
Laura era estudiosa e vivia me colocando em fria com os professores. Virava e mexia ela brigava com eles e o argumento era sempre que eu tinha ensinado de outro jeito. O pior é que sempre ela estava certa. Desde cedo ela aprendeu os fundamentos da matemática e física e com isso tinha muita facilidade de aprender coisas novas. O Beto já era de estudar o mínimo, mas como o Bandeirantes fazia uma prova para seleção e ele tinha sido aprovado, ficamos mais ou menos tranqüilos. Era o ano do vestibular da Laura. Ela foi fazer cursinho no Anglo, e quis cursar o 3o. ano no Mater Dei, apesar dos conselhos de pegar um colégio mais fácil e se dedicar ao cursinho, ela quis fazer desse jeito e como teimosia chegou e parou ali, não perdemos tempo discutindo. Terminou o cientifico como uma das melhores da escola e se inscreveu para o vestibular da Poli, Unicamp e Mauá. Não teve jeito de convencê-la de fazer em outros, pois ou ia nessas ou ia pro cursinho de novo. Eu tinha uma experiência muito ruim com o meu vestibular na Poli, quando mesmo estando super preparado, na prova de física troquei os lugares das questões e não passei. Mas teimosia... Durante o cursinho, um dia ela estava super nervosa e para acalmá-la falei:
- Vou fazer uma promessa igual quando sua mãe ficou grávida e eu fiquei sem cortar o cabelo nem fazer a barba até você nascer, e tinha data limite para isso. Agora vou ficar até você entrar e tenho certeza que vai ser na primeira.

- Qual será o título para quem fez 69?
Não preciso dizer que a Laura entrou na Politécnica de São Paulo, conseguindo passar por onde eu tinha sido barrado à 24 anos atrás. A comemoração da entrada de Laura foi em Corumbá e a alegria foi dupla: vê-la cursando a melhor escola de engenharia do país e me livrar daquela barba monstruosa.
No ano seguinte, foram Daniel e Guilherme também para o Bandeirantes. Aí a casa ficou totalmente vazia. Voltamos ao início, só eu e Beá. Nós trabalhávamos e não podíamos ir sempre a São Paulo. A casa ficou muito triste. Vivíamos esperando as férias e apartando brigas por telefone. De lá Laura me ligava chorando e fazia eu putear as duas pestinhas por telefone, uma hora era porque tinha mexido nas coisas dela, outra porque não deixavam ela estudar quando levava as amigas em cada e a coiseira ia aos trancos e barrancos.
Já o Beto quando faltavam uns dois meses para terminar o 2o. ano, ele chegou em mim e falou:

Concordei e ele largou o Bandeirantes. Quando chegou as ferias e ele estava se preparando para ir para Corumbá eu dei a noticia à ele:
- Filho, ache alguma coisa útil para você fazer nas ferias, tipo um curso de piloto ou de computação. Férias é para quem trabalhou ou estudou muito e precisa de descanso, o que não foi seu caso. Ele se matriculou na escola de pilotos do Campo de Marte e estudou as férias todas em São Paulo, longe da gente. Só foi a Corumbá para as festas de fim de ano. Foi mais castigo pra gente. Ele voando, de castigo, e eu super apreensivo de não acontecer nada com ele ou não me perdoaria jamais. No ano seguinte foi seu vestibular. Queria fazer Agronomia e também, aprendeu com Laura, queria só a Esalq.
Eu muito ressabiado, pois como já dito, Laura estudava pacas, ele o mínimo. Mas ele enfiou a cara no Anglo, foi super bem e entrou na ESALQ. Estávamos indo muito bem. De 4 filhos já tinha dois na Usp. Já estava me convencendo que meus filhos eram feras, apesar da rateada do Beto no segundo ano. Mas aprendeu a voar e a estudar também. Faltavam o Faísca e Fumaça. Vou deixar para o Vestibular II.

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