segunda-feira, 4 de abril de 2011

Regina

Mamãe nunca gostou de cachorros e eu era louco para ter um. De tanto encher o saco, papai comprou ou ganhou de um amigo e me deu um filhote de basset. Na realidade era uma fêmea e eu, com 13 anos estava começando a namorar a Regina Ruas e para homenageá-la coloquei seu nome na minha cachorra. Ela não entendeu a homenagem e acabou com o namoro. Tem gente muito esquisita nesse mundo. Outro dia dei uma schnauser miniatura para meu netinho, o Antonio Pedro, e como ela tem pedigree e tudo, já veio com nome. Livia, minha nora, queria trocar o nome, pois tem uma amiga que se chama Tati e poderia de chatear. Quando disse que, caso acontecesse isso, bastava mostrar o registro, ou melhor ainda, dizer que adorou o nome pois o associou com uma coisa boa, ela não se convenceu muito, mas aceitou que não se pode mudar o que não se escolheu. Estava pensando agora em comprar um macho para dar de presente a ela e poder cruzar com a Tati e estou procurando nos canis de São Paulo e Rio. Ta muito difícil de achar, pois coloquei como condição que ele teria que se chamar Juca, que é o nome do marido da Tati e a homenagem ficaria completa e eu iria ver a reação a Livia.

Mas voltemos a Regina, a cachorra. Eu a achava super inteligente e que eu, como educador, que era ruim. Quando começou a urinar pela casa, me ensinaram que tinha que pega-lá e esfregar seu focinho no mijo e dar-lhe uma bronca que em dois tempos ela aprendia. E aprendeu e quando urinava e me via, sozinha esfregava a cara na urina. Para perder essa mania já demorou dez tempos. Mas fora isso ela era quase inteligente. Uma das maiores diversões nossas era ir caçar passarinhos com espingarda de ar comprimido. Queria treinar a Regina a ir pegar os pássaros abatidos e ela, loginho aprendeu. Só que ao invés de trazê-los, comia-os. Os amigos me tiravam o maior sarro, ou falavam que eu não dava de comer a cachorra, ou que ela aprendeu a transportar no estômago e não na boca e essa mania eu não tirei dela. O engraçado é que se eu saísse junto ela não ia. Punha na coleira e a levava de arrasto e quando chegávamos no passarinho morto, ela não pegava de jeito nenhum. Mas se atirasse e desse a ordem para que ela pegasse, se mandava sozinha, e comia com pena e tudo. No final da caçada, quando perguntavam como tinha ido, a resposta era sempre a mesma. Olhe a Regina. Se estiver de barriga cheia e “cagando” pena é porque foi boa.

Hoje, pensando bem, e depois de ter uma border collie que é realmente super inteligente, vejo que a Regina, a namorada, tinha razão de não se sentir lisonjeada com a homenagem. A Regina cachorra não era tão inteligente assim. Mas deixou saudades, as duas.

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