
Após os primeiros dois anos de sufoco, quando o dinheiro que era bem curto (a gente percebia a hora que ele estava acabando quando a sobremesa de frutas passava a gelatina) começou a sobrar, eu não sabia como investir. Aí me lembrei que tinha um cara, meu amigo, que não fazia outra coisa que não fosse olhar o futuro e prever o que aconteceria e resolvi buscar seus conselhos. Aprendi uma coisa que nunca mais esqueci e procurei usar a vida toda. A andar na contra mão. Ele me disse:
- Tadeu, futurologia é tora em pequenos casos. É mais fácil você saber como vai ser o próximo século para a industria pesada do que o campeão paulista de futebol desse ano. Mas procure fazer diferente de todo mundo, pois no caso de dinheiro, a massa é burra. Venda quando estão todos comprando, compre quando estão todos vendendo. Poupança deu um ótimo resultado, saia de lá e vá para onde o resultado foi pífio e assim por diante.
Ao longo da minha vida comprovei a tese do Barbi várias vezes. Lembro-me de um aniversario na casa de tio Patrão, quando um amigo falou que era um tremendo pé frio, pois tudo dava errado com ele. A poupança estava dando um bom resultado e ele aplicava todo seu dinheiro nela. Bastava entrar para o negócio cair. Perdia um monte de dinheiro e a moeda estrangeira subindo. Quando resolvia mudar a coisa invertia. Quando falei a ele que o problema era estar andando na mão certa ele disse que eu não tinha entendido nada e nem me deixou explicar a teoria Barbiana. Paciência, deve ter perdido dinheiro até morrer mas ainda sobrou algum para os descendentes continuarem sua teoria e torrarem tudo. Quando comecei a participar de leilões de gado em Corumbá foi a mesma coisa. Todo mundo queria boi e a vaca não valia nada. Comecei a comprar e engordar vacas. O preço de venda da arroba da vaca gorda era 10% menor que a do boi, mas o custo da arroba da vaca magra era 40% menor do que a do boi. Com o passar do tempo o pessoal começou a comprar vacas no leilão e inflacionou o preço. Comecei a comprar bois, aplicação simples da teoria Barbiana.
Com isso eu fico imaginando se aquela conversa há 35 anos atrás, num efeito borboleta, mudou o meu futuro. Gostaria de saber do Paulo Barbi, se está vivo, trabalhando com o que, e se tivesse oportunidade, falar a ele como foi importante aquela aula que ele me deu. Andar na contramão.
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