quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Euromaumec II

Na Euromaumec I eu contei sobre a aposta do grupo de quem cataria a primeira européia. Tirando a rua das vitrines em Amsterdam, ninguém tinha conseguido nada e estávamos em Cortina d'Ampezzo, uma das últimas etapas da viagem. Tinha gente já entregando os pontos, como o André, que era considerado o franco favorito. Não que ele fosse o mais galã da turma mas sim por ser o menos exigente. Aqui no Brasil ele ia para a escola de Kombi, era a única, e dele mesmo, não era emprestada de pai ou coisa assim. Na lateral tinha um navio desenhado e isso junto com o tipo das meninas que ele carregava, valeu o apelido de Navio Negreiro. A fama era que bastava mexer e ter três dimensões para ser suficiente para ele comer. Dispensava só sombra, duas dimensões, e mortas, que não mexiam, assim mesmo tinha gente que falava que nesses casos havia controvérsias e dependia do tempo do óbito. O cara era terrível mesmo. É o que tentou usar a mesma camisinha na rua das Vitrines.
Chegamos a Cortina e ficamos em um hotel muito charmoso e perto de uma boate, tida como a coqueluche do local, e que se chamava Sunny ou Sugar, não me lembro bem. A noite fomos todos para lá e na entrada vi a minha Deusa, ou melhor dizendo, a nossa Deusa, pois a excursão inteira se apaixonou por ela. Dançava sozinha na boate e com um parceiro imaginário. Era a italiana mais linda que vi na minha vida, talvez perdesse para a Nena, mas naquela secura e há tanto tempo longe do Brasil, quase dois meses, aquilo era um anjo descendo no inferno, ou uma cerveja bem gelada pra quem passou o dia todo andando a cavalo no pantanal tomando água quente de cantil, ou ainda, uma mulher de carne e osso para quem estava a dois meses só na covardia e a última vez que pegou uma mulher, a única coisa que entendia do que ela falava era "no more time" em Amsterdam. Esperei a música acabar e ela abrir os olhos e me posicionei de modo que ela me visse. Quando nossos olhares se cruzaram e ela demorou aquela fração a mais para desviar o olhar, eu percebi que ganharia a aposta. Tive que correr, pois percebi que o André estava a caminho e não tinha tempo a perder.
Encostei e disse o meu "piachere", no meu melhor italiano, e ela respondeu: "Hein!??!". Aquilo foi um balde de água fria e vi que não conseguiria falar uma única palavra com a minha Deusa, quando apareceu o meu Salvador, Ricardo Ravioli. Ele tinha percebido a troca de olhares, segundo ele, e veio a meu socorro e dei uma cantada na mina com um tradutor, ele era filho de italianos e falava correntemente a língua. A coisa começou a uma da madrugada e foi até as 5 quando fechou a boate e a levei para o hotel. Tive que usar do Ricardo de novo pra convencer o porteiro que ela sairia antes das 7 quando acabava seu turno. Chegamos ao nosso quarto, era um triplo, e não consegui botar o Gerson para fora, que estava num porre só. Para completar a gentileza, o Rivardo como presidente da comissão de viagem tinha a lista de todos os quartos e descobrimos que o Gato Felix, esse era o apelido de um japonês que já esqueci seu nome, era o único que estava sozinho em um quarto. Acordamos o japa e na hora que ele viu o monumento de mulher, cedeu o quarto para mim. A noite transcorreu muito bem. Não vou dar detalhes porque este não é um porno-blog e também não quero apanhar, depois de velho, de dona Bea. Mas o despertar é que foi o mais engraçado. Acordei com o Gato Felix batendo na porta e quando a abri encontro-o de pijamas. Precisava pegar as roupas. Deixei-o entrar em seu quarto e quanto viu a mulher na cama quase enfartou. Depois dele, a excursão inteira foi até o quarto e cada um com a desculpa mais esfarrapada, "o Gato esqueceu as meias", "ele pediu para trocar essa camisa" e isso foi até que acordaram a deusa. Deixei-a no quarto se aprontando e desci para chamar o Ravioli. Antes que eu falasse qualquer coisa ele já começou a se gabar, que ele que teve todo o ônus da conquista e eu só o bônus, que se não fosse ele eu não teria conseguido nada, e por ai afora. Quando ele terminou eu só disse a ele:
- Já que foi você que colocou, agora você tira.
Naquela época as normas dos hotéis " de família" eram muito rígidas e você assinava um termo de compromisso de não recolher mulher em seus aposentos e isso era levado muito a sério. O Ricardo queria me bater, mas no fim concordou em falar com o porteiro. Disse que ela tinha entrado cedo para trazer uma encomenda e era sua prima. Isso com a mulher com uma mini saia e um decote que quase emendava o norte com o sul.
Na noite seguinte eu não fui a boate, mas o pessoal voltou lá. Fizeram fila, mas a mulher perguntava a todos que iam falar em português com ela, "dove è Tadéo". É, com o ô fechado no final e assento no e. Ninguém conseguiu mais nada, ganhei a aposta e a italiana. Posso falar que "eu não era fácil".

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