segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Márcio e Ju

Dr. Márcio é medico veterinário, especialista em melhoramento e o melhor na área, que eu conheço. Agora, é fanático. De um tanto que casou com uma médica veterinária também da área, só que de reprodução. Acho que foi a primeira condição que ele impôs para achar a companheira de sua vida. A segunda era que fosse mulher. Brincadeira, pois a Ju é muito linda e muito gente fina. O cara é de muita sorte. Mas estávamos juntos em casa num desses últimos domingos comendo uma picanha Sabor 10, quando e a conversa enveredou sobre eles encomendarem o primeiro filho. Eu, como um especialista no assunto, perguntei se eles sabiam como fazer para que viesse com o sexo desejado. Momentaneamente, tinha me esquecido de quem eram os dois. Meia hora depois de explicações de centrifugação, marcação e separação dos espermatozóides XX dos XY, complementados com estatísticas e probabilidades de dar certo ou não, eficácia dos métodos, média, desvio padrão e o escambau, que eu como engenheiro já não estava entendendo mais nada, disse:
- Pode parar, não tem nada disso não. Nada de inseminação com separação de espermatozóide. É na monta natural mesmo. É na ripa na chulipa. Foi aquele silêncio geral e a atenção foi redobrada.
Você, Márcio, só tem que fazer o seguinte, ficar em jejum por três dias e...
Ele me interrompeu e falou:
- Três dias, você tá com brincadeira.
Já ia elogiar o seu libido quando ele completou:
- Vou morrer de fome.
Aí que eu prestei atenção no meu velho amigo Márcio e percebi que ele devia estar uns 15 kg acima do peso e, depois de muita risada e gozação, completei:
- Jejum sexual Márcio. Três dias sem sexxxo. Pode comer de tudo.
Ele completou;
- Menos a Ju. Entendi.
Depois de muitas risadas, dei a dica a ele. A coisa dá tão certo que eu queria homens e consegui 3 para uma mulher e onze netos para duas netas. Vamos ver o que vai sair dali, mas se ele seguir o protocolo é tiro e queda.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Primeira vez

Eu tenho 10 netos e caminho para mais três simultâneos. Dois de uma barrigada só e outro escoteiro. Tive filhos gêmeos e agora netos. Sou um cara abençoado. Às vezes causo ciúmes falando muito do primeiro, o Rafael, mas é que o primeiro é diferente. Quem não se lembra do primeiro beijo. A Dalvinha, que morena ajeitada nos seus treze anos. Hoje, falando assim posso passar por pedófilo, mas na época era ela o papa anjo, pois eu tinha 11 anos. Primeira transa, Neusa, profissional de sexo, ou prostituta como preferirem. Primeiro banho de mar. Quando vi aquilo tudo de água pensei que nem um matuto aqui da nossa região, só que mais erado, que falou, "mas que baião besta, sô".

Mas voltando aos netos eles gostam demais das piadas que eu conto. Saímos juntos e o tempo todo é "conta uma aí, vô". A que ficou famosa foi com o Rafael. Acho que foi a primeira mais inteligente que ele entendeu. Ele devia estar com uns quatro para cinco anos e as anteriores eram piadas pastelão, daquelas de "pisou no coco", "caiu de bunda" e outras sem graceiras. Essa tinha história e era de português. Ele gostou tanto e começou a contar para todo mundo e o caso se deu na primeira dessas contadas. Estavam as mães, dele, minha e de Beá, mais umas visitas eradas também e o bispo da cidade. Ele sempre gostou de platéias, tanto que hoje é guitarrista em uma banda da escola, e cronner do conjunto.

Começou a piada, com todos achando bonitinho e foi, mais ou menos, assim:

-O Manoel, português né, amigo do Joaquim, (e ele já dava uma pausa para as risadinhas, pois eu já tinha explicado para ele esse negócio de todos os portugueses chamarem Manoel e Joaquim), foi aprender a pular de pára-quedas. Na aula explicaram para ele que ele pulava e o pára-quedas abriria automaticamente (se perdeu um pouco no automaticamente, mas continuou). Ele tinha que contar de um a dez e se não abrisse, ele puxava uma cordinha para abrir o de reserva. Quando chegasse ao solo, teria um jeep esperando ele. Lá foi o português para o seu primeiro salto. (Com a mãozinha ele decolou o avião). Pulou o Manoel. (Pulo coreografado, subiu no sofá e pulou e tinha sonoplastia, o barulho do vento) e contou de 1 a 10 e nada. Puxou a cordinha olhando para a cima e nada ainda. Aí ele olhou para baixo e disse:

- Tá tudo dando errado hoje. Falta só o filho da puta do jeep não estar me esperando.

Até estavam rindo, o bispo timidamente, quando Laura meteu o pé na jaca e falou:

- Papai, tinha que ter o "filho da puta"?

Foi quando todo mundo ficou sabendo que foi o avô que tinha contado a piada para ele. Tora, não?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quem é o surdo?

Jose Airton de Almeida trabalha com a gente faz mais de 12 anos. Começou como capataz e já beiradeando os 60 anos. É um cargo que exige duas coisas importantes, experiência e disposição. À medida que a idade vai passando aumenta uma e diminui a outra, até que atinge um ponto que a vontade não controla mais o corpo. Quando o Zé atingiu os 70 anos, foi ganhando peso até que ele não agüentava mais o cavalo e vice versa. Para completar a esposa ficou doente e ele não pode mais continuar na fazenda. Mas tinha ganhado minha confiança e feito um bom trabalho por onde passou. Veio para a cidade e começou a trabalhar na Marinho Engenharia. É o "Faz Tudo" da empresa. Comprador, acompanha os serviços da fabriqueta de pré moldados, resolve todos os problemas das casas de aluguel, etc. Mas esta ficando surdo o que, outro dia, proporcionou una cena muito engraçada. A Gerente da distribuidora de carnes ligou para ele para que providenciasse as ligações de água e luz do nosso novo escritório. Como o bicho tá surdinho começou um diálogo, que para mim que estava escutando só um dos lados, um monólogo, muito engraçado, mais ou menos assim:

-Bom dia, seu Zé, é a Morgana.

-....

-Morgana seu Zé. Tá escutando?

-....

-Tá escutando?

-.....

-SEU ZE, É A MORGANA, TÁ ESCUTANDO?

Resolvi interferir e falei:

- Acho que um de vocês dois está surdo. Ou ele não escuta ou responde e você não escuta. Empresta aqui.

- Oi Zé, é Tadeu. Tudo bom?.

- Tudo. Achei que era o Tadeu.

Desisti e devolvi o telefone para ela que continuou com o ESTÁ ESCUTANDO. Não tinha jeito.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Negão

Já falei dele aqui neste blog. Foi o cara que me socorreu quando perdi a ponta do dedo na fazenda Santa Gertrudes. É o Everaldo Militão, Negao para os mais íntimos, mas só para os muito íntimos mesmo. Era o eletricista da firma e hoje continua fazendo trabalho para nós, mas de forma terceirizada. É um cara por demais espirituoso. As piadas que ele mais gosta de contar são as de negro. Quando faz alguma besteira e você chama atenção dele, a resposta é sempre a mesma: - Mas também, o que você queria? Veja a minha cor.
Uma das suas foi quando estávamos na fazenda Angico reformando um reservatório de água e pintando a parede de neutrol, que é uma tinta preta a base de pixe. Quando quis ajudar ele falou:
- Você vai se sujar que nem eu, com a diferença que em você vai aparecer.
Mas vamos ao acontecido. Todos os anos tem a quermesse da Apae aqui em Corumbá, e já se tornou uma das festas mais bonitas da região, onde a população mostra a sua solidariedade, se diverte e come com a festa. No jardim da cidade são montadas mais de 20 barracas de madeiras cobertas com lona, onde são vendidos todos os tipos de comida, uma mais gostosa que a outra. A Ema era responsável pela montagem das barracas, de um barracão central, onde as pessoas poderiam se sentar para comer e por toda a instalação elétrica e Bea, como coordenadora dessa montagem, levava um lote de pessoas com ela, inclusive o Negão. A prefeitura sempre ajudava com a mão de obra não especializada e mandava um chefe para coordenar esse pessoal, e era um sujeito com uma aparência meio engraçada. Tinha as pernas curtas, ombro estreito, barrigudinho e andava com o pé virado para a fora. Como tinha o nome meio complicado, já pregaram um apelido nele e em pouco tempo ninguém o tratava mais pelo nome, era só de Ganso.Não dava para saber se ele gostava ou não do apelido, pois não falava nada, mas atendia a qualquer chamado pelo mesmo. Ao mesmo tempo, todos os íntimos do Everaldo só o tratavam por Negao, e o Ganso não fazia parte desse grupo. Lá pelas tantas o Ganso vai e fala:
- Negão, venha até aqui.
Como todos escutaram ao chamado do ganso e sabiam o quanto o Negão era gozador, como que combinado, todos pararam de trabalhar e olharam para o Negão. Ele percebendo o clima fala:
- Vem cá, eu te conheço? Você não sabe que esse termo é pejorativo e cabe até um processo por descriminação. Eu tenho nome e você não pode me chamar pela minha cor. Eu achava que era moreninho e você falando isso pode até me traumatizar - falou isso muito sério e parece que quanto mais preto ele ficava mais branco ficava o ganso. O bicho mexia os lábios e não saía som nenhum. Todos rachando o bico e já com dó do ganso, quando o Negao completou, já não agüentando e começando a rir:
- E aí, vai ficar aí parado sem GRASNAR nada.
Só aí que ele percebeu que era gozação, mas depois disso, acho que só por garantia, ele só tratou o Negão de "Seu Everaldo Militão".

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Carta aberta a Bruno Jose Patrussi

A Síndrome de Estocolmo explica meus sentimentos. Para os poucos que não sabem, é quando o seqüestrado se apaixona pelo seu seqüestrador. Fiquei tão ansioso esperando a resposta ao "O Crítico" que desenvolvi a síndrome e acabei gostando do Bruno José Patrussi (não vou usar o termo apaixonar pois posso ser mal interpretado). Quase que de hora em hora eu consultava o blog para ver se ele tinha lido e qual tinha sido a sua resposta. Como o leite sempre ferve quando quem estava prestando a maior atenção se descuida, quem me avisou que chegou seu comentário foi a Bea. Coração acelerado, já pensando em um monte de respostas, conforme a crítica, parei tudo que estava fazendo e fui para o blog. Caí do cavalo. Ele mostrou ser uma pessoa gentil e generosa, diferente de mim, que fiquei ofendido profundamente por ser chamado de chato. Gentil por dizer que concorda com alguns dos meus argumentos do Crítico, coisa que não acreditei muito, e generosa por dizer que tenho razão em achá-lo chato. Felizmente, é uma das coisas que a gente faz errado mas tem tempo de reparar. Queria vir a público, meu público, para dizer que não te acho mais chato não.

Forte abraço, Tadeu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Meu General

Devia ter 18 anos quando pegamos o trem em Corumbá. Era época do governo militar e o país estava quase em uma guerra civil. Os comunistas querendo dominar o governo assaltando bancos para financiar seu intento e o governo prendendo todos os suspeitos e, até os não muitos. A coisa não estava nada bonita. Eu, com aquela idade, meio comunista e papai, 37 anos mais velho, inteiramente governista. Nós dois viajando sozinhos, aquela era a discussão do momento. Ele ia até São Paulo comigo para me ajudar a levar o carro e voltava de avião. Ele era tarado por viajar de carro e até isso ele fazia. Pegávamos o trem até Campo Grande e de lá seguíamos de fusca para São Paulo. Embarcávamos antes da janta e comíamos no vagão restaurante do trem que era muito bom e fazia um bife a cavalo famoso. Quando fomos para o restaurante o mesmo estava lotado e tinha uma mesa reservada. Papai não percebeu e sentou nela. Quando o garçom pediu que ele saísse, ele se dirigiu a mim, em tom sério e disse:
- Sargento, você esqueceu de reservar a minha mesa?
Como estávamos na conversa que os militares que mandavam no país e na época eu era inteligente e pegava as coisas no ar, respondi:
- Meu General, o erro deve ser da NOB, pois ao pegar as passagens avisei ao chefe da estação que o senhor jantaria aqui e exatamente (consultei meu relógio) às 19:20h.
- Muito bem, sargento. Virando para o garçom ele pediu que chamasse o responsável.
Ao invés disso o garçom puxou a cadeira novamente para ele que já estava de pé e já entregou o cardápio. Sentamos e comemos, não sem um certo receio da mesa estar reservada para um general de verdade.
Acho que foi uma das únicas vezes que vi papai fazer uma coisa duvidosa, se passando por outra pessoa. Lembro ainda da conversa, ele querendo saber as patentes da marinha pois esperava que eu o chamasse de Almirante ou Capitão de Fragata, que nem o Holanda, seu amigo. Ele se achava mais parecido com um do que com um general. Mas com o "sargento" eu me lembrei de exercito e já toquei a patente mais alta que conhecia. E depois deu certo, não deu?