Tem início e reinício e como é difícil o cara iniciar pela terceira vez, não existe palavra para isso, mas comigo foi assim. Deixei a engenharia depois de 12 anos de formado para ir para o comércio, e depois de dois anos mudei novamente, e desta vez para a pecuária. Eu não sei qual foi a mudança mais radical, pois a segunda foi tora também. Tínhamos uma sociedade, eu e Tontonio, com o Pedro em uma pequena fazenda, a Rancho Alegre, onde explorávamos uma leiteria. Pedro, que era fazendeiro desde que nasceu, que tocava a mesma e não sei por qual motivo, resolveu sair da sociedade e isso da noite para o dia. De repente, eu era responsável por uma fazenda e todo meu relacionamento anterior com uma foi o de passar férias no campo.
Na mesma semana por idéia do Tontonio e Ruiwaldo, nosso amigo e proprietário do "Leite Primavera", fomos todos para Lins fazer um curso intensivo de gado leiteiro. Em uma semana aprendemos tudo sobre alimentação das vacas, como produzir uma boa silagem, a relação ideal de proteína - energia que a ração devia ter. Na parte de sanidade animal, tudo sobre doenças infecto contagiosas e outras, como diagnosticar e qual o tratamento mais adequado. Nas horas de folga conhecíamos todos os restaurantes de Lins e onde tinham os melhores e mais gelados chops. Foi muito proveitoso e no final do curso comprei todos os livros sobre os assuntos abordados. Até hoje me lembro dos professores e na parte de alimentação era um tal de Vidal Faria e na veterinária um tal de Alexandre não sei o que. Depois de muitos anos fiquei sabendo que eram professores da Esalq e foram mestres de meus filhos. Mundo pequeno.
Mas depois disso comecei a tocar a leiteria, era engenheiro e tinha que dar uma de veterinário e acabei por misturar as duas coisas. Fiz uma tabela que nas linhas iam as doenças e nas colunas os sintomas. Media a temperatura e marcava um x se tinha febre; respiração ofegante, outro x; não tinha diarréia não marcava nada e assim ia em todos os sintomas. Depois olhava em que linha tinha mais X's e ali estava a doença. Era pá - terra, num errava uma. Entrava em outra tabela e lá estava a medicação para ser feita para cada doença. Tinha até receituário. Salvei muito bezerro puro de pneumonia, curso negro, etc. Nunca operei, pois era "clínico" e não "cirurgião", mas mesmo assim aprendi a descornar gado erado e a queimar os chifrinhos dos bezerros que nasciam, tanto no ferro quente como com pasta química.
Em compensação muitas das coisas aprendi da pior maneira, dando a cara a tapa. Outro dia peguei minha agenda de 1987 e fiquei bestificado com a quantidade de idiotices que estavam escritas nela. A pior foi o lembrete de comprar sementes de cana para 5 hectares. Como todos sabem, a cana não tem sementes, e se alguém não sabe disso, pode ser tudo na vida, menos agricultor. De outra feita na saída do meu dentista, o Dr. Antonio de Arruda, por falar nisso foi ele quem me lembrou dessa historia, eu começando a mexer com o Rancho Alegre, ele colocou uma bananeira na minha pampa e me mandou plantar na fazenda, que era algo muito especial. Assim o fiz e passei o tempo todo vendo a bichinha crescer e logo atingiu três metros de altura, nunca vi nada crescer tão rápido assim, começou a aparecer o cacho, grande bonito e eu sempre olhando e perguntando se o Carmindo, meu capataz, estava cuidando dela. Um belo dia eu chego na fazenda e não vejo a bananeira. Assim que entrei na casa vi aquele mundo de cacho de bananas sobre a mesa e o Carmindo sentado no banco e começou nosso diálogo:
-e ai, tudo bem, o que houve com a minha bananeira?
-olha ai - ele apontou o cacho com o beiço.
-sei..., mas e a bananeira?
-cortei.
-o queeee? Você cortou a bananeira que meu amigo me deu! Com ordem de quem?
-mas patrão, olha ai o cacho.
-que cacho? Você vai me dizer que ela morreu parindo esse cacho? Como você cortou essa bananeira sem minha ordem?
Nessa altura do campeonato, o Carmindo já não sabia se ria ou se chorava. Já estava na dúvida se existia bananeira que dava dois cachos, um depois o outro, ou se eu que era tão burro e não sabia que bananeira deu cacho tem que cortar mesmo. Era a segunda opção, lógico. Quando ele me falou isso eu disfarcei e falei que eu sabia disso, mas tinha que esperar mais um pouco, as bananas tinham que encorpar mais e outras merdas. Na primeira ida a São Paulo comprei um livro de fruticultura que tem tudo quanto é arvore, como plantar, espaçamento mínimo entre elas, tipo de adubo e clima para cada espécie, e o que a gente pensar. Hoje fico pensando nesse tal de Google e vejo como minha vida teria sido muito mais fácil se tivesse ele naquela época. Mas fazer o que, além de dizer que "não foi fácil".
Na mesma semana por idéia do Tontonio e Ruiwaldo, nosso amigo e proprietário do "Leite Primavera", fomos todos para Lins fazer um curso intensivo de gado leiteiro. Em uma semana aprendemos tudo sobre alimentação das vacas, como produzir uma boa silagem, a relação ideal de proteína - energia que a ração devia ter. Na parte de sanidade animal, tudo sobre doenças infecto contagiosas e outras, como diagnosticar e qual o tratamento mais adequado. Nas horas de folga conhecíamos todos os restaurantes de Lins e onde tinham os melhores e mais gelados chops. Foi muito proveitoso e no final do curso comprei todos os livros sobre os assuntos abordados. Até hoje me lembro dos professores e na parte de alimentação era um tal de Vidal Faria e na veterinária um tal de Alexandre não sei o que. Depois de muitos anos fiquei sabendo que eram professores da Esalq e foram mestres de meus filhos. Mundo pequeno.
Mas depois disso comecei a tocar a leiteria, era engenheiro e tinha que dar uma de veterinário e acabei por misturar as duas coisas. Fiz uma tabela que nas linhas iam as doenças e nas colunas os sintomas. Media a temperatura e marcava um x se tinha febre; respiração ofegante, outro x; não tinha diarréia não marcava nada e assim ia em todos os sintomas. Depois olhava em que linha tinha mais X's e ali estava a doença. Era pá - terra, num errava uma. Entrava em outra tabela e lá estava a medicação para ser feita para cada doença. Tinha até receituário. Salvei muito bezerro puro de pneumonia, curso negro, etc. Nunca operei, pois era "clínico" e não "cirurgião", mas mesmo assim aprendi a descornar gado erado e a queimar os chifrinhos dos bezerros que nasciam, tanto no ferro quente como com pasta química.
Em compensação muitas das coisas aprendi da pior maneira, dando a cara a tapa. Outro dia peguei minha agenda de 1987 e fiquei bestificado com a quantidade de idiotices que estavam escritas nela. A pior foi o lembrete de comprar sementes de cana para 5 hectares. Como todos sabem, a cana não tem sementes, e se alguém não sabe disso, pode ser tudo na vida, menos agricultor. De outra feita na saída do meu dentista, o Dr. Antonio de Arruda, por falar nisso foi ele quem me lembrou dessa historia, eu começando a mexer com o Rancho Alegre, ele colocou uma bananeira na minha pampa e me mandou plantar na fazenda, que era algo muito especial. Assim o fiz e passei o tempo todo vendo a bichinha crescer e logo atingiu três metros de altura, nunca vi nada crescer tão rápido assim, começou a aparecer o cacho, grande bonito e eu sempre olhando e perguntando se o Carmindo, meu capataz, estava cuidando dela. Um belo dia eu chego na fazenda e não vejo a bananeira. Assim que entrei na casa vi aquele mundo de cacho de bananas sobre a mesa e o Carmindo sentado no banco e começou nosso diálogo:
-e ai, tudo bem, o que houve com a minha bananeira?
-olha ai - ele apontou o cacho com o beiço.
-sei..., mas e a bananeira?
-cortei.
-o queeee? Você cortou a bananeira que meu amigo me deu! Com ordem de quem?
-mas patrão, olha ai o cacho.
-que cacho? Você vai me dizer que ela morreu parindo esse cacho? Como você cortou essa bananeira sem minha ordem?
Nessa altura do campeonato, o Carmindo já não sabia se ria ou se chorava. Já estava na dúvida se existia bananeira que dava dois cachos, um depois o outro, ou se eu que era tão burro e não sabia que bananeira deu cacho tem que cortar mesmo. Era a segunda opção, lógico. Quando ele me falou isso eu disfarcei e falei que eu sabia disso, mas tinha que esperar mais um pouco, as bananas tinham que encorpar mais e outras merdas. Na primeira ida a São Paulo comprei um livro de fruticultura que tem tudo quanto é arvore, como plantar, espaçamento mínimo entre elas, tipo de adubo e clima para cada espécie, e o que a gente pensar. Hoje fico pensando nesse tal de Google e vejo como minha vida teria sido muito mais fácil se tivesse ele naquela época. Mas fazer o que, além de dizer que "não foi fácil".
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