segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Luizinha do Cacete"

Tem coisas que não dá para entender nem com inteligência, nem com esforço – e não vou ser ateu de dizer que nem com a ajuda de todos os deuses. Fazem leis idiotas, e temos que escolher: ou ser idiota, ou não cumprir a lei. Decisão dificílima. Outro dia, uma hora da tarde, sol a pino com temperatura de mais de 50 graus, em Corumbá frita-se um ovo no capô do carro, só eu na rua e parado em um cruzamento no farol vermelho. Não passava ninguém na minha frente, nem de carro nem a pé. Comecei a me perguntar o que eu estava fazendo ali. Me sujeitando à burrice de alguém que achou que aquele cruzamento merecia um sinaleiro. Lembrei de meu curso de engenharia de tráfego, feito 40 anos atrás. Será que tinham mudado os princípios? Sinaleiro é para interromper o fluxo em um sentido e permitir o escoamento no outro. Moro aqui desde que nasci e nunca teve fluxo contínuo naquele cruzamento, hora nenhuma do dia.
Comecei a filosofar. O que era mais importante? Aquela "luizinha" vermelha na minha frente ou a minha capacidade de raciocínio, junto com o conhecimento das leis e da engenharia de tráfego? Dúvida do caralho. Quem foi o filho da puta que mandou instalar aquele sinaleiro ali? Bicho burro. Bastava uma rotatória, coisa inteligente, que não gasta energia nem para funcionar o farol (que é pouca), nem para fazer funcionar todos os carros que ficam ali parados esperando aquela merda vermelha virar verde sem passar ninguém na frente. Deviam suprimir o vermelho, deixar só o amarelo e verde. Amarelo: olhe bem e vai; verde: dê uma olhada rápida e vai. Estava nesse devaneio, já querendo ser prefeito, só para tirar todos os faróis de Corumbá e colocar rotatórias em todos os cruzamentos, quando a buzinada do cara de trás me deu um puta susto.
A "luizinha" tinha ficado verde. Desisti da candidatura e fui para casa almoçar.

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