Tia Dirce é irmã de papai, minha madrinha e tia preferida. Ela sempre foi muito ligada à Mamãe e acompanhou toda sua gravidez que foi super complicada, e quando nasci fui batizado por ela e pelo médico que fez o parto, o Dr. Eneas. Nasci coberto pela membrana que segura o liquido amniótico e a bunda primeiro. Papai sempre falava que eu era um cara de sorte porque tinha nascido empelicado e de cú pra lua. Assim que fiquei sabendo a origem do provérbio: "nasceu de fiófó pra lua".
Eu vivia na casa dela. Primeiro porque ela tinha um monte de filhos e o Dirceu era da minha idade, depois porque ela era super tranqüila e deixava a gente fazer de tudo. Esse costume começou cedo pois como vovô Marinho morou muito tempo com ela, o programa de papai era ir visitá-lo toda a noite com a família. Tio Vicente, marido dela, criava passarinhos e tinha um quintal super gostoso, cheio de arvores pra gente subir e um tanque de 2x3 onde tomávamos banho. A principal brincadeira era a guerra de mamonas. A arma era o estilingue, que na época chamávamos de funda, e a pelota era mamona verde. Além de não machucar muito deixava a impressão. Virava e mexia, o nego levava um pelotaço na testa, ficava aquele vermelhão sujo de verde, e ainda tentava negar com um "não acertou" ridículo, quase chorando de dor. Dividíamos a turma em duas, os bandidos e a polícia. Era um esconde-esconde misturado com pegador. O polícia tinha que achar o bandido e acertar o tiro, e tomar cuidado para não ser morto antes. Quem levasse um pelotaço de mamona ficava fora da brincadeira que acabava quando a polícia matasse todos os bandidos ou vice versa.
Numa dessas eu estava de bandido e resolvi me esconder dentro do tanque. Devia ter visto algum filme que o cara fazia isso. Peguei um talo de mamoeiro, afundei e fiquei respirando por aquele tubinho.

Ele nunca gostou de perder.
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