Ficamos com o Baron durante uns 10 anos. Era uma senhora máquina. Quem mais a voou foi o Luis Mario Sabatel. Passamos alguns apertos juntos mais sempre acabaram bem. Numa vez em que voltávamos de Campo Grande, eu na frente com ele, o Rollemberg e o Tontonio atrás, quando estávamos chegando a Corumbá, com céu de brigadeiro, ele resolveu treinar um pouso por instrumentos. Quando acontece isso, o piloto não pode olhar para frente, só para os instrumentos do avião e o co-piloto que fica supervisionando se a aproximação esta sendo feita de maneira correta. Como ele estava com o fone de ouvidos, eu não escutei a conversa dele com o controle e não sabia que o mesmo não estava a par de que estávamos fazendo um treinamento. Não morremos nesse dia devido a uma série de fatores que fazem com que você acredite em anjo da guarda. Uns dias antes do ocorrido, estava voltando de Porto Soares com o Tontonio de carro, eu dirigindo com ele ao meu lado. Virei para conversar, quando ele apontou para frente e disse bem alto, mas sem gritar: "vacas". Quando olhei para frente, a uns 20 metros, tinha um lote de umas 5 vacas entrando na pista. Foi o tempo suficiente de frear e desviar em cima da hora. Aí ele me explicou que tinha aprendido com um seu amigo boliviano, o Rafael Rocca, a técnica de apontar sem gritar e fazer com que a pessoa veja o problema o mais rápido possível e possa tomar as providências a tempo. Isso ficou gravado em minha memória. Mas voltemos ao nosso vôo. Estava olhando para frente e verificando se tudo estava indo bem quando avistei o avião do Pavão. Devíamos estar praticamente no mesmo nível e a uns 100 metros de distância, se muito. Apontei para o mesmo e gritei, não consegui ficar no bem alto, "Puta que Pariu", esqueci do "avião" na hora. Foi o suficiente para o Luiz Mario ver o skylanne na frente e mergulhar com o Baron. O engraçado que num mergulho sem reduzir o motor, o avião ganha velocidade e tende a levantar novamente. Subi no manche junto com ele, enquanto ele reduziu totalmente o motor e conseguimos passar por baixo do Pavão, mas isso a poucos metros. Os passageiros que vinham atrás só sentiram o banco sumir da bunda e aquela sensação de gravidade zero. Não era nossa hora ainda.
Mas o vôo inesquecível foi o último que fiz com o Baron. Ele ficava hangarado na fazenda Angico. Íamos para São Paulo, só nos dois, e na saída verifiquei que o hangar estava repleto de teias de aranha. Achei estranho aquilo e comentei com o capataz que falou que era a época da desova delas e tinha muito mesmo. Como o avião estava parado há uns dois meses, o Luiz Mario fez uma inspeção minuciosa nele e me garantiu que estava tudo em ordem. Quando ele pegou na primeira virada de motor, me tranqüilizei totalmente. Após uns 15 minutos de vôo achei que tinha um fio solto por baixo do painel e levei a mão para ver o que era. Antes de tocar o fio, por sorte, ela se mexeu e colocou a cabeça para fora. Era a maior aranha caranguejeira que tinha visto em minha vida e o que eu achara que era um fio solto era sua perna. Minha primeira reação foi pular para o banco de trás, mas isso ia ser pior, pois o Luis Mario tinha mais medo de aranha do que eu. Peguei a minha caneta e a fiz voltar para baixo do painel e comecei a procurar outras. Junto ao para brisas comecei a ver um monte de pernas. Tinha umas dez ali em cima do painel. Comecei a me apavorar e falei para o Luiz Mario que estávamos com vários aliens no avião. Ele não entendeu o termo e explicitei melhor, temos um ninho completo de caranguejeiras no avião e se elas resolvessem se mexer estávamos ferrados. O piloto, acho que para se acalmar, falou que esperava que não tivesse nenhum ninho na parte dos avionicos pois poderíamos ter panes elétricos significativos. Legal, ou seríamos comidos por duzentas mil aranhas ou cairíamos com o avião. Grandes opções. Consegui com a caneta manter a rainha, se é que esses bichos tem uma, em baixo do painel, até chegarmos a Campo Grande. Fomos direto para o Santa Maria, onde estava a mesma oficina que limpou o avião bosteado dele alguns anos antes, e pedimos que o mecânico retirasse todas as aranhas. Coincidentemente era o mesmo da primeira limpeza, e só olhou para ele e disse:
- Não sei o que esperar mais de você.
Deixamos o avião lá e foi minha última viagem nele. Vendemos para uma empresa frigorífica e por um valor bem superior ao que tínhamos comprado, posso dizer que esse avião "só me deu alegrias... e alguns sustos".
Mas o vôo inesquecível foi o último que fiz com o Baron. Ele ficava hangarado na fazenda Angico. Íamos para São Paulo, só nos dois, e na saída verifiquei que o hangar estava repleto de teias de aranha. Achei estranho aquilo e comentei com o capataz que falou que era a época da desova delas e tinha muito mesmo. Como o avião estava parado há uns dois meses, o Luiz Mario fez uma inspeção minuciosa nele e me garantiu que estava tudo em ordem. Quando ele pegou na primeira virada de motor, me tranqüilizei totalmente. Após uns 15 minutos de vôo achei que tinha um fio solto por baixo do painel e levei a mão para ver o que era. Antes de tocar o fio, por sorte, ela se mexeu e colocou a cabeça para fora. Era a maior aranha caranguejeira que tinha visto em minha vida e o que eu achara que era um fio solto era sua perna. Minha primeira reação foi pular para o banco de trás, mas isso ia ser pior, pois o Luis Mario tinha mais medo de aranha do que eu. Peguei a minha caneta e a fiz voltar para baixo do painel e comecei a procurar outras. Junto ao para brisas comecei a ver um monte de pernas. Tinha umas dez ali em cima do painel. Comecei a me apavorar e falei para o Luiz Mario que estávamos com vários aliens no avião. Ele não entendeu o termo e explicitei melhor, temos um ninho completo de caranguejeiras no avião e se elas resolvessem se mexer estávamos ferrados. O piloto, acho que para se acalmar, falou que esperava que não tivesse nenhum ninho na parte dos avionicos pois poderíamos ter panes elétricos significativos. Legal, ou seríamos comidos por duzentas mil aranhas ou cairíamos com o avião. Grandes opções. Consegui com a caneta manter a rainha, se é que esses bichos tem uma, em baixo do painel, até chegarmos a Campo Grande. Fomos direto para o Santa Maria, onde estava a mesma oficina que limpou o avião bosteado dele alguns anos antes, e pedimos que o mecânico retirasse todas as aranhas. Coincidentemente era o mesmo da primeira limpeza, e só olhou para ele e disse:
- Não sei o que esperar mais de você.
Deixamos o avião lá e foi minha última viagem nele. Vendemos para uma empresa frigorífica e por um valor bem superior ao que tínhamos comprado, posso dizer que esse avião "só me deu alegrias... e alguns sustos".
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