso?” ou “quem te contou?”
Você invertendo a pergunta, ganha tempo para pensar em uma resposta mais apropriada e o mais importante, tendo uma resposta na ponta da língua você se tranqüiliza para procurar rapidamente outras opções. Já deu certo, ultimamente, em duas ocasiões.
Na primeira, ia subindo a rua 15 que é mão única e ia virar a esquerda na rua Colombo. Não percebi que estava um pouco afastado da faixa da esquerda, pois não existe nada pintado no chão e vinha um gol me podando. Quando ele buzinou eu meti o pé no freio e o carro parou completamente. Ele que freou também, parou ao meu lado. Os dois carros com insufilme no vidro não permitia que nos encarássemos. Quando ele começou a baixar seu vidro, achei que se tratava de algum conhecido e baixei o meu também, já me preparando para me desculpar, quando um cara de uns 40 anos, me olha nos olhos e fala:
- Seu velho brocha!
Indignei, não só com o velho mas muito mais com o brocha. Olhei bem para ele e respondi na lata:
- Porra meu, sacanagem. Sua mulher me prometeu que não ia contar para ninguém.
O nego ficou meio desconcertado e eu podia jurar que ouvi ele falando "ah é, é".
Numa outra ocasião, estava parado no farol quando um casal ia atravessar a rua. Quando o farol abriu para mim e a mocinha, bem bonitinha por sinal, me olhou fez sinal que ia parar. Eu, gentilmente, fiz sinal com a mão para que ela prosseguisse que eu ia aguardar. Eles atravessaram e o marmanjo invocou, acho que mais pelo sorrisinho de contentamento dela do que por qualquer outra coisa e quando dei por mim o nego estava na minha janela perguntando o que eu estava olhando. Quando vi o físico de borboleta dele, devia ter um metro e sessenta de altura e uns 50 quilos, respondi:
- Sua mulher e você tem razão de ficar com ciúmes. Ela bonita assim e você feio desse jeito.
Como o carro já estava engatado sai, mas devagarinho, e vi a menina puxando ele e falando:
- Toma besta.
Tudo é uma questão de ter opções. Quantas vezes o nego te pergunta:
- Quem você esta pensando que é?
Já percebeu que pergunta mais idiota. Como alguém pode deixar você sem respostas perguntando quem você é. Tem que responder na lata com outra pergunta do tipo:
- Seu pai? Só aceito depois do teste de DNA.

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