O Dr Antonio Carlos Lopes é médico de toda nossa família há mais de 30 anos e um dos caras mais engraçados que eu conheço apesar de também ser da turma dos que não fazem graça nenhuma. Eu o conheci através do meu primo Dr. Arnaldo, quando Tontonio arrumou uma infecção intestinal aqui em Corumbá e ficou 2 meses com uma disenteria, ou como ele falava, mijando pela tóba. Assim que a coisa endureceu, ele foi para São Paulo fazer um check-up, e o Arnaldo o encaminhou para o ACLopes. Ele preocupado com a caganeira que já tinha passado e o doutor fazendo um exame geral, quando ele relatou uma dor no peito quando fazia força. Um querendo que ele tratasse de uma coisa que já tinha passado e o outro preocupado com o que estava por vir. Conclusão, a caganeira que ele achava que iria matá-lo, salvou sua vida. Se tivesse um sábio por perto quando ele falava que "onde já de viu, vou morrer de tanto fazer coco", com certeza diria o famoso "Não sei não, hein."
Com 38 anos teve um entupimento de uma das artérias principais do coração diagnosticado e teve que fazer uma ponte mamária. Era julho de 1985 e eu estava passando as férias na fazenda Santa Anatalia, quando, pelo rádio, recebi a notícia de que ele estava em São Paulo e teria que fazer a cirurgia. Deixei o povo todo no dia da festa da fazenda, 22 de julho, e despenquei para Corumbá de aviãozinho e de lá para São Paulo. Já encontrei Lenir conversando com o Antonio Carlos, ele dizendo que tinha duas opções: a ponte mamária ou uma angioplastia. Essa última seria recomendada se ele morasse em São Paulo e fosse um cara tranqüilo para poder monitorar o resultado de 6 em 6 meses. Medroso do jeito que contamos que ele era, a solução era a ponte. Há 25 anos atrás isso era uma coisa temerária mas não tínhamos opção. Ele indicou o cirurgião, Dr. Enio Buffalo e fomos para a cirurgia. Nunca vou esquecer a hora que ele entrou no elevador, já na maca, para a cirurgia. Estávamos Lenir, Fábio, cujo nome verdadeiro é Massami Takahashi e seu melhor amigo, o Antonio Carlos e eu. Quando o médico viu todos muito tensos, abriu um porta-remédio que tinha no bolso e deu um lexotan para cada um. Ia guardando a caixinha quando voltou a pega-lá e tomou um também. Não sei se fiquei contente de ver um cara super humano, sentindo o nosso drama ou um médico vendo a gravidade da situação. Com o passar dos anos vi que foi a primeira opção.
Ficamos super amigos e hoje toda a nossa família se consulta com ele, mas não pensem que ele é fácil. Ficamos muito tempo convidando-o para conhecer o pantanal e finalmente conseguimos convencê-lo. A primeira visita foi a São Bento e estava programado um carreteiro de almoço com muita cerveja que era para relaxarmos. Fomos para a fazenda no PT-OVX, bem cedinho e como teríamos a parte da manhã livre resolvi levá-lo para dar uma volta de carro pelos campos da fazenda. Estava conosco também a Dona Aida, uma grande amiga que morava no Chile e saímos os três. O carro era uma toyota Hilux, cabine simples e o ACLopes foi sentado no meio cedendo o melhor lugar, a janela, para a Dona Aida. Fomos passeando por aqueles campos de pasto nativo e eu fazendo o papel de guia turístico mostrando aquele mar de capim cercando os capões, que eram as partes mais altas onde as árvores tinham mais de 15 m de altura e 3m de diâmetro, formando verdadeiras ilhas. Era uma natureza exuberante e linda, isso para os mortais comuns. Lá pelas tantas senti o braço dele apoiando no pneuzinho da minha barriga, estava com um na época e dei uma estranhada, mas como estava apertado na cabine do carro, achei que ele estava deixando um espaço maior para a Dona Aida. Continuamos navegando naquele mar e contornando as ilhas e comecei a dar nome a todas as árvores que a Dona Aida perguntava, Piúva, Cambara, Chimbuva, não deixei de responder a nenhuma pergunta, e isso sem conhecer nenhuma árvore. Mais dez minutos senti que ele foi encostando a cabeça no meu ombro ao mesmo tempo em que a D. Aida falou:
- Seu Tadeu, seu amigo dormiu.
Eu não acreditava que ia ter que voltar para casa com um marmanjo dormindo no meu ombro e fazendo a minha barriga de braço de cadeira, mas não tinha alternativa. Chegando à sede, para não deixar ele chateado, fiz que não tinha percebido que ele tinha dormido, e perguntei se ele tinha gostado do passeio, ao que ele respondeu:
-Não, nunca vi nada mais chato, era só capim e capão e essa sua toyota é muito dura, pior só seu ombro.
Fomos para o almoço e não tive coragem de perguntar se ele gostava de arroz carreteiro. Sentamos na varanda e ele abriu uma cerveja dizendo que não tomava uma há muito tempo. Antes do primeiro gole, escutamos um barulho de avião por cima da casa e pelo ronco reconheci o Baron. Fomos para a pista e o Luis Mario desceu dizendo que tinha vindo pegar o Doutor, pois o tio Alcides, irmão de papai e cliente dele há muito tempo tinha sido hospitalizado e estava muito mal. Ele me entregou a lata de cerveja sem tomar um único gole, subiu no avião e veio para Corumbá. No fim do dia voltamos com a Dona Aida e ficamos sabendo que ele tinha salvado a vida do tio Alcides. Quando fui ter com ele no hospital, perguntei se ele queria voltar no dia seguinte para a fazenda comigo e ele respondeu que já tinha visto todos os capões e capins da fazenda. Quis argumentar que íamos ver jacarés e ele disse que tinha uma folhinha no consultório dele e ele já conhecia o crocodilo, e não queria vê-lo pessoalmente. Desisti.
Isso há 23 anos atrás. Agora a última dele foi no meu check-up deste ano, na semana passada. Meus exames laboratoriais deram uma alteração e eu queria voltar para Corumbá e só poderia fazê-lo depois que ele visse os mesmos e me liberasse. Ele queria que eu voltasse no seu consultório na sexta feira e sua secretaria falou que eu não o fizesse pois tinha trocentas pessoas com retorno para esse dia e eu iria passar o dia todo lá. Que ela me ligaria para dar o parecer do Doutor assim que ele visse meus exames. Como isso não acontecia e eu já nervoso, passei uma mensagem para ele que transcrevo abaixo, achando que teria uma resposta:
"Doutor, não quero encher o saco mas estou nervoso. Favor responder com uma das alternativas:
1) ainda não vi seus exames;
2) esta tudo jóia, não quero te ver mais este ano;
3) vc tá ferrado e tem que vir aqui.
Abraços, Tadeu"
Ao que ele respondeu:
"ok, abraços".
Pergunto, é fácil?
Agora tem uma coisa, ele faz diagnostico por telefone, fotografia, com outra pessoa contando a ele quais são seus sintomas. O cara é um bruxo ou mágico, e todos nós gostamos muito dele, mesmo quando ele faz meu pneu de braço de poltrona e meu ombro de travesseiro e depois ainda reclama, mas não é fácil.
Com 38 anos teve um entupimento de uma das artérias principais do coração diagnosticado e teve que fazer uma ponte mamária. Era julho de 1985 e eu estava passando as férias na fazenda Santa Anatalia, quando, pelo rádio, recebi a notícia de que ele estava em São Paulo e teria que fazer a cirurgia. Deixei o povo todo no dia da festa da fazenda, 22 de julho, e despenquei para Corumbá de aviãozinho e de lá para São Paulo. Já encontrei Lenir conversando com o Antonio Carlos, ele dizendo que tinha duas opções: a ponte mamária ou uma angioplastia. Essa última seria recomendada se ele morasse em São Paulo e fosse um cara tranqüilo para poder monitorar o resultado de 6 em 6 meses. Medroso do jeito que contamos que ele era, a solução era a ponte. Há 25 anos atrás isso era uma coisa temerária mas não tínhamos opção. Ele indicou o cirurgião, Dr. Enio Buffalo e fomos para a cirurgia. Nunca vou esquecer a hora que ele entrou no elevador, já na maca, para a cirurgia. Estávamos Lenir, Fábio, cujo nome verdadeiro é Massami Takahashi e seu melhor amigo, o Antonio Carlos e eu. Quando o médico viu todos muito tensos, abriu um porta-remédio que tinha no bolso e deu um lexotan para cada um. Ia guardando a caixinha quando voltou a pega-lá e tomou um também. Não sei se fiquei contente de ver um cara super humano, sentindo o nosso drama ou um médico vendo a gravidade da situação. Com o passar dos anos vi que foi a primeira opção.
Ficamos super amigos e hoje toda a nossa família se consulta com ele, mas não pensem que ele é fácil. Ficamos muito tempo convidando-o para conhecer o pantanal e finalmente conseguimos convencê-lo. A primeira visita foi a São Bento e estava programado um carreteiro de almoço com muita cerveja que era para relaxarmos. Fomos para a fazenda no PT-OVX, bem cedinho e como teríamos a parte da manhã livre resolvi levá-lo para dar uma volta de carro pelos campos da fazenda. Estava conosco também a Dona Aida, uma grande amiga que morava no Chile e saímos os três. O carro era uma toyota Hilux, cabine simples e o ACLopes foi sentado no meio cedendo o melhor lugar, a janela, para a Dona Aida. Fomos passeando por aqueles campos de pasto nativo e eu fazendo o papel de guia turístico mostrando aquele mar de capim cercando os capões, que eram as partes mais altas onde as árvores tinham mais de 15 m de altura e 3m de diâmetro, formando verdadeiras ilhas. Era uma natureza exuberante e linda, isso para os mortais comuns. Lá pelas tantas senti o braço dele apoiando no pneuzinho da minha barriga, estava com um na época e dei uma estranhada, mas como estava apertado na cabine do carro, achei que ele estava deixando um espaço maior para a Dona Aida. Continuamos navegando naquele mar e contornando as ilhas e comecei a dar nome a todas as árvores que a Dona Aida perguntava, Piúva, Cambara, Chimbuva, não deixei de responder a nenhuma pergunta, e isso sem conhecer nenhuma árvore. Mais dez minutos senti que ele foi encostando a cabeça no meu ombro ao mesmo tempo em que a D. Aida falou:
- Seu Tadeu, seu amigo dormiu.
Eu não acreditava que ia ter que voltar para casa com um marmanjo dormindo no meu ombro e fazendo a minha barriga de braço de cadeira, mas não tinha alternativa. Chegando à sede, para não deixar ele chateado, fiz que não tinha percebido que ele tinha dormido, e perguntei se ele tinha gostado do passeio, ao que ele respondeu:
-Não, nunca vi nada mais chato, era só capim e capão e essa sua toyota é muito dura, pior só seu ombro.
Fomos para o almoço e não tive coragem de perguntar se ele gostava de arroz carreteiro. Sentamos na varanda e ele abriu uma cerveja dizendo que não tomava uma há muito tempo. Antes do primeiro gole, escutamos um barulho de avião por cima da casa e pelo ronco reconheci o Baron. Fomos para a pista e o Luis Mario desceu dizendo que tinha vindo pegar o Doutor, pois o tio Alcides, irmão de papai e cliente dele há muito tempo tinha sido hospitalizado e estava muito mal. Ele me entregou a lata de cerveja sem tomar um único gole, subiu no avião e veio para Corumbá. No fim do dia voltamos com a Dona Aida e ficamos sabendo que ele tinha salvado a vida do tio Alcides. Quando fui ter com ele no hospital, perguntei se ele queria voltar no dia seguinte para a fazenda comigo e ele respondeu que já tinha visto todos os capões e capins da fazenda. Quis argumentar que íamos ver jacarés e ele disse que tinha uma folhinha no consultório dele e ele já conhecia o crocodilo, e não queria vê-lo pessoalmente. Desisti.
Isso há 23 anos atrás. Agora a última dele foi no meu check-up deste ano, na semana passada. Meus exames laboratoriais deram uma alteração e eu queria voltar para Corumbá e só poderia fazê-lo depois que ele visse os mesmos e me liberasse. Ele queria que eu voltasse no seu consultório na sexta feira e sua secretaria falou que eu não o fizesse pois tinha trocentas pessoas com retorno para esse dia e eu iria passar o dia todo lá. Que ela me ligaria para dar o parecer do Doutor assim que ele visse meus exames. Como isso não acontecia e eu já nervoso, passei uma mensagem para ele que transcrevo abaixo, achando que teria uma resposta:
"Doutor, não quero encher o saco mas estou nervoso. Favor responder com uma das alternativas:
1) ainda não vi seus exames;
2) esta tudo jóia, não quero te ver mais este ano;
3) vc tá ferrado e tem que vir aqui.
Abraços, Tadeu"
Ao que ele respondeu:
"ok, abraços".
Pergunto, é fácil?
Agora tem uma coisa, ele faz diagnostico por telefone, fotografia, com outra pessoa contando a ele quais são seus sintomas. O cara é um bruxo ou mágico, e todos nós gostamos muito dele, mesmo quando ele faz meu pneu de braço de poltrona e meu ombro de travesseiro e depois ainda reclama, mas não é fácil.
ADOREI!!! MTO BOM....
ResponderExcluirOlá! Acabei de assistir a uma entrevista desse medico e gostei muito dele. Alguém teria um contato dele para me passar, por favor? Meu e-mail é oficialaviadoradaforcaaerea@yahoo.com.br
ResponderExcluirMuito obrigada!
Rebecca
gostei muito desse conto...
ResponderExcluirGostaria do contato do Dr. antonio alguem pode me ajudar?? meyrecamargo_@hotmail.com
ResponderExcluirAchei incrivel o seu diagnóstico sobre o Derico no programa do Jô o senhor é especial existem poucos MÉDICOS que gostam da profissão o sro é um deles PARABÉNS
ResponderExcluirBoa noite, vc teria como me passar o contato do Dr. Antonio, minha mae esta sentindo fortes dores e aqui em Manaus ninguém descobre o que ela tem. Por favor me passe o contato dele, meu e-mail é alana_veiga@hotmail.com. obrigada
ResponderExcluirOs telefones do consultório do dr Antonio Carlos Lopes são: (11) 21512217 e (11) 21515217
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