Acho
que era falha minha como "explicador", mas em compensação, o
argumento dela era o pior possível. Ela só repetia: "mas o PÁDUA não fala
isso. O mais pesado cai mais rápido." E eu não sabia que de que catso ela
estava falando. Conhecia Newton, Eisntein, Engler, Leibniz e outros, mas nenhum
Pádua. Estávamos discutindo quem caía mais rápido – em queda livre e no vácuo
–, se um navio ou uma pena. Não conseguia mostrar para Bea, minha noiva de 18
anos de idade, e às vésperas de nos casarmos, que no vácuo não entra a massa
dos objetos em queda livre. Quanto mais falava, mais ela me olhava estranho.
"Larga um navio e uma pena de cima de um prédio, e os dois chegam juntos
ao solo? Que coisa mais idiota!" Ela não prestava atenção ao fato de que a
aceleração da gravidade age igual em todos os corpos, e não tendo o ar para
segurar a pena e fazer com que ela caia fazendo ema, o espaço percorrido era
igual, a velocidade inicial era zero pros dois, e a aceleração, gravidade pros
dois, resultaria no mesmo tempo do percurso. A minha "ira" vinha com
o argumento: "O Pádua não ensinou assim". Resolvi perguntar quem era
a porra do Pádua, e a resposta quase acabou com o noivado:
"Meu professor particular, e está no terceiro ano de engenharia, bom pra caramba."
Eu era engenheiro – recém formado, tá certo, mas já pronto, não em fabricação. Era um dos melhores alunos da minha classe, e ela me falando de Pádua, de uma maneira que eu já estava me sentindo um idiota, pois nunca tinha nem ouvido falar em nenhum cientista, físico ou o que quer que seja com esse nome. O carinha era um professor particular mequetrefe, e ela não escutando eu falar de Isac Newton e outras feras, que agora até já esqueci, para convencê-la daquilo. Finalmente o amor venceu, e acabei a convencendo de que eu sabia mais física do que o Pádua.
"Meu professor particular, e está no terceiro ano de engenharia, bom pra caramba."
Eu era engenheiro – recém formado, tá certo, mas já pronto, não em fabricação. Era um dos melhores alunos da minha classe, e ela me falando de Pádua, de uma maneira que eu já estava me sentindo um idiota, pois nunca tinha nem ouvido falar em nenhum cientista, físico ou o que quer que seja com esse nome. O carinha era um professor particular mequetrefe, e ela não escutando eu falar de Isac Newton e outras feras, que agora até já esqueci, para convencê-la daquilo. Finalmente o amor venceu, e acabei a convencendo de que eu sabia mais física do que o Pádua.
Sempre
fui um cara convencido quando se trata de matemática e física, e tomei a minha
primeira fubecada com 50 anos ou mais – e o pior, de uma estudante de cursinho.
A minha afilhada, Maria Emilia, estava estudando equilíbrio de forças em corpos
em movimento, quando começamos uma discussão sobre forças atuantes em um carro
numa curva. Baixou o espírito do Pádua em mim, e entrei numa de força
centrífuga que não existia, e acabamos por apostar 1 contra 100 que ela estava
errada. Como burrice não tem idade, ela estava certa, e eu perdi. Ainda bem que
ela não deu uma de Tadeu e tripudiou em cima de mim; só ficou muito feliz com
seu carrinho novo, ganho na maior moleza. Na realidade, não: o carro foi ganho
com muito estudo, pois ela era uma ótima aluna e acabou entrando na faculdade
de psicologia; não gostou, e agora faz arquitetura e é fera na área. Muito
melhor do que o Pádua... e que eu também.