Quando
me falaram que não existia nada que um magnum não parava, seja campeão de boxe
ou faixa preta de Karatê, comecei a fazer tiro ao alvo para posteriormente
tirar porte de arma e portar o magnum. De todo o treinamento, ficou um único
ensinamento: não aponte a arma para alguém se você não estiver disposto a
atirar. São procedimentos que devem se tornar automáticos, eliminando o tempo
de processamento. Sempre conversava sobre isso com Bea, e ela teve a
oportunidade, apesar de mulher, de colocar isso em prática. Os filhos estudavam
em São Paulo, eu estava na fazenda e ela, só com a cozinheira e sua filha de
colo. Quando ela ouviu esta última gritando desesperada, correu para a cozinha;
e quando saiu na área de serviço, deparou com a cena. A empregada com a filha
no colo longe da porta, e um negão trepado no muro entre ela e as duas. A casa
do lado, cujo muro fazia divisa, estava desabitada, e o ladrão, não encontrando
nada para roubar, resolveu pular o muro e entrar na nossa casa. Num primeiro
momento, para analisar o terreno, ele ficou em cima do muro. Não conhecia dona
Bea – que não vacilou, voltou para dentro, pegou meu revólver, um 38, cano de 6
polegadas e voltou para a cozinha.
Chegando lá e encontrando o artista ainda em cima do muro, falou:
Chegando lá e encontrando o artista ainda em cima do muro, falou:
– Desce daí, pois vai ser no três.
Como o cara não se mexeu, ela apontou o trêsoitão para o meio dos olhos do ladrão e falou:
– É um... É dois...
O cara não se mexeu, e nisso ela engatilhou a arma. Antes de falar o "é três", o bicho saltou de qualquer jeito de volta para a casa abandonada. Ele tinha certeza que ela ia atirar, e eu também.
Recolheu a empregada com a filha para dentro da casa, trancou a porra da cozinha e deixou o ladrão e a coragem do lado de fora. Estava tão nervosa que não conseguia desengatilhar a arma. Teve que chamar Pedro, seu irmão, para fazer isso e verificar se o cara tinha ido embora. Não só foi, como nunca mais voltou.
Como o cara não se mexeu, ela apontou o trêsoitão para o meio dos olhos do ladrão e falou:
– É um... É dois...
O cara não se mexeu, e nisso ela engatilhou a arma. Antes de falar o "é três", o bicho saltou de qualquer jeito de volta para a casa abandonada. Ele tinha certeza que ela ia atirar, e eu também.
Recolheu a empregada com a filha para dentro da casa, trancou a porra da cozinha e deixou o ladrão e a coragem do lado de fora. Estava tão nervosa que não conseguia desengatilhar a arma. Teve que chamar Pedro, seu irmão, para fazer isso e verificar se o cara tinha ido embora. Não só foi, como nunca mais voltou.
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